sexta-feira, junho 30, 2006

quinta-feira, junho 29, 2006

Os meus "favoritos" desorganizaram-se, melhor, organizaram-se alfabeticamente ao invés de cronologicamente, como até agora estavam. Perdi metade do meu mundo e, principalmente, os meus preciosos links finlandeses, que lá estão agora por "assunto" - desconhecido - e que não encontro, por mais que tente *. Idem para os da Frisia (encontrei apenas este que atribuo ao sono da altura).
Apesar de não parecer, estou apaticamente furioso.

* Não, não estavam arrumados nas "pastas próprias" e com o nome do respectivo"assunto" "Links da Finlândia" ou "Alojamento em Tornio"... Estavam "a granel".
Inquietude? Ponha-se-lhe motivos náuticos, muito azul, areia, mar, talvez um farol e logo o tormento se desfaz, a desdita cessa, sossega e se aquieta o bloguista.

"...............................................
- Que queres tu, meu gajeiro,
Que alvíçaras te hei-de dar?
"Capitão, quero a tua alma
Para comigo a levar".
- Renego de ti, demônio,
Que me estavas a atentar!
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.
........................................."

Nau Catrineta

segunda-feira, junho 26, 2006

Confidenciou-me a minha fiel empregada Felisbela que de vez em quando pensava na família Sampaio. Como estariam a senhora, o sr. presidente, os meninos? Isto ainda há poucos dias. Lá a sosseguei, "pas de nouvelles, bonnes nouvelles". Mas hoje, lido o Diário da República pude dar-lhe notícias frescas: a menina Verinha, disse-lhe, já tem emprego, Felisbela, é adjunta do Senhor Ministro da Presidência, desde Abril, vem hoje a nomeação. "Ah - disse ela - ainda bem. No Ministério da Presidência? Aquilo foi pelo paizinho ter sido presidente". E eu: deve ter sido, Felisbela, deve ter sido. E ia acrescentar que lá fora isto seria um escândalo, quando me lembrei que os choques emocionais da Felisbela acabam sempre por se repercutir cruel e vivamente nos meus pobres palato e estômago (nem sempre por esta ordem) e calei-me, que isto, em questões de gamela, não brinco.
Ah, aqui entre nós, o pormenor terno: a nomeaçãozinha foi publicada com efeitos retroactivos. Estou em crer que o Sr. Dr. Sampaio até foi capaz de se ter emocionado com essa atençãozinha, sabe-se lá se até chorou! Se eu, que nem conheço a Verinha, tive vontade de chorar...

sexta-feira, junho 23, 2006

Às onze e meia estava livre e resolvi apanhar um táxi e passar pelo «hiper», antes de voltar. À entrada, depois de pagar - como os americanos, já fora do táxi - ouvi um "pstpst, ó senhor" e lá estavam as duas, bem dispostas e sorridentes. Fingiam-se escandalizadas com o meu overdress - que consistia, afinal, num lenço no bolso do casaco - e para me envergonharem, diziam, tinham tirado fotografias com o telemóvel, para enviarem ao geral dos amigos. Defendi-me mostrando o traje de trabalho, enrolado debaixo do braço. Lá sossegaram... e entre risos perguntamo-nos pelas maleitas, que estão em altura sim, e despedimo-nos com os "apareça" habituais. Já na secção do leite, percebi quão agradável aquele encontro, risonho, amigo. A alquimia da felicidade de que falava o Rimbaud é isto. E se acham "isto" o meu momento "Caras Verão" não me importo. Nada melhor que gente bem humorada. Prontos.
Ouvi o primeiro-ministro falar sobre a situação em Timor e pasmei: sei que não é fácil dizer seja o que seja, dada a gravidade e melindre da situação, mas tantos lugares comuns, tanta vacuídade, tanto Sir Humphrey de terceira categoria não seria possível evitar?

quinta-feira, junho 22, 2006

A actividade económica descresce, as perspectivas são o que são, mas os empréstimos para a compra de casa aumentam. Quando li a notícia senti-me verdadeiramente assustado: esta gente enlouqueceu, perdeu a noção das coisas e a voracidade é tanta que quando tiverem consumido todo o cimento disponível irão cravar o dente aguçado no incauto mais próximo. Sim, será o canibalismo.

quarta-feira, junho 21, 2006

Dos charmes do reino britânico às desgraças da república portuguesa: o custo do trabalho aumentou 4 e tal % este ano e a actividade económica teve uma ligeira queda. Quando o crescimento devia estar nos 3 ou 4%... Enfim...
A coisa em si, a pobreza pátria, nao teria qualquer mal não fora a mania da grandeza desta classe média que a 3ª república gerou. Se voltasse a velha moda da pobreza e do low profile e dos jantares em tascas a condizerem já a coisa se remediava. Era como observava o Beckford sobre nós: não há grandes fortunas, dizia, mas como não há amantes caras, nem corridas de cavalos, nem nada do que faz a vida cara nas outras capitais, vivem as pessoas passavelmente.

Yes, is Ascot Day.
E Ascot, meus caros, é uma instituição louvável e rara: aristocrática e, por isso, alegre e bem-humorada, sorrindo com bonomia e wit de si própria, coloca-se, pelo extremo excesso, na categoria raríssima das coisas improváveis e impossíveis em que a Rainha Branca acreditava - e com razão - ainda antes do pequeno-almoço.

terça-feira, junho 20, 2006

Arrumações. Num dos livros a guardar no equivalente aos "Reservados" de uma qualquer biblioteca antiga, receitas de rissols ou, aportuguesando como o faziam naquela época, rissoles. No fim do século dezanove, o rissol, estou em crer, ainda era uma inovação em Portugal, ou se não já uma novidade, conservava-se longe do vulgo. O pobre rissol não descera ainda a longa escada da degradação, de que se imaginava, porventura, a salvo, quando, novinho, participava em piqueniques alegres, em grandes cestos ingleses sobre plaids de boa lã. Mal ele sabia, o pobre, que, estava condenado, a participar na prostituição da sanduíche em snack-tascas país fora depois de uma arrastada existência por festejos pobretes e nem ao menos alegretes. Não foi venturosa a história do pobre rissol, que quando pequeno eu cheguei a conhecer, conservando ainda um subtil laivo de estrangeirismo e de recheio muito cremoso e amarelo, feliz de salsa e limão.
Pobre rissol, pobres rissoles...

segunda-feira, junho 19, 2006

Insónias e ceias: ceio sentado à mesa na casa de jantar e acabo com doce e fruta. Agora mesmo. A noite tenho-a passado em indagações sobre a abnegação, suas condições (o direito de, a legitimidade de negar) e onde acaba aquela e começa a condescendência, ou melhor, onde começa o desprezo sereno (no Tio Vânia, por exemplo).

sábado, junho 17, 2006

A sonata de Franck para este M. Proust que revisitei agora em Junho, como as "Quatro Estações" para os Miseráveis, há tantos anos.

sexta-feira, junho 16, 2006

"Le 20 juin, à Drouot, va être dispersée la collection de Pierre Berès, nonagénaire alerte et discret qu'admirateurs et détracteurs s'accordent à présenter comme «le plus grand libraire du monde»".

Que há? Stendhal comentado pelo punho de Proust, ou provas suas revistas por aquele M. Beyle "sur les avis de monsieur de Balzac" e muito mais. Leiam.
Creio que os autores destes blogs (1 e 2) estarão na assistência, disfarçados de classe média baixa portuguesa a águas.

quinta-feira, junho 15, 2006

Num passeio calmo e alfabético passei pelo Abrupto e li o post sobre o Francis. Só falta a conclusão: não foi apenas a preguiça que os brasileiros importaram de Goa. Daqui levaram eles o cepticismo, cinismo esquizofrénico e provincianismo - que lá brotaram tropicalmente, com violência e desmesura - como é bem visível até nos melhores deles, como Francis, sem dúvida, foi.
"Portugal conta pouco para se falar do Brasil"? Não creio. Tem que se levar em conta o imenso esforço omissivo, bojudo como uma bilha minhota, que atravanca a mente daquela gente de coisas não ditas nem escritas, numa omissão pesada e perversa que tem a exuberância - diria o estigma - de um toucado de Carmen Miranda. E no que vem ao de cima sobre Portugal, nota-se um asco seco e duro (a par com um respeito que atinge o respeitinho reverente por algumas instituições daqui - a Universidade de Coimbra, por exemplo - que se descobre radicar fundo, tal qual a devoção camponese que é) um asco rude e ressentido, dizia, e tão luso, afinal, que apenas faz realçar a verdadeira comicidade da situação: só portugueses depreciam assim Portugal.
Mas "contar pouco" Portugal??? Não, malgré eux-mêmes...
Aqui, em Portugal é que o Brasil conta escandalosamente pouco, império metido entre impérios, entre a Índia, o Oriente todo com que perpetuamento nos incensamos e a África que sonhámos ainda há pouco como futuro.
Apenas para dizer que estou em casa, que não saí nem vou sair, mas aproveito os feriados para... para ficar em casa, já que nos outros dias a gente simplesmente está, não fica. Mas sempre direi que ou se fica ou se foge, "sair para" é um triste destino.

terça-feira, junho 13, 2006

Santo António de Lisboa
Trezena

Irmãos caríssimos. Apresentemos a Jesus as nossas súplicas, a fim de que, por intercessão de Santo António, infunda sobre nós a Sua misericórdia.

1. Ó glorioso Santo António que recebeste de Deus o poder de ressuscitar os mortos, acorda o meu coração da preguiça e faz desabrochar uma vida de verdadeira fé.
Glória ao Pai …
2. Ó sábio Santo António que pela tua Sabedoria foste luz por toda a Igreja e por todo o mundo, iluminai a minha inteligência abrindo-a à verdade de Deus.
Glória ao Pai …
3. Ó Santo António rico de piedade que amparas logo os que te invocam, auxilia-me nas necessidades actuais.
Glória ao Pai …
4. Ó generoso Santo António que respondeste ao chamamento de Deus, consagrando a Tua vida ao serviço do Evangelho, faz que possa escutar docilmente a voz do Senhor.
Glória ao Pai …
5. Ó Santo António, modelo de Santidade não permitas que a minha existência fique manchada pelo pecado e ajuda-me a viver com modéstia e sobriedade.
Glória ao Pai …
6. Ó querido Santo António por cuja intercessão todos os doentes encontram saúde, orienta a minha alma, cura-a das culpas e dos hábitos maus.
Glória ao Pai …
7. Ó Santo António que te esforçaste por salvar a todos, conduz-me no mar da vida e dá-me a graça de chegar ao porto da salvação.
Glória ao Pai …
8. Ó Santo cheio de compaixão que ao longo da tua vida libertaste prisioneiros, que também eu seja liberto do pecado.
Glória ao Pai …
9. Ó Santo dos milagres não permitas que eu me afaste do Amor de Deus e me separe da unidade da Igreja.
Glória ao Pai …
10. Ó Santo António solidário com os pobres, que ajudas a encontrar o que se perde, permite que eu nunca perca a amizade com Deus, mas a conserve todos os dias da minha vida.
Glória ao Pai …
11. Ó querido Santo António que escutas todos os que por ti clamam, escuta com bondade também a minha oração e apresenta-a a Deus para que seja atendida.
Glória ao Pai …
12. Ó Santo António apóstolo incansável da Palavra de Deus, ajuda-me a dar testemunho da minha fé com a palavra e o exemplo.
Glória ao Pai …
13. Ó bem-amado Santo António do Paraíso onde te encontras olha para as minhas necessidades: a tua língua milagrosa fale a Deus por mim, derrame a sua consolação e seja atendido nos meus pedidos.
Glória ao Pai …
- Santo António, rogai por nós.-
E seremos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Deus Todo Poderoso e eterno, que em Santo António de Lisboa ofereceste ao Teu povo um insigne anunciador do Evangelho e um santo solidário com os pobres e os doentes, concede-nos, por sua intercessão, seguir os seus ensinamentos de vida cristã e experimentar, na provação, o auxílio da Tua misericórdia.
Por Cristo Nosso Senhor.

segunda-feira, junho 12, 2006


Em memória dos tempos bons das férias grandes, pego no meu balde, na minha pá, e vou para a praia. Se o tempo não estiver bom, fico por lá de qualquer maneira, a dar razão ao Abrupto

domingo, junho 11, 2006

Eu sabia que havia mais qualquer coisa com este dia 11... E havia! Desde a escola primária até ao fim do liceu era o dia em que começavam as Férias Grandes - que só acabavam a 7 e, depois a 1 de Outubro.
As férias, enormes, tinham fases diversas de campo e, mais tarde, de viagens, mas a mais divertida era a da praia, uma fase longa, que, muitas vezes, passava dos dois meses. Tenho muitas saudades dessas férias grandes e lentas.

Ontem li 2 ou 3 sonetos de Camões e alimentei o patrioteirismo (sic) com a descoberta de que a os mot d'esprit da Duquesa de Guermantes (compósita figura que Proust quis a personificação da requintadíssima sociedade da Paris da segunda metade do século) e mesmo alguns dos seus achados estético-mundanos -os sapatos encarnados - foram contributo de Mme. Strauss que, sobre ter sido viúva de Bizet, era filha de uma senhora Rodrigues-Henriques, de uma família de judeus portugueses refugiados em Bordeaux.

P.S. Para acabar o affaire Proust-Albaret: Esta queimou manuscritos, mas, como ela própria explica, por ordem expressa de Monsieur Proust. Que se esperava? Que tivesse desobedecido? A honra da Albarét parece-me salva.

sábado, junho 10, 2006


Grão tempo há já que soube da Ventura
a vida que me tinha destinada;
que a longa experiência da passada
me dava claro indício da futura.
Amor fero, cruel, Fortuna dura,
bem tendes vossa força exprimentada:
assolai, destrui, não fique nada;
vingai-vos desta vida, que inda dura.
Soube Amor da Ventura que a não tinha;
e, por que mais sentisse a falta dela,
de imagens impossíveis me mantinha.
Mas vós, Senhora, pois que minha estrela
não foi melhor, vivei nesta alma minha,
que não tem a Fortuna poder nela
Luís Vaz de Camões

sexta-feira, junho 09, 2006

O apartamento de uma amiga foi assaltado por uma quadrilha búlgara, um audacioso quinteto de tocadores de banjo balcânico, uma inverosímil mas teimosa coisa de Hergé. Tal qual nos livros de Tintin, o roubo foi audacioso.
A minha amiga está desolée, e quer tirar disto tudo, que não é nada, uma lição para a vida. Desanconselhei-a, terminantemente, de fazer tal: não levaram as jóias boas e filosofar a partir ou à conta de bijouterie parece-me contraproducente e pouco digno.

quinta-feira, junho 08, 2006

Poucos dias antes de morrer, Eça escrevia da Suiça a sua Mulher, Dona EmÍlia de Castro, lastimando-se da falta de dinheiro.

Eça era - ou é - o maior escritor português, um dos grandes génios literários do mundo, popular e lido em Portugal e traduzido ainda em vida em várias línguas, entre as quais o inglês.

Cem anos depois, Miguel Sousa Tavares, que não é nada disso, como o próprio, com elegância, reconheceu, ganhou, com um único livro, mais de um milhão de euros.

Vasco Pulido Valente tem razão: não só se lê em Portugal como, acrescento eu, já se lê demais.

Isto a propósito do tal plano.

terça-feira, junho 06, 2006

E de novo o aniversário!
Faz hoje 62 anos que os norte-americanos, britânicos e canadianos invadiram a Normandia para libertarem a Europa da barbárie nazi.
Além do papel militar, os USA criaram o plano Marshall que permitiu a reconstrução europeia.

Honra àqueles países e aos milhares dos seus cidadãos e súbditos que morreram para devolver a liberdade à Europa.

Aqui pode saber mais sobre o DIA D.

segunda-feira, junho 05, 2006

O processo de designação e escolha de deputados está tão perto do de simples funcionários que do que li da declaração presidencial que acompanha o veto, me parece, creio, que o âmago da questão não é tocado.E é uma questão simples: escolher os representantes do povo, de cada um de nós, é, afinal, assegurar a soberania do povo. Em nome de quê pode essa liberdade de escolha ser coarctada? Qualquer limitação é um atentado aos fundamentos mais elementares e profundos da democracia.
A enormidade da coisa tornava-se evidente se existissem listas nominais, em que pudéssemos escolher esta e não aquele, aquele e não aqueloutra.
Lei da paridade

Cavaco Silva 1-Então eu não tinha razão a respeito do Cavaco? 0

domingo, junho 04, 2006

Amanhã é domingo

Pão com pingo
Galo francês
Pica na rês
A rês é mansa
Vai para França
Se ela voltar
Torna a ficar
O burro é de barro
Pica no jarro
O jarro é fino
Pica no sino
O sino é de ouro
Pica no touro
O touro é bravo
Pica no fidalgo
O fidalgo é valente
Mete três homens
Na cova de um dente.

sexta-feira, junho 02, 2006

O club de futebol do burgo - uma invenção infecta dos medíocres políticos locais - pede hoje, no jornal da terra, uma contribuição financeira já que, tudo leva a crer, está falido ou perto. A prosa usada é um magnífico exemplo daquele simulacro de bom-senso, bons propósitos e seriedade que oculta a miséria caótica em que vivemos. Li e reli, deliciado, já que não tenciono dar um só ceitil, tostão, ou cêntimo e a única coisa que intensamente desejei foi prolongar no tempo aquele prazer omissivo, indefinidamente não dando, gozando com abundância o sintoma daquele prazer, aquele "alguma coisa que antes de tudo não cessa de se escrever do Real", e "que volta sempre ao mesmo lugar" (Lacan)
E estou nisto desde que a empregada me trouxe os jornais, sem escrúpulos, apenas tomei um café e a vitamina C.


Liv Ulman é Miss Junho.