domingo, dezembro 23, 2007
Primeira noite de Inverno: quando vi a citação proustiana de Charlotte lembrei-me de fazer o que tinha decidido há muito: comparar a minha tradução, a de Mário Quintana (ou sob direcção dele), aquela em que li o RTP (En Recherche du Temps Perdu), com a de Pedro Tamen e ambas com o original. E entre les deux mon coeur balance: nenhuma se furta à rugosidade, ao atrito do fraseado de Proust que, deliberadamente, conserva muitas vezes asperezas de estaleiro, memórias do em bruto, marcas do escopro, da conceição e vida do pensamento do narrador: um dos numerosos prazeres de ler Proust reside em descobrir a geologia, os estratos do seu pensamento, os métodos de escavação que utiliza.
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