Estes pequenos sinais, por si mesmos insignificâncias (analfabetismos de locutores, calinadas ortográficas e de sintaxe de jornalistas), a par com os dados disponíveis sobre o estado geral do país, levam-me a crer que todos seríamos mais felizes se, ao invés de nos considerarmos gente do primeiro mundo - que apenas em parte somos - voltássemos à metodologia que esquerda e direita adoptavam para ver Portugal antes de 25 de Abril: considerar que somos um país pobre, muito atrasado, longe, muito longe dos restantes países europeus que o novo-riquismo e o contentismo nascidos após 25 de Abril nos levam a querer tratar tu lá, tu cá e com as mazelas e as chagas que, ainda hoje, os pobres exibem, como modo de vida, nas ruas da baixa de Lisboa.
Volte-se a olhar Portugal como aquilo que é, um país pobre, semi-analfabeto, de periferia, infeliz, cheio de desgostos, viúvo, de uma aventureira imperial, mas viúvo e todos acabaremos por nos sentir melhor.
Chove e está frio. Bom tempo para férias de chuva - que deveriam existir, para que se estivesse em casa, quente e seco, a ler ou preguiçar nas profundezas de um sofá.
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