segunda-feira, agosto 28, 2006

Mas é isso que vou ler na viagem: Chestov sobre Kierkegaard. E depois, chegado, mergulhar nos vitorianos. Depois da visão da Virgem com crianças de Cranach. Sim, e também aqui.

sábado, agosto 26, 2006

Este datar minucioso que as inovações electrónicas permitem torna-se, para quem não navega nas rotas felizes dos melhores dos mundos, um motivo de certeira humilhação. Assim, sei com todo o rigor, o último dia em que ri com gosto e motivo (já que muitas vezes rio, frouxamente, a despropósito): foi a 7 de Agosto. E sei a hora: 17, 27 hora europeia central de verão. Está na fotografia. Na fotografia que tentava, com seriedadezinha, quando ela (yes, há uma agradável ela nesta petite histoire), quando ela (aproveitemos... ), - por achar muito séria ou ridicule a postura? Impossivel saber, hélas! - me pregou um tremendo susto, com um "BUUUU" si charmant, si délicieux... e ambos rimos, rimos de gargalhada, rimos com rapidez e gosto.
7 de Agosto! Ao tempo que foi! Hunft!
Entre procuras na net, folheares de livros, dissipares de dúvidas sobre se era mesmo frio depois de jantar, alguns espilros esclarecedores e alguns olhares à televisão se passou a noite. Já outonal, ou quase.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Voltei, como se volta das deambulações que a mais elementar prudência deveria ter bastado para evitar: alquebrado e sorumbático.

Oiço, com música de Finzi, o

Our birth is but a sleep and a forgetting:
The Soul that rises with us, our life's Star,
Hath had elsewhere its setting,
And cometh from afar:
Not in entire forgetfulness,
And not in utter nakedness,
But trailing clouds of glory do we come
From God, who is our home:
Heaven lies about us in our infancy!
Shades of the prison-house begin to close
Upon the growing Boy,
But He beholds the light, and whence it flows,
He sees it in his joy;
The Youth, who daily farther from the east
Must travel, still is Nature's Priest,
And by the vision splendid
Is on his way attended;
At length the Man perceives it die away,
And fade into the light of common day.

da Intimations of Immortality de Wordsworth

quinta-feira, agosto 24, 2006

Intermezzo II

"Plutão perde estatuto e sistema solar fica com oito planetas
A Assembleia-geral da União Astronómica Internacional (IAU) decidiu esta quinta-feira, em Praga, retirar a Plutão o seu estatuto de planeta, passando assim a oito o número oficial de planetas do sistema solar."

Agora foi Plutão... Para o Impensável, Plutão será sempre um digno e querido planeta, nada menos do que isso.

domingo, agosto 13, 2006

Intermezzo
Da capital do reino aqui foram oito horas calmas. As estações, algumas de duvidosa existência, eram antecedidas por alocuções, embora breves, não severamente lacónicas: poderiam ser aforismos, máximas morais, enunciações de problemas de filosofia política, falas de personagens de Bergman, enunciações ontológicas que as paragens do combóio apenas ilustravam. Acabei o ensaio sobre Fichte, de Berlin, dormitei e vi a paisagem que daria gosto a qualquer amador da natureza: "olha a frágua, olha o rio, olha a ravina, o lago, o penedo, a cascata, olha, olha!"

sábado, agosto 05, 2006


Esperemos, então, pelo Outono ou, sem ambições apressadas, por Setembro.
O vôo sobre os trigais é de 1891, de Harald Slott-Moller
Há bocadinho quis enviar uma sms de parabéns (o telefone não respondia) e não consegui. Percebi depois porquê: estavam todos a combinar tudo, ou quase, os programas desta noite. Resolutamente, estou sem sombra de que fazer senão estar aqui a ver de paisagens longínquas onde lave os neurónios e depois os possa pôr a corar a um sol pálido e incerto, para ganho das cores

sexta-feira, agosto 04, 2006

Uma borboleta gorda e, julgo, com ambições literárias de metáfora, busca um fim em volta do quebra-luz do candeeiro, que transformou numa espécie de poço da morte do avesso; voa atraída pelas luzes com uma ferocidade trepidante e barulhenta. Para ser mais preciso, com a veemência de que só as criaturas das letras são capazes no cumprimento de uma figura de estilo, mesmo da mais gasta. E eu, que pesquisava as minhas férias da net (deviam ter sido programadas há mais de dois meses, declarava um profissional do lazer), ao incómodo de antecipar sofrimentos de caminhadas de hotel em hotel a subornar recepcionistas para conseguir dormida em enxovias caras, tive de acrescentar o de inclinar-me para me proteger de uma colisão trágica com o insecto que me vazasse uma ou as duas, sim, as duas, vistas que esta é época de dramas pequenos e burgueses e todo o cuidado é, como se sabe, pouco.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Sonhei, num sono de tarde de estio, passear por chãos cobertos de carumas distantes, atentas e pensativas, diferentes das carumas felizes que Ruben A. - cito de memória - conhecia do Minho. Entre as sagas e as albas.

terça-feira, agosto 01, 2006

Malas abertas, as roupas que eram para ir espalhadas por cabides e costas de cadeiras, outras em cima das camas, papel de seda, azáfamas e agitações - contidamente alegres e tão desnecessárias, afinal - as coisas de praia (toalhas, roupões, chapéus...) as coisas de viagem.
Era assim, e que saudades tão grandes de tudo.