domingo, dezembro 30, 2007

Frio e as gentes ocupadas com a desmesura e o capricho, sinal seguro da presença e actividade de uma divindade pagã (e lusitana): entre o calafrio e o arrepio, as façanhas da ASAE com um imenso e aterrador futuro assegurado pela lei anti-tabaco são o que temos em matéria de religiosidade popular nos dias que correm.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Benazir Buttho era uma política corajosa que defendia a democracia.
Foi assassinada hoje.

O essencial está (muito bem) dito aqui, no Combustões.
O Cabalas linkou o Impensavel que, grato, agradece.
Lembro-me do ambiente acolhedor do restaurante-bar do expresso de Hamburgo: algumas pessoas jantavam, outras tomavam apenas uma bebida, havia ainda as que liam os jornais. Ah e havia quem fumasse. Passados uns tempos, num comboio matutino, na Dinamarca, lembro-me de ver algumas mães que entretinham os filhos pequenos no micro jardim-infantil da carruagem (com jogos e brinquedos do combóio...). Lembro-me de sorrir com a pergunta que me fiz: daqui a quantos anos seria assim em Portugal? Na carruagem seguinte, uma parte com uma maquina de café e alguns sofás e mesas. Lembro-me (já o terei dito por aqui?), lembro-me do passageiro, com ar de um velho professor, vestido de escuro, com uma gravata preta esguia, que lia o Coração das Trevas de Conrad (uma edição antiga). Ah, e fumava.
Triste, pensava no longe que estávamos de tudo aquilo...

Agora, aqui, nestes tristes antípodas da Europa desenvolvida e civilizada, entre maus hospitais, péssimo ensino, governo medíocre, atraso geral, pobreza e fome (fome, em Portugal passa-se fome hoje e convém não esquecer nunca isso) sai a cretina lei do fumo, irritante, extrema, insensata, a roçar a crueldade no que vai tornar de mais difícil o já difícil quotidiano de um país cada vez mais pobre. Será para, com a irritação, esquecermos o cada vez mais longe que estamos da Europa, o mais pobres e sem futuro que agora somos?

quarta-feira, dezembro 26, 2007

A janela está aberta. Entra o sol a rodos e ar fresco; oiço a passarinhada e, mais longe, um murmúrio de trânsito.
Lembro-me quando este dia 26 guardava o silêncio da bonança que sucedia à agitação do festim. Hoje há demasiado movimento.

Nota: os meus presentes foram geralmente estimados. A maior parte deles consistiu em coisas para cheirar bem em casa, com um pequeno soupçon de larme de movimento «hippie», heresia provençal e Alphonse Daudet. (Eram langue d'oc, a lingua dos bons sabonetes, como me tinham ensinado em pequeno). Eram coisas daqui, mas compradas na Borges Carneiro na Al Quadro da Luisa Calém. É um bocado publicidade? Peut-être, mas não foi encomendada e são mesmo bons. E há queimadores (é assim que se diz?) que eu recusei em nome da consabida sorumbatice das minhas amigas, boa gente do campo, tal como eu. Os presentes foram para elas, que, ultrapassadas e sensatas, vivem com os maridos com quem se casaram há eras, meus amigos, e que, por isso, aproveitam do presente. Dispensei-me, assim, de lhes dar outros a eles e aproveitei para dilatar os que - imerecidamente (penso que estava perto de merecer o carvão...) - me dei a mim mesmo.

domingo, dezembro 23, 2007

Fui a um hiper daqui. Muita gente e, creio, disposição festeira. Encontro quem não vejo nas minhas idas à baixa, transformada numa quase terra de ninguém. Aqui, tal como em Lisboa, a civilidade e a urbanidade recuaram nos últimos anos e os hábitos citadinos - mesmo os de uma cidadezinha de província - foram ou estão em vias de serem substituídos por outros, de arrebalde, e que consistem em résteas degradadas de ruralismo, arenito, anomia, boçalidade, dispersão, voracidade expelitiva.
Primeira noite de Inverno: quando vi a citação proustiana de Charlotte lembrei-me de fazer o que tinha decidido há muito: comparar a minha tradução, a de Mário Quintana (ou sob direcção dele), aquela em que li o RTP (En Recherche du Temps Perdu), com a de Pedro Tamen e ambas com o original. E entre les deux mon coeur balance: nenhuma se furta à rugosidade, ao atrito do fraseado de Proust que, deliberadamente, conserva muitas vezes asperezas de estaleiro, memórias do em bruto, marcas do escopro, da conceição e vida do pensamento do narrador: um dos numerosos prazeres de ler Proust reside em descobrir a geologia, os estratos do seu pensamento, os métodos de escavação que utiliza.

sábado, dezembro 22, 2007

Ceci n'est pas une corbeille à papier
Resolvi sair e tentar encontrar um cesto para os papéis, aqui para esta sala. Não encontrei, embora tenha procedido com diligência. A meio caminho das tentativas, lembrei-me da livraria da paróquia, que às vezes tem umas coisas dessas, «artigos de decoração». Entrei. Ninguém. Na sala ao lado, de exposição, encíclicas, imagens, uns réchauds e três senhoras com boa vontade natalícia que faziam crochet à braseira. Por todo o lado, presépios. Cumprimentei e perguntei se tinha cestos para papéis. «E de que editora?». Disse que se tratava da coisa em si. Não tinham. Tinham tido, mas já não tinham. Desejei-lhes um Santo Natal e agradeci a Quem de direito aquele momento Magritte.
Começou o Inverno. O dia está bonito - sol com alguma neblina - e muito calmo.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Tenho um problema de percepção do tempo. Estou a 14 ou 15 de Dezembro, e os dez dias que faltam para o Natal são incomensuráveis imensidades. Por isso, o ter comprado já todos os presentes - menos um - é um prodígio de previdência e sensatez.
Não, não fui à Byblos. Detesto boas livrarias, as que têm tudo - ou que aspiram a. Gosto de livrarias com donas civilizadas ou donos vagamente excêntricos que saibam dizer que não, não temos com genuína pena de não terem, embora duvidoso seja que façam seja o que for para satisfazerem o nosso pedido. De qualquer forma, não ter conseguido ler senão uma pequeníssima parte do que queria é coisa de que me gabo e não cesso de agradecer ao Acaso. Sempre que não tinham - quase sempre - fincava os olhos nas lombadas e fazia menção de dali não sair até ouvir uma sugestão: «mas tenho aquela introdução ao pensamento dele. É interessante.» Também quase nunca comprava, eram volumes imensos sobre um quase desconhecido, sempre achei isso uma grosseria. Sabiam-no e não insistiam. Mas às vezes, comprava e era até ao tutano, e depois encomendas - sem perguntar sequer se tinha ou havia - de outros que, eles sabiam-no, nasciam da bibliografia daqueloutro que comprara.
O habitual, porém, era, depois de todos sabermos que não iria comprar nada, qualquer outro livro senão aquele que não tinham e eu queria, o ambiente distender - desaparecido o dolo eventual daquele não ter - e dedicar-me a artigos de papelaria, havendo-os, ou se não, ao manuseio esquecido dos livros mais próximos, até decorrer o tempo adequado a uma ida a uma livraria, versão deambulante ou deixa ver se pára de chover. Por vezes, enquanto isto, via gente a viver o estranho momento da revelação de que, ao contrário do que julgavam, não era ainda chegada, para eles, e apesar das suas rectas intenções, a hora da leitura.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Dia de grandes extravagâncias e dissipações em Lisboa.
Depois de uma volta pelos blogs, preparar-me para acordar amanhã com um grande, grande sentimento de culpa.
Afinal, fiz tudo para o merecer!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

CONTRA A ESTUPIDEZ:

http://www.petitiononline.com/naoacord/petition.html


Mas, se considerarmos que ser contra o tratado é errado, ainda assim havia ele de ser assinado apenas após os actuais membros do governo e - porque não? - o Presidente da República, se terem sujeitado a um ditado, segundo as regras ortográficas vigentes.
Quando todos tivessem zero erros, falava-se então neste assunto - que, a sério, acho não existiria se os países que nele insistem não se contassem entre os mais ignorantes do mundo.
Sobre isto - que já é muito-, o que ainda mais me irrita é que toda esta insensatez é uma graçola francesa que começou em Voltaire - e dos positivistas franceses! -, a da ortografia como transcrição fonética, o que, claro está, eles não puseram em prática na douce France... A coisa começou a ser propangandeada aqui, nos finais do séc. XIX como meio para facilitar o ensino... e teve os graves resultados que hoje se vêem, a dilaceração de um idioma, da sua congruência.
O que farão eles com a matemática - onde Brasil e Portugal são vergonhosamente inaptos ? Ainda veremos o dia em que, por tratado, será decidido que, no espaço lusófono 2+2 poderá ser igual a valores de 3,5 a 4,5 ou outros julgados mais conformes com os interesses nacionais e altos desígnios dos signatários?

Agora, aqui para nós... compreendo que a ideia do tratado ortográfico tenha muitos seguidores: é um dislate que parece talhado à medida do desmiolamento e analfabetismo nacionais que combina o culto do gratuito com as crendices que do mau catolicismo rural se transferiram para a diva lei - conforme é de esperar de gente que não sabe nem contar nem escrever.
Estes pequenos sinais, por si mesmos insignificâncias (analfabetismos de locutores, calinadas ortográficas e de sintaxe de jornalistas), a par com os dados disponíveis sobre o estado geral do país, levam-me a crer que todos seríamos mais felizes se, ao invés de nos considerarmos gente do primeiro mundo - que apenas em parte somos - voltássemos à metodologia que esquerda e direita adoptavam para ver Portugal antes de 25 de Abril: considerar que somos um país pobre, muito atrasado, longe, muito longe dos restantes países europeus que o novo-riquismo e o contentismo nascidos após 25 de Abril nos levam a querer tratar tu lá, tu cá e com as mazelas e as chagas que, ainda hoje, os pobres exibem, como modo de vida, nas ruas da baixa de Lisboa.
Volte-se a olhar Portugal como aquilo que é, um país pobre, semi-analfabeto, de periferia, infeliz, cheio de desgostos, viúvo, de uma aventureira imperial, mas viúvo e todos acabaremos por nos sentir melhor.

Chove e está frio. Bom tempo para férias de chuva - que deveriam existir, para que se estivesse em casa, quente e seco, a ler ou preguiçar nas profundezas de um sofá.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Mas (ver em baixo) quer dizer, isto de um locutor de um canal de televisão não saber que grama (unidade medida de massa) é masculino e que, por isso, é um grama e não uma grama... enfim, isto não aconteceria num país a sério, a sério, género Grã-Bretanha ou França, pois não?
Esta ignorância é mesmo de país atrasado, não é?
No noticiário da uma hora da Sic (no jornal nacional, da uma hora...) ouve-se falar, a propósito de livros escolares, de gramas (milionésima parte do quilo, um grama), no feminino.
Vou almoçar e meditar nestas tristezas.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Tea party há cento e alguns anos.

Hoje em dia seria difícil, quase impossível, reunir tanta gente, penso com desânimo enquanto tomo o meu chá.

domingo, dezembro 16, 2007

Ler e meditar, com a devida vénia, do Público:

De Vasco Pulido Valente:

Solidariedade europeia

Escreveu A. J. P. Taylor que o mal da Alemanha era ser muito grande. O mal da Polónia é estar entre o poder russo e o poder alemão, representado pela Prússia e pelo Império Austríaco ou representado pelo II e o III Reich. A Polónia viveu sempre cercada e sem aliados, tirando a simpatia formal da França, que depois de Napoleão (e mesmo com ele) não contava. Por isso, desde o século XVIII, a Polónia foi "partilhada" e tornada a "partilhar" por vizinhos, que a exploravam e desprezavam. O Tratado de Versailles (1919) reconstituiu uma Polónia independente. Mas logo em 1939 Hitler e Estaline a voltaram a dividir. Durante a guerra, morreu um quinto da população, a Wehrmacht arrasou Varsóvia e, no fim, o Exército Vermelho instalou pela força um governo comunista.Em 1945, as fronteiras da Polónia mudaram. Estaline ficou com o Leste, para "protecção estratégica", e compensou o novo Estado com territórios que tinham sido secularmente da Alemanha. Por assim dizer, Estaline deslocou a Polónia umas centenas de quilómetros para ocidente. Entre 9 e 11 milhões de alemães fugiram à frente do Exército Vermelho ou emigraram a seguir. Até agora, a guerra fria e a memória do nazismo não permitiram que se tocasse no assunto. Mas, com a reunificação da Alemanha e um certo "revanchismo russo", que Putin alimenta e a derrota de Bush encorajou, o "problema polaco" reapareceu em cena. Como sempre a Rússia quer reafirmar a sua influência na região e a Alemanha, desta vez, não quer esquecer a sua história.Putin pretende (e a Alemanha aceitou) construir um gasoduto directo entre a Rússia e a Alemanha, sem passar pela Polónia. O que evidentemente permite à Rússia fazer chantagem com a Polónia (como já fez, por exemplo, com a Ucrânia). O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, protestou. Angela Merkel tenta tratar o caso - um caso eminentemente político - como se fosse uma questão económica. Por outras palavras, solidariedade europeia ou não, a Alemanha prefere negociar com a Rússia à custa da Polónia. Pior ainda: planeia um monumento aos "deslocados" do Leste, garantindo que ele não "relativiza" a guerra do III Reich. Faz, de facto, muito mais do que isso: põe em causa a legitimidade da Polónia como ela hoje existe. Por enquanto, estas querelas não são graves. Mas servem para lembrar de onde vem o grande perigo para a "Europa".
E não vem da América.
O jantar e o depois de jantar foram agradáveis. Voltei cedo, perdi algum tempo ao meu modo (dar corda ao relógio, reler de viés duas cartas circulares que já se tinha lido, também de viés, demorar a escolher um livro para ler na cama). Já deitado, sem ter lido duas linhas do livro, adormecer e, minutos depois, ser acordado por um bipbip que, após alguma estremunhada indagação sobre de onde pudesse vir e o que poderia anunciar, se descobre ser um aviso de gelo. Desligar, voltar a preparar para dormir, adormecer de novo e, passados minutos, o palerma do bipbip. Pensar que se desligou mal o alarme, desligar de novo, procurar um mais seguro off , encontrá-lo e accioná-lo com orgulho. Readormecer. Ouvir de novo, ao longe, o bipbip. Desligar tudo, tirar pilhas, desligar da corrente. Pensar estar a ser vítima da maldição de algum amigo ou amiga em casa de quem tivesse prolongado, nos anos felizes e longínquos de muitos whiskies com castelo, the last one for the road. Achar tal maldição merecida. Adormecer com um suspiro de boas intencões. Acordar quatro horas depois e meditar sobre a deterioração do sono, até agora tão seguro e fiel e que, sem aviso, nos deixa com uma manhã de domingo pela frente.

Aquilo dos bipbip estava certo. Esteve muito frio, menos de zero.

sábado, dezembro 15, 2007

Sobre o tratado ortográfico escreveu, no DN, Pedro Lomba: «O Brasil criou uma cultura popular própria, espontânea e festiva, que tem exportado para o resto do mundo com apreciável sucesso.»
Com toda a simpatia que tenho pelo Brasil, o que me salta aos olhos é a taxa de analfabetismo e a perda da batalha da educação (adoptando um tom dramático) - resultados confirmados pelo PISA e que põem aquele país muito perto do fim da lista. E isso nada tem de festivo, nem de espontâneo (é resultado de arrastadas omissões).
Deste lado do oceano a coisa não é muito menos triste e escandalosa.
Resolva-se esse problema substancial e depois volte-se a pensar nas ortografias (que foram criadas artificialmente por medíocres académicos e políticos portugueses do início do séc. XX e que podiam inspirar um estudo sobre o fascínio que o supérfluo e a bizantinice exercem sobre o novo-riquismo das cachimónias nativas - persistência do culto rural da novidade?).
Até lá, não se tenha medo de se escrever de modo diferente, nem nos incomodemos muito com isso.
Acabe-se é com o analfabetismo (e pode-se começar pelos políticos que dizem há-dem, interviu etc, etc.).

sexta-feira, dezembro 14, 2007

quinta-feira, dezembro 13, 2007

..."antes de se meter no avião, Mr. Brown vai aos Comuns explicar que o Tratado não colide com a soberania do Reino Unido. Acho bem, mas devia ter feito isso ontem."

Ri com gosto. O Parlamento Britânico não tem por hábito mudar datas por dá cá aquela palha e muito menos abdicar o direito de ouvir, quando bem entende, o Primeiro-Ministro. De ouvir e de censurar. Churchill enfrentou uma moção de censura durante a II Guerra Mundial, a guerra que ganhou à Alemanha e à Itália. A guerra em que a França capitulou, a guerra que a Polónia, a Holanda e tantos dos que vieram hoje aos Jerónimos perderam.
Esses, os vencidos, os outros, estavam cá todos, com o «eng».
O Primeiro-Ministro britânico, esse, esteve a fazer o que deve: dar contas a quem lhas pede.
Estas verdades simples fazem ainda muito confusão...
Cheguei agora de jantar em casa de amigos. Muito agradável. A senhora com quem fazia par à mesa - e a quem eu resolvi advertir e advertir e advertir sobre alguns particulares perigos da benevolência em geral, tachou-me de chato. Assenti de imediato, no medo de uma mudança de opinião, de um sempre expectável passo atrás - la donna è mobile. Ah, mas, vulgarmente, com alguma razão, escorri virtuosamente sobre o strudel. E repetitivo, muito repetitivo, acrescentei enquanto, mentalmente, evocava com algum orgulho íntimo as algumas vezes em que levei de vencida sobre alguns notórios maçadores.

Apenas em épocas desagradáveis como a actual, o maçador é indesejado e o justo orgulho de ser um deles visto como exemplo de notável honestidade, ao invés de evidenciar uma culposa tendência para a bazófia.
Tempos frágeis.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

O meu destino evolui no passado - saudosista que sou - e estas manhãs que agora vivo com alguns vagares têm o exotismo do aroma velhissímo - e dele, o sillage de espantos e firmes propósitos - daquelas outras, muito frias e límpidas em que ia para a escola.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Ida a Lisboa.
Gente nas ruas, mas estive sozinho em algumas lojas e, julgado merecedor de ouvir um desabafo, dizem-me que as vendas estão más. Cometi algumas extravagâncias. Chegado a casa, mercados norte-americanos em queda. O apresentador da Bloomberg bebeu demais ou todo aquele frenesim e gesticulação são fazem parte da infantil reacção à novidade ( corte de taxas de juro abaixo do previsto)?
Mais uma vez paroveito a ocasião que me é dada para dizer que o senhor que tomou a decisão que provoca tanta comoção (quase -3%) ganha bastante menos do que o nosso estimado e relevante Dr. Constâncio

segunda-feira, dezembro 10, 2007

3 horas num tribunal gélido, em parte porque o equipamento de som se avariou.
(Esclareço que não sou arguido em qualquer processo).

Nota - Este post estava em tão áspero português que um leitor atento me propôs outra versão e é a que agora consta.
Da Agência Lusa:

«Natal: assaltantes roubam donativos para a festa de Natal dos sem-abrigo de Lisboa que será mais pobre.
Assaltantes roubaram grande parte dos donativos para a festa de Natal dos sem-abrigo de Lisboa, organizada pela Comunidade Vida e Paz, instituição de solidariedade social católica, revelou hoje a agência Lusa uma voluntária da instituição. »

Roubar o que se destina aos mais pobres, aos indefesos, faz dos autores deste roubo candidatos a figuras de ficção infantil para ilustração da malvadez. Aliás, há algo de cruamente infantil, de pueril, neste crime que parece desejar - para além do imediato ganho ilegítimo, desafiar a cumplicidade que, quase sempre, dedicamos ao absurdo, ao ameaçador, à transgressão e aí, nessa maltratada banlieu da alma, minar as nossas defesas, obrigando-nos a optar entre a justificação (impossível noutros termos que não os da pristina confissão da nossa condescendência com o mal) ou que nos confinemos, tão longe dos pobres seres presas fáceis de façanhas, medos e tramas que somos, ao desolado e insosso senso-comum desaprovador.

sábado, dezembro 08, 2007

Dia de Nossa Senhora da Conceição, Rainha de Portugal e protectora desta casa.


Virgem Santíssima,
que fostes concebida sem o pecado original
e por isto merecestes o título de
Nossa Senhora da Imaculada Conceição
e por terdes evitado todos os outros pecados,
o Anjo Gabriel Vos saudou com as belas palavras: "Ave Maria, cheia de graça";
nós Vos pedimos que nos alcanceis do Vosso divino Filho
o auxílio necessário para vencermos as tentações
e evitarmos os pecados e, já que Vos chamamos de Mãe,
atendei-nos com carinho maternal
e ajudai-nos a viver como dignos filhos Vossos.
Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Comprei ontem «O Código dos Wooster» do P.D. Woodhouse. A tradução deixou-me estupefacto: um aristocrata inglês da época eduardiana não falava assim (por exemplo,não trataria uma tia por tu, por mais amistosas e despreconceituosas, divertidas ou cúmplices - como se diz agora -, que fossem as relações entre tia e sobrinho.... e poderia citar muitos mais exemplos). A repetição das inverosimilhanças não apenas de tratamento mas de léxico acaba por fazer com que se instale no leitor alguma irritação e que acabe por se estranhar este Bertie, por não se chamar Alberto Lopes Silva, não morar na Avenida Almirante Reis (ou que tenha lá uma tia, não Dahlia, mas Adélia, não com mordomo, mas irmã de um).
"Chávez anuncia novo referendo"

Parece ter adoptado o método das democracias do velho continente no que toca à aprovação dos tratados da União Europeia: ir repetindo até que o povo veja a luz. A bem ou a mal.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Vantagens (duvidosas) do cedo erguer:

Abrir a televisão e ouvir dizer com convicção «pátina» e «isotópos» por patine e isótopos.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Lembro-me do 4 de Dezembro e de Sá Carneiro e Amaro da Costa - dois dos responsáveis pelo único projecto político em que acreditei: pensava que a Aliança Democrática faria de Portugal o país modernizado que esperava fosse o meu.
O que em vez disso foi, o que tristemente somos, o que vergonhosamente seremos (post de baixo sobre o PISA) está à vista.
Tencionava tirar umas pequenas férias do blog, mas o PISA veio confirmar o que eu penso - e quero - infantilidades minhas - dizer: Portugal continua a produzir atraso e subdesenvolvimento.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Um bom dia: o tenebroso palhaço da Venezuela perdeu (mas é apenas uma batalha...).

OU, como melhorissimamente disse Henrique Burnay no 31 da Armada,

"O Rei de Espanha foi a votos
E ganhou."

Todavia, atente-se no que avisa FNV no Mar Salgado

"NESTAS CONDIÇÕES":
A resposta do povo, numa réstea de democracia formal, vai lançar a Venezuela numa guerra civil ou numa ditadura do proletariado ( sim, essa mesmo, basta ler os clássicos) . Chávez deu o tom: "Vocês obtiveram uma vitória de Pirro e, nestas condições, eu não a celebraria."Compreende-se: dispõe de dezenas de horas mensais na TV estatal, calou a outra, esticou a corda até onde foi possível. "Nestas condições", na linguagem da esquerda revolucionária - que respeita tanto a vontade do povo como o cão respeita a pulga - siginifica que em breve existirão outras condições.

Tenho, porém - hoje estou em dia de adversativas -, a esperança de que Chávez não terá força para aplicar a receita.


Um amigo meu lamenta, num mail recebido - e escrito - agora mesmo, que o meu maître a penser, Vasco Pulido Valente, confunda desprezível com desprezável e escreva dignatário por dignitário. Respondi já, dizendo que são erros de edição, desagradáveis, mas desprezáveis e que ainda não li o Ir pró Maneta, já encomendado, mas ainda não recebido.
O meu amigo quer, afinal, que eu admita que VPV não é perfeito, que é, por vezes, excessivo e que tem mau feitio. Ora, alguns dos motivos que me levam a gostar de VPV são exactamente esses - além de ser um muito bom historiador e um não menos bom prosador.

sábado, dezembro 01, 2007

Não seja miguel de vasconcelos e comemore este 1º de Dezembro ajudando mais gente a ser independente:
Veja bem: http://www.kiva.org/app.php
Aborrecidos, crispados, não foi para isto que numa manhã, há 367 anos, ali para os lados do Terreiro do Paço... Ou foi: para nos aborrecermos como quiséssemos, sem termos de pedir licença a ninguém.


...et, je dirais même plus: c'est la rose...