segunda-feira, julho 23, 2012

Até onde podemos traçar a linha da única religião portuguesa, o culto do estado?
D. João II ou o Marquês de Pombal que mataram com abundância - e o segundo fez uma inexplicada grande fortuna - são figuras impingidas aos portugueses como grandes estadistas.
Camilo Castelo Branco denunciou o culto republicano do Pombal, mas creio que estava a ser optimista: o culto da brutalidade e autoritarismo estatais são devoções nacionais.
Agora, mesmo sem personificações plausíveis, crê-se ainda assim nesta divindade até à extorsão total.
O FMI, que já terá percebido o carácter profundamente perverso da religião de estado portuguesa, preveniu que a diminuição do déficit (uma heresia, afinal) teria de ser feita pelo lado da receita.
Será uma tarefa quase impossível.

quarta-feira, julho 11, 2012

Nortada, como sempre, no Verão de Portugal. Na segunda quinzena de Julho, o vento caía e vinha calor, os dias mais quentes do ano. Depois, com Agosto, o vento voltava, de noroeste, atlântico e fresco.

quinta-feira, julho 05, 2012

O estado português distorceu até despedaçar o mercado de arrendamento. Fê-lo à custa do direito de propriedade, pela limitação da liberdade contratual. Parte foi oportunismo, parte falta de princípios e o restante aquele misto de ignorância e construtivismo social - que, em Portugal, esquerda e direita partilham. O resultado de tudo isso, para além da liquidação física das cidades, com a perda de património cultural material e imaterial, foi forçar os portugueses à compra de casa, para que milhares deles não tinham meios. Agora, querem devolver aos bancos as casas que deixaram de poder pagar e o Poder, que é sempre generoso com o dinheiro e direitos alheios, quer alterar o regime da garantia das obrigações. Acontece, porém, que lá fora, os credores (que vivem no estranho mundo dos adultos), ao perceberem este delírio manso - mas devastador dos mais elementares e universais princípios do direito dos contratos, acabaram de explicar aos bancos portugueses que terão de assinalar as imparidades (perdas) que surgirão dessa mudança de regime, o que pode atrasar em anos a possibilidade de poderem financiar-se, por eles, no mercados, com a consequente escassez de crédito ... Por uma vez estes imbecis vão perceber algo de muito simples: não há vantagens sem desvantagens. Perceberão?

quarta-feira, julho 04, 2012

As últimas notícias da partícula de Deus
do Público


«Suponhamos que o Higgs é um jornalista e que as outras partículas subatómicas são figuras políticas que atravessam uma sala (o Universo). O movimento - a velocidade de deslocação - de cada político dentro do grupo de jornalistas (o campo de Higgs) será mais ou menos lento dependendo do número de jornalistas que os querem entrevistar e que se aglutinam à sua volta.

Quanto mais jornalistas (mais Higgs) o político tiver a travar a sua passagem, maior o peso mediático desse político... ou seja, maior a massa dessa partícula. Pelo contrário, um político que ninguém está interessado em entrevistar será mais leve (terá menos massa) e poderá deslocarse no meio dos jornalistas sem abrandar tanto, interagindo muito menos com o campo de Higgs.»

Impossível que o Impensavel não assinalasse a suspeita desta descoberta.


Nota: As notícias em inglês contêm estranhas palavras  (e.g. "physics", "science") que aqui são tidas por "arcaísmos".
Não, não é impressão sua, senhora ou senhor leitor. Em qualquer país com uma réstea de ética na vida pública o ministro Relvas teria sido demitido ontem.

segunda-feira, julho 02, 2012

O manjerico deste ano tinha-se transformado, à tarde, num chorão exangue, situação tão mais lamentável quanto a rega tinha sido pensada com cuidado, para evitar excessos. Acudiu-se-lhe com água e, passado uma hora, pareceu começar a recompor-se, mas ainda sem deixar de inspirar os maiores cuidados.
Mas tudo correu bem e hoje lá está, fresco e viçoso. Para lhe prestar socorro ficou interrompida a leitura da Apologie que Montaigne faz de de Raimond Sebond, o teólogo natural.