quinta-feira, janeiro 31, 2008

El-Rei de Portugal, o Senhor Dom Carlos I foi, além de Chefe de Estado, Marechal-general do Exército português e Almirante, Comandante do regimento prussiano de infantaria nº 20 e do regimento britânico Oxfordshire Light Cavalaria e Almirante honorário da Marinha Britânica. Instituiu a Ordem do Mérito Agrícola e Indústrial [que a república continua a conceder...] e as medalhas de Serviços no Ultramar, Socorros a Náufragos e da Rainha Dona Amélia. Foi grão-mestre de todas a Ordens portuguesas, bailio e grã-cruz da Ordem Soberana de Malta, cavaleiro do Tosão de Ouro, de Espanha, da Jarreteira, da Grã-Bretanha, da Anunciada de Itália; grão-cruz das ordens de S. Maurício e S. Lázaro de Itália, do Cruzeiro do Sul, do Brasil; de Santo Estevão na Hungria; de Santo André, Santo Alexandre Newsky, Sant'Ana, Santo Estalisnau na Rússia; da Águia Negra da Prússia; dos Serafins da Suécia, da Ordem do Elefante da Dinamarca, etc.
Foi presidente da Academia Real de Ciências de Lisboa, protector da Universidade de Coimbra, académico de mérito da Academia Portuguesa de Belas-Artes, alto protector e presidente de honra da Sociedade de Oceanografia do Golfo da Gasconha, sócio honorário da Sociedade de Geografia de Paris, da Sociedade Zoológica de Londres e da Sociedade de Zoologia de França, sócio protector da Sociedade Espanhola de História Natural e sócio correspondente do Museu de História Natural de Paris. Recebeu as placas de prata e bronze do «Grand Prix» e Medalha de ouro da Exposição Internacional de Milão e a Medalha de ouro do II Congresso de Pesca e Aquicultura de Milão (cf. Nobreza de Portugal e Brasil T II).
O apertado critério do Severiano e do governo em geral deve ser o da mediocridade em que vivemos.
A ausência de individualidades é congruente, como se disse no post anterior e, quanto às forças armadas, seria quase uma afronta para a memória d'El-Rei D. Carlos I a sua presença por assentimento ou favor deste ou doutro severiano. Forças armadas merecedoras da honra de prestar homenagem ao Rei seu Marechal, compareciam primeiro e perguntavam depois.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

O governo Sousa proibiu o exército de participar nas cerimónias do cententário do assassinato d'El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real.

Esquecem-se - ou não o sabem - que o Rei, um diplomata experiente, um artista de mérito, Vencido da Vida, amigo de Eça, um oceanógrafo reconhecido, era o chefe de estado legítimo de Portugal e que caiu barbaramente assassinado no exercício das suas funções, às mãos de terroristas ...
E, de repente, detenho-me. Cosmopolita, culto, o Rei Artista e Mártir, uhm....
Afinal, pensando bem, a proibição é congruente:
Que tem este governo a ver com o Sua Majestade, o Rei Dom Carlos I de Portugal?
Nada.
Bem se sabe como Vulcano é uma divindade vulnerável (e venal, no sentido próprio, originário do termo). Venha o raio.

Entretanto, grande quantidade de cães e gatos norte-americanos foram fulminados pela desgraça dos donos, atingidos pela crise dos subprime (nada pior do que as crises com nomes latinos). Abandonados, vagueiam pelas ruas, fogem das cidades e são encontrados - e alguns recolhidos - pelos agricultores.
Daqui virá a condenação, o raio fulminante ou o ostracismo, mas tenho de confessar: pelo-me por uma boa corrida à portuguesa (pior, desconfio do carácter de quem não gosta) e ainda agora estava a comer línguas de gato. E pronto, nada pode ser mais alea jacta est do que isto.

terça-feira, janeiro 29, 2008

A questão nem é, aliás, que o país seja assim (vd post infra). A questão é fingir-se que seja de outro modo.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Missa de 30º dia

Em sussurro
....
- O estado comprou o Tiepolo com o dinheiro do seguro das jóias roubadas na Holanda.
- Sério?
- Disse-me o F...
- Uhm. Não sabia que os P(....) tinham uma colecção tão boa. Herdaram?
- Acho que foi comprado. Herdado de quem?
- Dos A (...). A bisavó era A. Os A tinham boa pintura.
- Ah, sim, esses eram grandes coleccionadores.
- Avós também da C.
- Via-a no outro dia. Ela ainda tem muita coisa?
- Creio que não. Gosta mais de pratas.
- Já passou o cesto do ofertório?
- Agora mesmo.
....


Sessão solene de encerramento das comemorações Moreau 80

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Da capital: está de parabéns o Dr. António Balbino Caldeira, do blog Do Portugal Profundo pelo arquivamento da queixa crime que contra si tinha posto o primeiro-ministro enquanto tal e, também, enquanto Pinto de Sousa tout court.
Espera-se que os graves incómodos provocados ao Dr. Balbino Caldeira não fiquem sem o devido reparo.
Boas notícias: Constança Cunha e Sá voltou e com um artigo notável.

quarta-feira, janeiro 23, 2008


A french beauty, Jeanne Moreau fête aujourd'hui les 80 ans
Por aqui abominava-se a falta de princípios morais (ser «sem princípios» era a indignidade total, o lodaçal corrupto de que se pedia Deus nos livrasse sempre) e lastimava-se a falta de convicções.
Ainda hoje invejo o tom de verdadeira aversão com que era pronunciado aquele «sem princípios» que vinha do início do tempo e, sobre gerações sem mácula, caía como um pequeno, privado e fatal juízo final sobre o torpe que escolhera a abominação.
Tenho feito carreira noutro campo: no da aceitação - por vezes até à rejubilação - das nossas fraquezas - sem grandes convicções, o que, de algum modo, salva do opróbrio.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Não se sente hoje a fúria dionisíaca que ontem animou tudo, até à grande exaustão.
Hoje há um pessimismo piegas, prudente, limitado, medíocre; numa verticalidade inexacta o destino afastou-se do seu prumo e, sem grandeza, a queda é em vão.

Fecho de bolsa: a Europa acabou por negar a sua propensão natural. A praça de NY continua negativa mas é já com um tédio mole que dissolve os milhões.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Tal como me prometi, vou ser ser politicamente correcto: belo dia de aquecimento global! De áspero, apenas o vento provocado pela passagem das acções, que se vão estatelar lá em baixo, perto dos subprime.
Acabei agora de ler uns dos últimos Agustina, que ainda não tinha lido. Por vezes, árduo, ler Agustina... ela gosta de adivinhas e por entre as adivinhas, muitos aforismos de Entre-Douro-e-Minho.

domingo, janeiro 20, 2008

Nalguns blogs - onde fui parar já não sei como - afirma-se ser mentira que o Santo Padre tivesse sido impedido de proferir uma conferência numa universidade romana. De facto, foi o Vaticano que cancelou o evento.
Quem tenha uma vaga noção do que seja dignidade saberá que o Sua Santidade, o Papa - que digo eu? Até um presidente de um pequeno país decente - não pode estar sujeito aos enxovalhos do rapazio... E foi bem sabendo isso que os promotores da acção censória agiram como agiram.
Querer pretender que o Santo Padre não foi impedido de ir à universidade naquelas condições é atirar areia aos olhos dos outros. Areia suja.
O post de ontem sobre o problema das legendas em mau português do Brasil - mas mesmo que fosse bom... - ficou incompleto sem um «aqui fica o meu protesto».
O dia de hoje, muito bonito, azul e tépido.

sábado, janeiro 19, 2008

A Fox, talvez por saber que está numa república de bananas, permite-se legendar em português abrasileirado algumas séries que passam aqui. Nem sequer são legendas do Brasil, mas de alguém brasileiro que julga poder legendar em português europeu. Lê-se senhorita, os pronomes estão errados fora do sítio ("eu vi ela" (!!!), "eu lhe disse" etc., etc).
Por mim, volto a ver a Fox quando tiver legendas em português europeu (norma culta Lisboa-Coimbra).
Como dizer? Que esteve um óptimo e consolador dia de Inverno ou que sofri as inclemências do aquecimento global?
Há 4 anos preocupava-me com isto.
Em 2005 lia os jornais e atentava contra o bom nome de Maria Filomena Mónica a quem insinuava uma paixão pelo Fontes Pereira de Melo.
Em 2006 terei, finalmente, saído? O dia 19 está em branco.
O ano passado escrevia sobre a tenebrosa TLEBS.
Hoje, oscilo entre a nostalgia melancólica e a preguiça (o certo é que tenho de ir fazer compras, mais logo).
Ah, o Pinto de Sousa falou sobre a inauguração do TGV Poceirão(?)-Caia, para daí seguir para Mérida... Caminhos ínvios e, creio, ruinosos, a rota da falta de imaginação.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

«Usando uma antiga estratégia, o islão invoca a liberdade contra a liberdade. Um método que sempre seduziu a "inteligência" europeia, invariavelmente partidária da força e da repressão: a liberdade invocada para autorizar um muezzin em Oxford é a mesma liberdade invocada para não permitir que o Papa fale na Universidade em Roma. A liberdade condena a "islamofobia" em Oxford e aprova a "catolicofobia" em Roma. (...) A liberdade vai morrendo.»

Vasco Pulido Valente, in Público
Dia muito agradável, com sol, sem vento -pelo menos aqui não havia - e a temperatura era amena.
Noite passada, como as últimas, debruçado sobre a lupa assestada sobre mapas antigos de cidades. Gosto muito de mapas e interrogo-me sobre o que terá acontecido a um enorme, de França, dificilimo de manter aberto e de que me lembrei agora. O mapa era bonito, em tons cinza e sangue de boi desmaiado - ou anémico (Pelo menos lembro-me dele assim). Também li umas páginas de coisas sobre a filosofia da ciência (sim, tudo nasceu do caso papal). Não li nada do The Warden.
Está muito nevoeiro.
Chegarão amanhã os livros encomendados há mais de um ano?
Ah, e li este artigo, com que concordo. Há 90 anos que a joie de vivre começou a estar na moda, sem ganhos apreciáveis. Quando era ainda temperada pela sentimentalidade - por mais escondida que fosse, era a tonalidade de fundo - podia ser suportável. Hoje, que desapareceu esse sentimento, a alegria, limita-se a ser um desagradável e estridente clarão, sem as boas sombras da beira do caminho.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

O que interessa discutir sobre Portugal e os resultados da política deste governo é, diz-se no Mar Salgado, isto
O que interessa a muita gente que não se discuta...

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Digam o que disserem: o episódio Armando Vara é de um sentido de humor muito divertido e bem disposto - e raríssimo em Portugal, onde costumamos guardar o nosso melhor para o estilo pompa fúnebre ou dói-me um pouco o estômago, sim, como adivinhou?.

E, além do mais, tem a sua moralzinha.

terça-feira, janeiro 15, 2008

"...e o tempo, o tempo está como é natural que esteja no inverno: chove e faz frio".

Este exemplo raríssimo de sensatez, ouvido há dias na RR, tem-me consolado de todas as vezes em que as locutoras e locutores lastimam, com um ar pateta, que não esteja um sol escaldante e 30º à sombra.
Preguiça.
Dia de ontem muito bonito, com luz perfeita à tarde num céu barroco - sem anjos.
Leio o The Warden, a história de uma questão de consciência de um clérigo anglicano do Séc. XIX.

Este post, de uma candura de jolie femme fez-me sorrir naquela tarde de que falei. Penso em La Rochefoucauld, nesta máxima, e nas hordas de gente esguia e bem sucedida a quem agradará a desgraça da Spears. Não é inveja. É instinto - e é preciso uma trabalheira enorme para lhe resistir.

domingo, janeiro 13, 2008

Não foi inútil. Confirma-se: a) a melhor receita de panquecas é a dos crêpes que aqui se enchiam com uma coisa qualquer com couve-flor ou espinafres (as dos outros crêpes não resultam, transformam-se numa espécie de folhado negro - talvez venha a ser moda); b) a receita está desajustada aos tempos que correm: produz, literalmente, dezenas de panquecas ou, pelo menos, meia dúzia; c) não acreditar sempre nas anotações feitas ao lado das receitas com «óptimos» e «muito bons»; d) o chocolate espalha-se com uma profusão... mistela obstinada! e) péssima ideia, o chocolate;
Coisas agradáveis em tempos uniformadores: que à mesma mesa se converse sobre o melhor modo de chegar à Ovibeja (dia 26 de Abril a 4 de Maio) ou se escute o lamento genuíno de outrém sobre o estado délabré do Danielli quando, ainda teen, lá ficou com os pais.

sábado, janeiro 12, 2008

O problema resume-se a isto: o cadeirão e este blog são quase incompatíveis (e o outro ao lado não é menos nocivo - talvez ainda mais: confortável, baixo, propicia o sono ou o desleixo, em nada favorecendo a poda severa da pregação).

sexta-feira, janeiro 11, 2008


Morreu Sir Edmund Hillary.
Desaparecem os heróis de que ouvia falar quando era pequeno. E não há outros. Não é por eu estar também a envelhecer (que estou): vivemos mesmo num mundo sem heróis, com muito pouca gente a quem admirar.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Bom rapaz o João Soares, civilizado, concordo muito com aquela coisa da Portela + 1 ou Portela + ou Portela tout court, do cuidar do que temos antes de nos lançarmos em novidades espalhafatosas e complicadas, etc. Francamente, não me lembro porque tenho antipatizado com ele (contágio da alergia ao Soares pai?).
É de crer que a opção do governo por Alcochete - uma boa notícia - provenha da convicção, hoje generalizada, da inadequação da arcaica política das obras públicas como «motor do desenvolvimento do país» (ou outra metáfora igualmente idiota para modelos de crescimento falidos). Creio que hoje seria impossível a construção de dez estádios para jogos de bola o que não deixa de ser animador.

O Pinto de Sousa guardou a divulgação desta decisão para o dia a seguir àquele em que com toda a desfaçatez deitou para as urtigas um dos compromissos eleitorais. E lá o vi há bocadinho, como se nada fosse, perorando.
A falta de princípios que a propósito do referendo veio ao de cima é assustadora e preocupante.
Deixem-me ter o meu momento de pragmatismo: é assustadora, é preocupante e não serve rigorosamente para nada: é inútil (isto é uma paráfrase do dito de Fouché: pior do que um crime, um erro. Aqui não houve crime, apenas umas baixezas, mas o erro - desrespeito pelo compromisso com o eleitorado - está lá).

Ah, mas enquanto o Pinto de Sousa debitava no parlamento aquelas inanidades saloias, os franceses (qualquer dia volto a gostar dos franceses...) os franceses, meus caros, preparam-se para se divertirem: o partido socialista francês quer um referendo!

À propos de França - Petite éphéméride: lembrem-se as feministas que, fez ontem cem anos, nascia Simone de Beauvoir. Não me posso esquecer como me comovi com a leitura de algumas das cartas que a ilustre pensadora dirigiu ao seu namorado norte-americano Nelson Algren. Em algumas, pedia-lhe, ternamente, o favor de lhe lavar as meias e lamentava-se que a lonjura a impedisse de lhe fazer a ménage, em geral. Já não há. Mulheres daquelas já não há.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Que surpresa, que enorme surpresa o Pinto de Sousa não propor o referendo da nova constituição europeia...
Ainda não estou em mim!

A sério: estou à espera dos resultados de New Hampshire. Por agora vai a Clinton à frente. Do referendo, achei desde logo que apenas seria feito se as coisas corressem bem ou mais ou menos bem. Estão a correr mal (e começaram logo a correr mal), o dinheiro escasseia, o Sousa «anda aos papéis» sem política, sem capacidade, sem a menor noção do que fazer para inverter as coisas e não tem arcaboiço para uma campanha nestas condições: não há referendo do tratado Merkel.
A previsibilidade da coisa não impede que seja mais um motivo para o pormos na rua o mais depressa possível.

Mais tarde: primeiras notícias da licença sem vencimento de Vara. Isso e as justificações adivinhadas para a esperada mas não menos escandalosa quebra de um dos compromissos do Pinto de Sousa e do actual governo fariam do defunto Conde de Abranhos um inocente amador, com as bochechas coradas de vergonha.

terça-feira, janeiro 08, 2008

As lágrimas de Hillary: é inacreditável como aquele casal não hesita em usar o sexo em política (e com o maior despudor).
De passagem: num país atrasado, anquilosado, pobre, que de quase tudo foi apenas proto, salvo no domínio férreo do estado, denunciam-se os excessos do liberalismo... Há os que são pró e alguns são contra, por vezes quase se zangam uns com os outros, mas na generalidade, todos eles são empregados públicos, alguns serão até colegas de serviço e a coisa acaba por serenar.
Comecei a ler o Warden do Trollope.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Continuam as manifestações de pesar pela morte de Luiz Pacheco ( li e gostei de algumas coisas dele, numa prosa sempre muito cuidada). Era o excêntrico e o rebelde oficial do establishment, o que, entre outras coisas, significa que era essencialmente inócuo - como notou certeiramente, JPC. Mesmo assim, as suas origens de aristocrata de província deram-lhe coragem e alguma ousadia que a militância nas misérias da boémia literária lisboeta não bastou para apagar.
Aos avisos de, entre outros, António Barreto e Vasco Pulido Valente sobre os perigos da democracia em Portugal responde JMF do Público dizendo que é tudo por causa do tabaco.

A coisa dos casinos já está resolvida: os jogadores vão poder fumar - como se disse aqui que iriam poder (ah, o dr. George também já foi esclarecido sobre a boa interpretações da lei...).
A LER

Sobre o Pinto de Sousa & demais misérias

domingo, janeiro 06, 2008

Epifania
Dia dos Reis Magos
Hoje na sua homilia, o Papa convidou à sobriedade de vida. Várias vezes ouvi apelos semelhantes se não do Papa, de altos dignitários da Igreja. Pareceram-me sempre, por mais que me agradasse o neo-medievalismo que lhes subjazia, meras nótulas de reflexão, com ambições apenas correctivas. Hoje, porém, ouvi-o como uma proposta muito séria de vida e de radical contemporaneidade.

sábado, janeiro 05, 2008

Coisas sérias

«O fanatismo da tolerância

[...] O fanatismo, o da Espanha (de Zapatero) e o da "Europa", não é novo; e o fanatismo anticatólico também não. É só estranho que este se funde na "diversidade" e o aceitem em nome da "tolerância". Uma "diversidade" imposta e limitada pela força do Estado, que não levanta a mais leve dúvida ou o mais leve incómodo. E uma "tolerância" reservada ou recusada pela ortodoxia oficial, que se tornou o argumento supremo da intolerância. O mundo moderno e a opinião que o sustenta autorizam o que autorizam e proíbem, muito democraticamente, o resto. As democracias, como se sabe, produzem com facilidade aberrações destas. Quem não gosta que se arranje ou se afaste. O Papa Ratzinger previu para a Igreja uma era de quase clandestinidade. Provavelmente, não se enganou.»

Vasco Pulido Valente, no Público de hoje
Dia de nevoeiro. Gosto de dias assim, cinza-água, mas por vezes a suspension of disbelief liquidifica, fica-se à mercê da humidade, o jardim das pequenas lembranças acabrunhantes viceja e, enfim, a coisa não se torna fácil.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Interessante. Expectável, mas interessante quand même.
(E até tranquilizador: já me tinha inquietado com a origem de tanto dinheiro para a compra de acções. Afinal, e como é hábito, é dinheiro público, i.e., nosso.)

quinta-feira, janeiro 03, 2008

As listas dos mais e dos menos e os políticos mais não sei quê e os escritores menos não sei que mais e balanços disto e daquilo, esta gente tem uma vocação para contabilista que apavora qualquer um com mediano pavor à manga de alpaca.
Vi o documentário sobre os pais de Odivelas que passariam a noite do dia 1 para 2 de Janeiro de 2008 à chuva e ao frio, não fosse a atitude caridosa do Padre da paróquia que lhes abriu uma sala para os abrigar.

Senti uma imensa vergonha.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Um pouco de desatenção, uma saída à tarde e nem se dá por a coisa ter começado: refiro-me à discussão de inanidades, desta vez aquilo do nome das escolas.

O que interessa, convirá repetir, é que o actual governo não tem qualquer política ou esboço de política que evite o contínuo empobrecimento de Portugal.
A questão é esta: porque havemos de ser pobres, porque não conseguimos crescer a taxas que nos aproximem da média europeia, ao contrário dos outros países que entraram na UE?

Esta é a questão. O resto...

(De qualquer modo, e porque sou português, ser prolixo, a questão do tabaco nos casinos vai ser interessante de seguir. Tenciono dar algumas gargalhadas à conta do caso)
Gostei de ouvir hoje (ontem estava num jantar de Ano Bom) o presidente da república chamar a atenção sobre o destempero dos ordenados praticados em Portugal. Creio que estaria a pensar em Victor Constâncio que apenas ganha algumas dezenas de milhares de euros mais do que o seu colega dos Estado Unidos da América do Norte, o presidente do FED (o que aqui já se disse numerosas vezes) ou no caso, igualmente escandaloso, dos administradores da Caixa Geral de Depósitos. Todos estes casos de mau uso do dinheiro público são, por assim dizer, de estalo.
Continuemos: nos casinos pode-se fumar, pelo que ouvi. Não fico espantado: os jogadores saírem para fumar acarretaria prejuízos não negligenciáveis. Não é, por isso, matéria em que o governo ou os deputados de um país pobrete estejam autorizados a imiscuirem-se (muito menos de um país pobre que teve uma colónia chamada Macau).
Enquanto explicava, com um argumento «jurídico», esta estranha omissão nas preocupações governamentais com a saúde dos portugueses, o presidente da Asae dizia calinadas na língua pátria: «interviu» por interveio... (ouvido por estes ouvidos no noticiário da RR ao meio-dia).
Não sei porquê, senti-me estranhamente, amargamente tranquilizado.

Mais tarde: encontra-se a polémica aqui. Pelo que disse, tenho quase a certeza de que se vai poder fumar nos casinos, mormente ao pé das máquinas, para que o escravo coração não tenha que escolher entre dois vícios.