quarta-feira, março 31, 2004

Um pouco de actividade furiosa e vingativa e parece-me que está menos ofensivo.
Vou procurar "templates".
Estava farto do "template", quis experimentar outros e o estafermo do site ou o que isto é, que às vezes é um castigo para fazer qualquer coisa, obedeceu logo à ordem, a errada, aselha ordem.
Fiquei sem os meus "links" (hoje, que os tinha actualizado...) e terei de andar em busca dos contadores e de passwords que nunca anoto, etc...)
Fiquei com esta medonhez gráfica (o outro era feio, mas mais discreto) que terei de ir aperfeiçoando até estar legível...
Tempo desagradável, este, de vendavais e cinzentos gastos. Leio e oiço música na happy hour. Ainda antes de jantar andei à procura de qualquer coisa alegre para "postar" aqui, é uma incompetência, este blog, semi abandoando e tristonho, mas perdeu-se o Matisse que tinha escolhido e voltar a repetir tudo, superou o meu enfraquecido querer. Não sei porque, mas anseio por Junho, por um Junho normal, sem canículas, época em que gosto de reler a Ilustre Casa e meditar sobre o forte fado e a acção que nos pode libertar dele.
Mas estamos longe de Junho... as bétulas em frente ainda estão sem folhas, invernais e tristonhas.

segunda-feira, março 29, 2004

Após um fim-de-semana agradável (em casa) vem, com a Segunda-Feira, a primeira notícia desagradável: na Irlanda uma nova lei proíbe que se fume em locais públicos. Presumo que, também, nos Pubs... Desalentei, de início, confesso, mas depois, reflecti e, das duas uma: ou a lei foi forjada durante um "irish awake" ou é fruto da proverbial ironia irlandesa.
Marquei já, mentalmente, uma verificação "in loco" sobre o cumprimento da legislação. Se não se limitar a dar azo a boas gargalhadas irlandesas entre nuvens de fumo e inspiração poética, perco um pouco mais da minha fé na humanidade.

sexta-feira, março 26, 2004


SILENCE

Au-dessus des forêts scintille, blême,

La lune qui nous fait rêver,

Le saule au bord de l'étang sombre

Pleure sans bruit dans la nuit.

Un coeur s'éteint - et doucement

Les brouillards affluent et montent -

Silence, silence!

Georg Trakl
(1887-1914)


quinta-feira, março 25, 2004

Leio isto e desta colecção de sensatas evidências retenho o "Mesmo em Eça". A que vem este "mesmo"? Eça não apenas escreveu o magnífico texto a que Pacheco Pereira se refere - e que, salvo erro, se chama "No mesmo Hotel" - como outros dedicados ao terrorismo anarquista. "Mesmo" porquê?
Links
"Linkaram" o Impensavel, o "Extractos do Estrago da Nação", o "Reportagens Ambientais", os dois primeiros de Pedro de Almeida Vieira, o "Galo Verde" e o "XX-XY"
O Impensável a todos agradece.

Links

quarta-feira, março 24, 2004

Nos dois últimos post aconselhava - num deles com veemência - a leitura de livros. É uma forma de jactância, a actividade aconselhatória, seja ela embora branda e, por isso, a evitar. Enquanto espero os livros da Gallimard, leio agora - profíqua, esta Primavera - "Isabel, Condessa de Rio Maior", apresentação, biografia e notas de Maria Filomena Mónica. Como não há duas sem três, aconselho, também.

Ontem à noite, levado pelos furores primaveris de desatulhar de papel velho estantes, cadeiras e gavetas, preparava-me para deitar fora uma edição especial do BOA nº 29 - que é o Boletim da Ordem dos Advogados - julgando tratar-se de publicidade (uma publicidade tenebrosa, "topo de gama"), quando descobri a transcrição de uma comunicação do Prof. Fernando Gil sobre o Mal. Também recomendaria, se não fossem recomendações a mais.


domingo, março 21, 2004

Ocupação de Domingo: encomendar, pela net, nestes tempos de astenia ocidental, os poemas de Trakl, da Gallimard. Li-os mal, há tempos, o livro não era meu e quero reler.
Aconselho.

quinta-feira, março 18, 2004

Tinha, por um mero acaso, visto a entrevista que o Prof. Fernando Gil concedeu a Maria João Avillez acerca do “Impasses”, livro de que é co-autor.
Via-a, no entanto, sem lhe poder prestar atenção e as condições da emissão eram péssimas. Tomei nota mental para comprar a obra.
Entrevistadora e entrevistado estranharam o silêncio de que a saída do livro foi rodeada. Mais tarde, Pacheco Pereira recomendava a leitura do livro e estranhava, também ele, a falta de reacções.
Hoje, lido o “Impasses”, percebo que o espanto é retórico.
Quem lhe poderia responder? E o quê?
Leiam – aconselho veementemente - e digam se não tenho razão.

quarta-feira, março 17, 2004

Ontem, e depois de quase um mês acoitado no puro pânico de viver este fim de inverno, voltei a Lisboa.
Os comboios para Lisboa, outrora definidores de tempos e modos (a propos, preciso comprar a antologia) mesmo de destinos, postmodernizaram-se e a gente vê-se em palpos de aranha para sacudir a impressão de um viajar sem sentido num mundo que se "suburbizou", que se viaja entre arrebaldes de um impossível destino em carruagens que imitam as de um metro de inexistentes metrópoles. Felizmente, a lezíria está lá fora - existe, por isso, o "lá fora" - e recupera-se o pé.
E as conversas, as conversas destes combóios uniclassistas, também se busque nelas algum alívio: ontem, era sobre a obra social de um activo pároco que discorriam os meus vizinhos de lugar. O tom das observações tinha de algum Júlio Dinis e da retórica oficial que, presumo, seja de praxe em inaugurações dos fontanários ou das "acessibilidades" de agora, rotundas, maioritariamente.
Chegado à Repartição - ia para uma repartição, e em trabalho - um calor imenso, atribuía um significado novo à expressão inferno burocrático. Lá de mais à frente na fila expectante, vem ter comigo a irmã de uma velha amiga e a espera - no meu caso, uma espera vã: era no andar de cima, onde não havia espera, o meu "guichet" - a espera, escrevia, passou-se entre o falar-se de amigos comuns a alguns aspectos mais herméticos das exigências e ingratidões dos caseiros do Douro. Detectado o erro - que acabei por não lamentar - despedimo-nos até à praia, ambos sem a certeza de irmos lá, este ano.
Não consegui tratar de nada: o novo diploma legal é recente, os funcionários não tiveram qualquer formação, obtive a promessa de que amanhã, estudado hoje, por ambos, o problema, se faria nova tentativa.
E com isto, ao meio dia já nada tinha que fazer senão esperar até à hora do combóio.
Levado, talvez, pela noção de que a questão administrativa não seria de difícil resolução - ou pelo calor - resolvi ver de almoço. Não estando em Lisboa a única pessoa com quem me gostaria de almoçar, decidi-me por um "snack" breve e resolvi dedicar-me a uma apreciação de como estava de "coisas de verão". Estava mal, feito de memória o inventário. Parti para as lojas e, devo confessar, as horas seguintes foram de prodigalidade.
Voltei no combóio da tarde, não "o da tarde" habitual, mas num outro, que me fascina por supor sempre que não existe, por julgar que, a viagem da tarde é o sonho breve, ainda a caminho de Lisboa, com o regresso a casa, num combóio de horario inverosímil que é aquele.
Em casa, verifico a bondade das compras, penalizo-me perante os absurdos, folheio os livros que comprei, releio mais uma vez as etiquetas, as instruções de lavagem, suspiro de desgosto, conforto e tédio e às dez da noite, ansioso por um sono lustral, deito-me e adormeço.



segunda-feira, março 08, 2004

Há dois ou três anos que, por estas alturas, finjo pensar a sério ir nas férias grandes para uma daquelas praias bretãs ou normandas que Eça escolhia para as férias da sua Família. Este ano, tomado de ambição, finjo que poderia, além disso, visitar algumas ilhas do Canal, ou mesmo a costa sul inglesa.
Porém, a solução mais sensata e que a inércia - deusa poderosa e salvífica a quem dedico um culto estreme - dita é ficar aqui, na cidadezinha semi-desértica, cultivando o passeio higiénico do depois do jantar das noites de verão, povoado de vozes ao longe de casais de reformados que relatam as peripécias serenas da primeira quinzena ou dos entusiasmos dos adolescentes que estiveram "lá em baixo" - presumo que no Algarve - e ainda vão sair outra vez (vão sempre sair outra vez). Mentem eles um pouco - mais para não desiludir os circunstantes do que por vã glória - e minto eu no fingir ouvi-los desatento às geografias recônditas que contam, no não ser um resignado cartógrafo delas.

quinta-feira, março 04, 2004


A "magnetic landscape" de Sigmar Polke
(do Mark Harden's Artchive)
de uma Quinta-Feira de Quaresma.

terça-feira, março 02, 2004

Noite passada dedicada a leituras. Comecei pelo TLS onde li o artigo de Georges Steiner sobre o livro de Pierre Bouretz "Témoins du Futur - Philosophie et messianisme" - que aconselho. Deixo um link-recado para o Rua da Judiaria. Depois de ter lido o artigo, passei os olhos pelo último livro do Comte-Sponville "Le capitalisme est-il moral?" - cedo demais para fazer um juízo, mas fez-me reler partes do Esplendor da Verdade.
Acabei, já tarde, a ler Mme. de Sévigné na única edição que possuo - uma velhinha "Sá da Costa" traduzida por Vitorino Nemésio.
Tenho de mudar de lote de café "aprês dîner"...