quinta-feira, dezembro 11, 2003

Relia um post que escrevi há dias e, de repente, reconheço numa frase que escrevi alguma coisa de familiar, não ao quem em mim escreve, mas ao quem em mim lê...
Era a frase "que, de uma forma surda e clandestina, perduram em mim os seus gestos, talvez os seus gostos e os seus espantos." - "post" de 9 de Dezembro.
Veio o calafrio e depois a luz: parafraseia versos do divino Borges, no soneto que dedica aos seus antepassados portugueses.
É dele.
Involuntário embora o roubo - hesito no termo, já que roubar a Borges, está muito acima das minhas capacidades, mesmo que, num extremo de ambição e loucura, o quisera - apresento as minhas desculpas aos meus leitores.
Mejor así.

Eis o soneto de Jorge Luís Borges

Los Borges

Nada o muy poco sé de mis mayores
portugueses, los Borges: vaga gente
que prosigue en mi carne, oscuramente,
sus hábitos, rigores y temores.

Tenues como si nunca hubieran sido
y ajenos a los trámites del arte,
indescifrablemente forman parte
del tiempo, de la tierra y del olvido.

Mejor así. Cumplida la faena,
son Portugal, son la famosa gente
que forzó las murallas del Oriente

y se dio al mar y al otro mar de arena.
Son el rey que en el místico desierto
se perdió y el que jura que no ha muerto.



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