quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Os bancos canadianos são conservadores e, por isso, cautelosos. Como cautelas sempre fizeram mais bem que caldos de galinha, ainda não precisaram de um ceitil governamental que fosse e estão de saúde.
Enquanto ontem o primeiro-ministro calinava no Parlamento (não sabe falar português e diz acórdos ao invés de dizer acordos. O timbre da vogal tónica de acordo não sofre qualquer alteração no plural mas ele não sabe, ou pior ainda, julga que sabe), dizia, enquanto o primeiro-ministro maltratava a língua pátria, o número dos subscritores do Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa aproxima-se dos 100 000, provando que nem tudo é mau nesta pobre terra.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

«A demissão do Ministro da Justiça espanhol Mariano Bermejo do governo de Zapatero por ter ido caçar com o célebre juíz Baltazar Garzon na altura em que este abriu um processo de corrupção que envolverá membros do PP é perfeitamente incompreensível em Portugal. Cá uma coisas dessas era noticiada na imprensa cor-de-rosa, com fotografias, e a declaração de ambos de que ninguém falara de «política» na caçada...» José Medeiros Ferreira, Bicho Carpinteiro
Lido aqui

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O Dow Jones está ao nível de 1997: 7114.

Eu não quero ser pérfido mas como lembrava já não sei quem, a economia norte-americana ia muito bem até à vitória democrata nas eleições de 2006.
A posição (oficial) do Impensável sobre a cerimónia dos Óscares:

Cadência e rítmo são coisas diferentes e se é verdade que houve algumas cerimónias que se arrastaram, outras houve extensas que tiveram um bom ritmo, sempre animadas. As do tempo de Billy Crystal são um exemplo.
Assim como está, numa lufa-lufa rumo à normalização enlatada, não me agradou.
E não retiro uma palavra ao que disse.
Provérbios que me occorrem

Meryl Streep no ar?
Acções a recuar!

Meryl Streep desaparece?
Marca já o Mamounia em Marrakesh!

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

O matrimónio enquanto instituto jurídico nasceu para assegurar a certeza da filiação e a manutenção do património - económico e cultural - nos filhos, tornando-os sucessores de seus pais - ocupando o seu lugar - successio in locum - e perpetuando-os no tempo (as leis do direito sucessório eram e são ainda uma extensão das do casamento).
O matrimónio lida com a esperança de imortalidade: para quê obter uma certeza razoável de que o filho da minha mulher seja meu filho - senão por serem os meus filhos, a carne da minha carne, e não outrém, os únicos a poderem libertar-me do esquecimento, continuando-me em gostos e modos, eles e os filhos e netos deles até à consumação dos tempos?
Por isso, o casamento mono-sexual, estéril, temporal, morredouro, provoca a rejeição: porque nada inaugura e nada tem a dizer ao futuro, é simbolicamente falhado.
E sobre casamentos, filhos, maridos e mulheres, imortalidade, amor, compaixão, ódio, perdão, desgosto, ternura, poder e renúncia - imortalidade incluída:


quinta-feira, fevereiro 19, 2009

A nostalgia da ditadura ou a apetência para o carnavesco:

No Público: Ministério Público proíbe sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras

P.S. O Presidente não deveria ter acatado a ordem da procuradora. Devia ter desobedecido e desobedecido com estrondo. Se a procuradora resolvesse acusá-lo de desobediência ía-se ver como era (até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem).



Sono.
Lembrei-me que não tinha nunca lido a Crónica de D. João II do Rui de Pina, apenas a de Garcia de Resende, e colmatei a falha de um fôlego, à noite.
Era muito tarde quando acabei a leitura - mesmo com os seus pulos.
Garcia de Resende começa a vida de D. João II pela sua concepção, no regresso alegre de uma caçada real.
Rui de Pina inicia a crónica pela notícia da morte de D. Afonso V. É mais português e triste, com pequeninos desmazelos. Não recomendo.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Do Público: «Com 2,15 homicídios por 100 mil habitantes, Portugal surge como o país com a mais alta taxa de homicídios da Europa Ocidental em 2006, segundo o último relatório do Departamento de Drogas e Crime das Nações Unidas. Os dados, coligidos no final do ano passado, não coincidem com os números nacionais, o que a Polícia Judiciária justifica por haver diferenças na qualificação de homicídio*. Em toda a União Europeia, só a Lituânia, a Estónia e a Letónia superam a taxa portuguesa.»
Nunca acreditei nos brandos costumes. Sempre achei os portugueses uma gente cruel. E não seria agora, sem império para se perder, e seca com o fim dos milhões europeus a esperança de mais facilidades que as coisas iriam melhorar.
* entre nós é uso ter sempre alguns mortos no governo e admistração pública que, por uma questão de polidez, não são tidos como defuntos. É a razão do desencontro dos números.
Enquanto o desemprego sobe, a crise - que também é moral - se agrava e a sensação de deriva intimida o país, o governo não cessa de nos dar um exemplo dessa perturbante frivolidade dos moribundos*.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Passei pelo programa de televisão onde se "debatia" o casamento homossexual e vi uma mulher com um ar muito autoritário, numa grita imensa, a espumar ódio.
Temi-me dos tímpanos e mudei de canal.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Acabou hoje o julgamento do motorista português que teve o acidente em Inglaterra em Outubro.
Quatro meses.
Em Portugal, a lei prevê um ano apenas para a dedução da acusação... o que, traduzindo, significa que no nosso país o Ministério Público tinha prazo até Outubro próximo para acusar, seguindo-se mais uns meses largos até à audiência.
A vitória de Chávez na Venezuela não torna menos democrático o regime, pelo menos de um ponto de vista formal.
Um dia mais tarde, porém, quando for evidente que a Venezuela se tornou uma ditadura, será fácil perceber a importância desta votação, do quanto ela esteve longe de ser democrática e do indispensável que era para a morte da liberdade.
E haverá então - muitos festejam a vitória de ontem - quem acuse, se tal convier, as democracias de indiferença, de não terem agido a tempo.

domingo, fevereiro 15, 2009

Passatempo Impensável (inspirado nos do Sorumbático que, confesso, me caíram no goto pelo ar antigo simpático):
Quem podia dizer, e dizia, ser «filho de uma rainha, irmão de um imperador, neto de um bispo e bisneto de um rei»?
Respostas até 15 de Julho.

sábado, fevereiro 14, 2009

O Procurador Hélder Moura, ao explicar o motivo pelo qual não autorizara uma busca a casa de Sócrates (para não pôr em causa uma figura como Sócrates !!!) atesta com meridiana clareza o quão longe estamos de viver num estado de direito e numa democracia adulta.
Ainda sobre democracia, estado de direito e claustrofobia, imprescindível ler, no Público, O mundo pequeno do caso Freeport, um artigo de Clara Viana.
Sobre o que escreveu JPP sobre este mesmo artigo e o establishment socialista, convirá dizer que não é a nossa pequenez geográfica que torna a independência difícil, não caiamos em determinismos. Talvez um pouco a pobreza, muito a fraqueza do estado de direito, mas não há relações necessárias.
Necessário é transcrever aqui o que escreve JPP: «(...) existe um establishment nacional à volta do PS e que só ocasionalmente toca no PSD, no PP e só marginalmente no PCP. É menos "bloco central" do que se pensa e mais PS do que se imagina. Atravessa praticamente todos os lugares onde realmente há poder e dinheiro em Portugal, seja fundações, old boys networks, gabinetes "técnicos", o mundo da "cultura" subsidiada, universidades, lobbies organizados como agências de comunicação, empresas públicas, grupos ligados à Maçonaria com uma presença forte no sistema judicial e nos serviços de informação. Inclui bancos e grandes empresas muito próximas do estado e do poder político socialista. Era no sector empresarial que ainda havia algum pluralismo, mas mesmo aí tem havido uma significativa perda de independência. E quem escapa a este establishment e fere os seus interesses nunca terá um bom emprego, terá sempre a reputação em perigo (um dos aspectos mais importante deste establishment é o de dador de "legitimidade" simbólica, através de lugares, prémios, homenagens, protecção) e parece sempre "excessivo".»

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

É Eça quem diz que, entre gente superficial, afinidades em pequenos nadas provocam grandes simpatias e podem ter grandes repercussões? Acho que é o Eça. E é verdade: perco, diariamente, e por diversas vezes, óculos, chaves, telemóvel, o móvel do fixo, a carteira, o comando da televisão, o comando do dvd e do ar condicionado, o relógio e ainda toda uma série de pequenos utensílios que seria ocioso mencionar. Isto eu. E o Presidente Obama, com quem eu não simpatizava muito, não perdeu já uns três secretários de estado? Pois quando soube passei a olhá-lo de outro modo, a considerá-lo um dos meus, de tal modo que, aquando da última perda, um secretário do comércio, tive vontade de lhe lembrar, solidariamente, para ir ver bem outra vez, nas gavetas de cima da papeleira, onde eu encontro sempre as mais disparatadas e inesperadas coisas.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Chegar a casa miseravelmente à beira da apoplecté, afundar aqui no sofá, «esta é a minha carta ao mundo» na mão, aflito.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

A crise é agravada pela "demagogia intolerável do primeiro-ministro"

Quem disse foi Soares Santos, o presidente da Jerónimo Martins.

Lembro aos meus caros leitores que Jerónimo Martins era quem vendia em Lisboa (no Chiado) o azeite que Alexandre Herculano produzia em Vale de Lobos e que era considerado (mesmo em meios conservadores e sérios) o melhor de Portugal.
A frase supra é herdeira de uma lucidez com grande riqueza histórica e conceptual-organoléptica a merecer a nossa atenção.

Mário Soares, sobre a situação política:

"Não estamos livres de termos por aí... uma coisa qualquer"

terça-feira, fevereiro 10, 2009

O Dow Jones desce 4%, queda atribuível à imperícia da equipe económica norte-americana, incapaz de anunciar algo mais do que generalidades.
E enquanto Geithner diz de menos, Obama falava, há dois dias, de catástrofe económica.

Creio que vamos ter saudades das gaffes de Bush.
Ao contrário do proposto por Obama, o Irão não fala sem condições e pretende um conceito inicial.

(Assim se colocam os USA numa situação de inferioridade negocial: definir o conceito é, à partida, aceitar as condições do Irão, depois de haver renunciado a impor as suas)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A exigência de ser tratado por ministro e sem [humanas] confianças, aquele telefonemazinho de Silva Pereira a Mário Crespo, tal os olhares daquela mulher de Cesário, vale por muitas bibliotecas e por muitos ensaios sobre a natureza e exercício do poder em Portugal.
Hoje recebi de amigos, parentes e parentas, mails com um artigo bem escrito e desassombrado (volta-se a estes adjectivos, que deveriam ser de raro uso em democracia), atribuído a Mário Crespo. Vejo agora que é mesmo de Mário Crespo que, por vezes, me parece um entrevistador apagado e conformado, longe da pessoa que tem a coragem de escrever aquilo.
Muitos parabéns.

domingo, fevereiro 08, 2009

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Mas, em Portugal, a apreensão dura pouco e, por isso, depois da entrevista com Ricardo Salgado, veio a defesa, feita por António Costam na Quadratura, da honra ofendida do primeiro-ministro e que acabou por ser um bom momento de tragicomédia. A parte trágica, tudo suceder em Portugal e fazer parte da nossa história - por muito que seja da mais pequena e triste. A comédia, o resto, as peripécias: o caso com o actor, o curso, as casas, o Freeport, a indignação mesma do edil, que contava pelos dedos as aleivosias e tudo assacava à sanha da direita.
Eram as 23h e 29 minutos.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Entrevista de Ricardo Salgado. Fiquei ciente de quão as garantias governamentais são onerosas. Além disso, pelo tom geral, confirmei as minhas piores suspeitas: isto está medonho.
Quanto à «jornalista», sempre estridente e tendenciosa.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Quando se chega a mezzo del cammin algumas coisas se hão-de dar por assentes.
Assim, ser o Assam o melhor chá para tomar com leite passou a fazer parte das minhas certezas. Sem ou com muito pouco açúcar.
Das leituras - muito erráticas - desta noite

«Life is sweet, brother... there's night and day,
brother,
both sweet things; sun, moon and stars, brother, all sweet things; there's likewise the wind on the heath.Life is very sweet, brother; who would wish to die?»

Jasper Petulengro, cit. por George Borrow - este.

Duas páginas à frente, outra citação, Hamlet: «There's a divinity that shapes our ends.»

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Um programa estranho, o "Prós" sobre o Caso Freeport, que foi o grande ausente: nem sequer foi tocada a questão do decreto que modificou de forma tão coincidente, no tempo e no espaço, a zona de protecção e os limites do outlet...
A apresentadora impõe um ambiente familiar e doméstico que, penso, seria difícil de encontrar nos saraus que as Zitas organizavam para as antigas criadas -,e procurou, no fim, dissolver o assunto na leviandade nacional e admoestou o país - e a justiça - sobre esse hábito terrível, ai ai, vamos lá a ter juizinho.
(O dr. Júdice também murmurou sobre o fim dos tempos que inevitavelmente chegará se as pratas ficarem com manchas, digo, se insistirmos em apoquentar o sr. primeiro-ministro. Achei avisado e simpático da parte dele).

P.S. Algumas horas depois: não sei a que propósito, de repente, tudo isto - o país, as gentes - me pareceu indigente, encardido, pífio.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

No Insurgente li isto e de manhã tinha, também, recebido um mail com uma lista de casos semelhantes.
Agradecia que me confirmassem tratar-se de um bug que multiplica por 100 ou por 1000 os verdadeiros preços, que me sossegassem.
Sol.
Arranjos no telhado.

domingo, fevereiro 01, 2009

No dia 1 de Fevereiro de 1908 foram assassinados El-Rei D. Carlos I e Seu Filho o Príncipe Real D. Luís Filipe.
Lembremo-nos deles.