terça-feira, junho 29, 2010

Futebol: poupados ao espectáculo tristíssimo desta gente a conjecturar futuros ridentes.

segunda-feira, junho 28, 2010

E deixei de comprar o Expresso.
Ontem, com aquele ar simpático de explicador caro, Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se à queixa apresentada por Manuela Moura Guedes contra Sócrates falava da alguma folga com que os tribunais julgam «estes» casos e lembrava situações entre políticos e entre estes e comentadores. Não lhe ocorreu que aqui não se trata de dois políticos mas de um primeiro-ministro e de uma particular, o que basta para a gente perceber a pouca propriedade das analogias que estabeleceu. E resolvido este assunto partiu para uma apurada análise e resumo sobre o futebol.
Marcelo, sempre jovem, conserva os tiques do menino promissor que terá sido. Recitaria poesia, como o Eusebiozinho?

sexta-feira, junho 25, 2010

A intolerância para com o Cristianismo e o Catolicismo em particular está a atingir níveis perigosos de fanatismo.

quinta-feira, junho 24, 2010

A proposta de lei dos chips foi reprovada, o que é uma boa notícia, independemente do pouco que seja o que for significa, hoje em dia.
Mas, mesmo assim, uma boa notícia num tempo e num lugar onde não têm abundado.
Esquecia-me de responder: claro que valeu a pena: ficámos todos cientes da extrema fragilidade das nossas instituições, de como se desfaz até a aparência mesma de um estado de direito, percebemos que tratar o governo como um inimigo ou, pelo menos, como uma entidade perigosa é um princípio de que se não deve abdicar, por mais que assim nos digam que assim não devesse ser; vimos o funcionamento da corrupção em interstícios da administração que pensávamos - tolamente - a salvo. Apercebemo-nos da pusilanimidade dos políticos, e da indiferença das élites (das mais circunspectas e reservadas, das que podem fazer seguir as suas palavras de actos eficazes para originar mudanças) e isto perante uma desgraça objectiva que se traduziu, para além dos estragos na organização política, no empobrecimento do país.
Serviu ainda para vermos o que somos, afastada que está do poder a geração que se forjou na luta pela democracia, que era ainda uma luta de élites. Sócrates, não: é o cidadão comum, a face vitoriosa do Zé Povinho suplicante.
Valeu a pena? Valeu, como tudo, se aprendemos alguma coisa.
Conviria fazer outra pergunta: isto tudo, a quem aproveitou? A quem aproveita?
Li este artigo, a partir daqui e, mais uma vez, ao lembrar o Caso Buarque penso no estado de absoluta e grotesca imoralidade (ou de insanidade) a que esta gente do governo chegou.
Coisas que me incomodam muitíssimo:

1 - A ideia dos chips nas matrículas;

2 - Achar-se que isso não é importante.


E incomodam por isto.

terça-feira, junho 22, 2010

Tempo de reler «A Ilustre Casa de Ramires»
O problema é que a minha edição, a do Centenário, nunca foi encadernada e os livros mais lidos estão a ficar em mau estado, mas usar uma dessas edições que há para aí, com páginas que têm a dimensão, a disposição e a decoração de um apartamento de arrebalde é uma hipótese lúgubre. Não que o livro desabe nas minhas mãos, mas cada vez que pegar nele serei remetido para a minha negligência, preguiça e outros defeitos que invadem o jardim estreito das minhas virtudes, e ler sob o peso da humilhação não é o melhor dos exercícios.
E a saudade aperta:
«Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do Domingo de Junho, o Fidalgo da Torre...»

segunda-feira, junho 21, 2010

Nas zangas que por aí vão - dentro e fora dos blogs - estranho sempre que todos se tratem por tu, se dêem muito bem e tencionem continuar a dar.
Sei que Portugal é pequeno, que os tempos vão de informalidade e que, como dizia o Sérgio, «guerra às ideias, paz aos homens», mas estou em crer que uns pares de estalos e uma inimizade franca, forte e honesta contribuíriam para limpar os ares.

domingo, junho 20, 2010

Tarde consumida em paisagem romântica portuguesa (João Cristino da Silva), num poema de Robert Frost e outras coisas avulsas.
Depois, vi Marcelo Rebelo de Sousa achar mau o alargamento do prazo dos contratos de trabalho. Pensei, mais uma vez, que a vida profissional de um norte-americano bem sucedido seria considerada, apesar disso e segundo os nossos padrões, uma vida em «trabalho precário».
Entre ontem e hoje soube que alguns portugueses estão a tirar os seus filhos dos colégios, isto no país europeu onde se compraram mais carros, leva-me a crer que, sendo parte de uns e de outros os mesmos, mais não fazem do que condizer consigo próprios.

sexta-feira, junho 18, 2010

Gaffes: ensinaram-me que nunca se deve tentar compor as coisas, as emendas são sempre piores. Sigo o conselho e nunca me arrependi.
No entanto, pior do que as gaffes, são as falsas gaffes: geralmente são reflectidas e contêm um aviso sério.
Depois da declaração do socialista Straus-Khan, que pode Portugal esperar?
O público tem uma existência longínqua para os serviços públicos.
Existe, abstractamente, na teleologia da empresa, mas o utente concreto é considerado uma contrariedade que afasta o serviço da prossecução dos seus fins maiores e mediatos (o bem público e outras coisas graves).
E, para os atingir, esses escopos divinos, nos imediatos, o grande esforço deve ser o preenchimento das necessidades internas - ia escrever íntimas - dos serviços.

quinta-feira, junho 17, 2010

Uma alucinação comum consiste em crer que todos aqueles que nos cercam foram substituídos por estranhos. Pais, filhos, amigos, todos eles desapareceram e são agora sósias que ocupam os seus lugares.
Assim me parece ter acontecido em Portugal com o governo e as instituições do meu país, nos últimos anos.
Para dizer a verdade, parece-me que todo o país foi substituído por um outro. E isto não quer dizer que o original fosse um modelo de virtudes. Era mau, mas mais genuíno e, por isso, a seu modo, mais honesto do que este.
Esta noite, acordado até tarde a ler sobre alucinações. Eu e o autor deste blog.
STALINISMO* dos nossos dias.






* Há quem se refira a «fascismo» para descrever situações deste género, mas o comunismo (em todas as suas variantes) e o Photoshop parecem nascidos um para o outro: trata-se, em ambos, de corrigir uma realidade inconveniente.
Não creio que fosse prática do fascismo, porventura mais resignado com as imperfeições.

segunda-feira, junho 14, 2010

A intervenção do Prof. Doutor Ernâni Lopes no Plano Inclinado do dia 12 é do mais importante que foi dito sobre Portugal nos últimos anos.
Conviria que se visse, estudasse e meditasse.

sábado, junho 12, 2010

Chama-se a isto tirar as palavras da boca.

Se os polícias lessem mais literatura fantástica, estariam mais abertos à chateza quotidiana, onde os acidentes de automóvel sobrepujam as fugas e os homicídios.
E se os bombeiros e unidades de salvamento tivessem melhor preparação e culto da minúcia, também não seria desvantajoso.

quinta-feira, junho 10, 2010

O presidente Silva afirmou que o país está numa «situação insustentável».
Mas logo o primeiro-ministro Pinto desmentiu o presidente Silva, limitando-se a considerar que passamos por «uma situação de dificuldade».

Ou o presidente Silva fala com convicção, ou não.

Se sim, e perante um primeiro-ministro que não se apercebe da gravidade da situação nacional, deve, para ser leal ao juramento prestado, tudo fazer para salvar o país, afastando da chefia do governo um incompetente.
E para isso não é preciso rever a constituição. É preciso, apenas, não ser timorato nem medíocre.

Camões em uniforme de serviço no regimento
das glórias nacionais, séc. XIX.

quarta-feira, junho 09, 2010

Sobre as reformas que já teríamos feito (e com um resultadão, como se prova aqui, no Quarta República):
Creio que, no meio da desgraça, terá alguma graça seguir as relações entre Portugal - governo e o seu presidente Silva, incluídos - e a UE.
O que aquela gente lá de fora vai passar até descobrirem que, se por um lado bastaria telefonar e dar a ordem directa, com a respectiva ameçaça, por outro é inútil qualquer outra coisa mais subtil.
A não ser que a desfaçatez e loucura chegue a tanto que tenha de ser uma ordem directa, em voz alta, que deixe o Silva presidente e o seu governo sem pio.

terça-feira, junho 08, 2010

Muito bom !

Faz lembrar a história contada por Gorbatchev sobre o secretário geral do partido comunista e presidente da Alemanha Oriental, Erich Honecker. Quando visitou a defunta Alemanha de Leste, para convencer o regime a fazer reformas, foi-lhe dito por Honecker que, felizmente, a RDA já fizera todas as reformas.
Já de manhã ficara boquiaberto com as palavras do Santos das finanças.
Começo a pôr a hipótese de loucura colectiva.
Uma senhora que é não sei quê da «educação» vem dizer - com ar valente e arrojado - que há violência nas escolas.
Mas é evidente que há violência ans escolas. Se a autoridade legal se retira, instala-se a violência e a lei do mais forte.
O que é que ela esperava?
Eça de Queiroz conta-nos como no Parlamento britânico era amiúde discutida a dimensão da nossa ignorância e estupidez.
Há pouco, enquando via o ar paciente com que se aconselhava a Portugal a efectuar mais algumas reformas, lembrei-me da postura que o professor adopta para com um aluno pouco inteligente: os europeus perceberam que esta gente que dá pelo nome de "governo português" está minimamente convencida que fez mesmo reformas e usam de «compreensão» a condizer com o que eles pensarão ser atraso.
Mas em breve descobrirão o lado cábula (ou louco) e o tom mudará.

segunda-feira, junho 07, 2010

Mais post crise: depois dos britânicos, os alemães hoje. Em Espanha, Aznar já falou na necessidade de acabar com a agonia do país.

Enquanto isso, por cá, o Silva presidente e o Pinto ministro disseram ambos baboseiras, mas salientou-se o Silva, com aquilo das férias cá dentro.
Perante a quantidade de assuntos que ou são postos de lado, ou passam sem mais discussão, devido à crise, conviria ver como foi na Grã-Bretanha durante a II Guerra Mundial: que assuntos discutiam, que assuntos não evitavam.
Fica aqui o convite. Verão o que aquela gente discutia enquanto as bombas caíam sobre Londres - e no Parlamento.
Sempre se dirá, que, entre outras coisas, houve uma moção de censura ao governo de Churchill.

Que diria disto o Silva presidente?
Encontrei aqui o alívio daquela terrível impressão de ter esquecido qualquer coisa.
Assim, embora com atraso, mais uma vez me cabe agradecer aos Estados Unidos, à Grã-bretanha e seus Domínios a liberdade trazida à Europa.

domingo, junho 06, 2010

Mais vozes do mundo que vem aí (desta vez, más notícias, felizmente, que as boas têm sido quase letais):

«O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou hoje que o seu país conhecerá anos de "sofrimento" para permitir a redução do défice público e o peso "enorme" da dívida.»


sábado, junho 05, 2010

As diferenças que fazem a diferença:

"O tempo deste Governo está terminado e cada dia que passa, sem que os espanhóis possam expressar a sua opinião e apostar numa mudança, é um prolongamento inútil da agonia do país"

Já antes, Aznar apontou a responsabilidade ao abandono dos critérios do Pacto de Estabilidade e Crescimento, possibilitando o déficit

É a primeira voz firme que ouvi de e para uma Europa post crise

terça-feira, junho 01, 2010