sexta-feira, dezembro 21, 2007

Não, não fui à Byblos. Detesto boas livrarias, as que têm tudo - ou que aspiram a. Gosto de livrarias com donas civilizadas ou donos vagamente excêntricos que saibam dizer que não, não temos com genuína pena de não terem, embora duvidoso seja que façam seja o que for para satisfazerem o nosso pedido. De qualquer forma, não ter conseguido ler senão uma pequeníssima parte do que queria é coisa de que me gabo e não cesso de agradecer ao Acaso. Sempre que não tinham - quase sempre - fincava os olhos nas lombadas e fazia menção de dali não sair até ouvir uma sugestão: «mas tenho aquela introdução ao pensamento dele. É interessante.» Também quase nunca comprava, eram volumes imensos sobre um quase desconhecido, sempre achei isso uma grosseria. Sabiam-no e não insistiam. Mas às vezes, comprava e era até ao tutano, e depois encomendas - sem perguntar sequer se tinha ou havia - de outros que, eles sabiam-no, nasciam da bibliografia daqueloutro que comprara.
O habitual, porém, era, depois de todos sabermos que não iria comprar nada, qualquer outro livro senão aquele que não tinham e eu queria, o ambiente distender - desaparecido o dolo eventual daquele não ter - e dedicar-me a artigos de papelaria, havendo-os, ou se não, ao manuseio esquecido dos livros mais próximos, até decorrer o tempo adequado a uma ida a uma livraria, versão deambulante ou deixa ver se pára de chover. Por vezes, enquanto isto, via gente a viver o estranho momento da revelação de que, ao contrário do que julgavam, não era ainda chegada, para eles, e apesar das suas rectas intenções, a hora da leitura.

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