quarta-feira, setembro 28, 2005

De notável o estar mais fresco em Marrocos, às portas do Sahara, de que aqui, neste assombrado país.
O site que contém estas lastimáveis revelações é este.

terça-feira, setembro 27, 2005

Satie e a noite que resfrescou com o vento noroeste. Esta noite passa dispersa, tinge as horas de volutas escuras e serenas.

segunda-feira, setembro 26, 2005

29º C... desliguei.
Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor! Farto de calor!

domingo, setembro 25, 2005

O autor deste blog é monárquico e, por isso, as eleições para a presidência da república não lhe dizem respeito. Deve, no entanto, confessar que ouvirá, lerá e reflectirá sobre o pensamento e acção dos candidatos como se fora votar nas eleições destinadas a tal cargo. Em suma, não tenciona perder pitada.

sábado, setembro 24, 2005

Do fundo do meu sofá vejo a tarde lá fora. O vento sopra de Noroeste e oiço-o de vez em quando por entre Quiet City de Copland. Congemino com lentidão sobre viagens breves na semana do 5 de Outubro.
Que bom dia de Outono, de luz magnífica, um ouro suave que apenas se pressente no azul brando.
No Queijo Limiano, a propósito de Fátima Felgueiras contam-se coisas tenebrosas. Podem ser verdade. O que interessa ao Impensavel, porém, não são esses segredos de estado & polichinelo com muito dinheiro para excitar as imaginações ainda de país genuinamente pobre, mas o facto de que o código de processo penal pacificamente vigente é uma selvática aberração - o que não parece incomodar ninguém.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Continuo a ler reacções indignadas ao despacho da Juíza no caso Fátima Felgueiras. Gente com alguma responsabilidade acha normal que haja pessoas à espera de serem julgadadas privadas da sua liberdade por períodos que podem atingir anos. Essa mesma gente tem obrigação de saber - e, se não souber, de se informar - que tal alarvidade na Europa apenas acontece em Portugal ou em algum dos países de leste que ainda não tenha revisto a legislação em vigor ao tempo das ditaduras comunistas.
Essa gente não se interroga sobre o porquê da desumanidade da lei portuguesa ou parece concordar com ela.
Estão as gentes muito preocupadas com o facto de Fátima Felgueiras estar em liberdade a aguardar julgamento. É o normal em qualquer democracia avançada - naquelas em que os prazos de anos do nosso código de processso penal são, para actos idênticos, de dias ou de horas.
Convirá meditar estas coisas simples.
Sem sono, de olhos bem abertos, agradeço, muito grato, os parabéns amáveis e bem dispostos de Charlotte do Bomba Inteligente e do Anarcoconservador.

quinta-feira, setembro 22, 2005


Lord Frederic Leighton

Persephone conduzida por Hermes é recebida por Demeter, sua Mãe
Há dois anos começou este blog, no tempo do regresso de Perséfone lá dos infernos (sim, é no árido estio que a deusa partilha os seus dias com Hades).
O blog continuará impensado, creio.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Olha, olha, a Fátima Felgueiras voltou... Uhm... podia ter estado presa preventivamente estes dois anos como, com notável selvajaria e resquícios fortes da inquisição, permite a nossa actual lei. Preferiu o Brasil, fez bem. Ah, como todos os arguidos ela é presumivelmente inocente, não esquecer.

terça-feira, setembro 20, 2005

Sinto-me solícito ("bom dia, bom dia, olá como estão?") e enérgico, venho investigar o meu blog, colo um post, depois duche, preparações matinais, mais bom dia, bom dia, volto ao blog e vejo que foi visitado em pouco tempo, nesse pouco tempo, por uma horda de norte-americanos do Kentucky a NY, com passagem pela Califórnia . Sento-me, atordoado e tento saber o que fiz. Ter-me-ei tornado leitura obrigatória em Grand Forks, North Dakota, ou em Bonita Springs, Florida ou ainda em Scottsdale, Arizona ou... Terei, involuntariamente, e de boa fé, claro, publicado, por uma daquelas terríveis coincidências, códigos secretos do exército norte-americano? Tremo com a conjectura... E o leitor de Macau? E esse? Ah, esse, meus caros, esse sei quem é, o mundo é pequeno. Esboço a primeira explicação plausível - e, também, o que diz muito deste mundo, a mais maçadoramente chã: o google e as palavras mágicas: dylan, hippie. Uhm, assim deve ser. Pena.
Pena? Quem me dera poder já lamentar-me descansadamente! E o leitor de Singapura? E esse, sim, e esse, ao que vem???

Encho o meu ipod novo e depois interrogo-me: Brel, Dylan e Baez, o que diz de mim tal escolha? Sou, afinal, um esquerdista clandestino? Um velho hippie? Lembro-me, então, do postal que me enviaram do seu colégio de freiras, na Suiça, umas queridas amigas minhas que lá tinham ido passar férias, nos inícios dos, temo dizê-lo, anos setenta: ostenta um definitivo "Il est interdit d'interdire". Descanço... não sou eu que estou comuna, são os anos 60 que perduram como um reumatismo juvenil e rebelde.
E, arrumado o assunto, volto às questões importantes e interessantes.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Li agora o post da noite. Que acesso de idiotia, enfim... todos temos que nos aturar a nós mesmos e, por vezes, é necessária uma quase infinita paciência para essa tarefa desagradável.

P.S. Semana quente, a próxima, perto dos 30º C, ainda acima. Nos últimos anos têm havido estas calorosas despedidas do Verão, o que se pode fazer? Suportar...
Saí, já passava da meia-noite, mas abreveei o passeio pelo jardim em frente: estava frio. Disse para comigo "está frio" e voltei para dentro, como já não fazia há meses, recolhi-me na tepidez de novo saborosa da casa.

sexta-feira, setembro 16, 2005

« Je n'ai pas de tradition, je n'ai pas de parti, je n'ai point de causes si ce n'est celles de la liberté et de la dignité humaines. »
Comte Alexis de Tocqueville
Quando vi a enchente fui ver o que a tinha provocado. Descobri, então, a Bomba de Ouro atribuída a um desabafo de ontem. Agradeço - muito - como sempre: confundido e corado. Sim, corado.
Muito obrigado, Charlotte.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Há quem, com afinco e persistência, se esforce por juntar o inútil ao desagradável.
Que se há-de fazer?

quarta-feira, setembro 14, 2005

Pouco tempo na escola, poucos cursos superiores (e o pouco tempo mal aproveitado e os cursos idem). Nos números dos organismos internacionais a imagem mais nítida de um país que, no essencial, falhou.
É o país do menino Daniel que com seis ou sete anos guarda gado nas serranias para ajudar os pais - e supõe-se que a ele mesmo -, tem uma vida miserável e cansativa e quando veio a notícia disto ao conhecimento da nação foi uma comoção e levaram-no a ver o mar e ninguém se lembrou de punir os pais - que, coitadinhos, gostavam muito dele, queriam o melhor para ele e por isso o punham a guardar vacas sozinho.
Tenebroso - mas condiz, afinal. Afinal condiz.

terça-feira, setembro 13, 2005

28º C! Uhm Insuportável em princípios de Junho, um mau augúrio de insuportáveis calores a vir, agora apenas uma temperatura já fora de época, despedida de Verão, uma surpresa calma, preguiçosa, onde se espera encontrar um perfume de mosto, oiros em fundos de jardins, o lanche que é trazido, a tarde che va e rompe as arestas já frias das horas que chegam no fim.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas;
Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.
É teu fim, teu projecto encher de pejo
Esta alma, frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo.
Queres que fuja de Marília bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela

Manuel Maria Barbosa du Bocage

domingo, setembro 11, 2005

Se ao crime se pode ainda nos dias de hoje juntar-se o sacrilégio, o atentado de 11 de Setembro foi-o ao obrigar os nossos sentimentos de indignação e mágoa a conviver com a espectacularidade, a serem através dela, num cenário de excesso e aturdimento, de um cenotáfio do que é essencial.

Quatro anos, já!

sábado, setembro 10, 2005

Ofereci-me ontem, num momento de injustificada e condenável prodigalidade, uma caneta estupenda e tenho estado a experimentá-la. Escrevo frases soltas, faço cópias, e descobri que há muito, muito tempo não escrevo à mão. A escrita está quase ilegível e os meus músculos, os meus tendões, aquilo que mais fundo em nós, mas já longe, ainda reconhecemos invólucro de modos, de disposições, isso parece ter perdido a intimidade com o mim escrevente que, ia dizer “aqui de cima”, olhava a escrita que “lá em baixo” corria, azulada como um céu.
Isso perdi e não sei se reencontrarei.
"Por todo o País há interrogatórios judiciais que se arrastam pela madrugada e os funcionários não recebem nada pelas horas extraordinárias..."

Esta preocupação, de carácter laboral é muito estimável, mas o que me interessa, enquanto cidadão, é que não haja, que acabem de uma vez por todas, interrogatórios que se arrastam pela madrugada.
Já aqui falei nisto, mas não me tinha ocorrido que os senhores funcionários também fossem prejudicados por essa tocante brutalidade, nascida do denodo dos senhores magistrados e do nosso louvável código de processo penal - o tal que os funcionários ingleses (? )muito invejaram como dizia já não sei que "operador" judicial.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Ensinamento de Wilde a reter em tempo de eleições:
"Seriousness is the only refuge of the shallow"

quinta-feira, setembro 08, 2005

A propósito de desenvolvimento, o presidente do tribunal constitucional que ia a 200 km à hora na estrada, foi apanhado, não pagou multa e veio depois com uma desculpa esfarrapada (daquelas que se traduzem numa presunção forte de idiotia para todos os que supostamente a terão de suportar, tomando-a como boa), esse já se demitiu? E se não se demitiu, já alguém lhe segredou ao ouvido que deve fazê-lo? Sim, que mesmo aqui deve fazê-lo? Temo que não.
Portugal desceu mais um lugar na lista dos países desenvolvidos e foi ultrapassado pela Eslovénia. Coincide com as minhas "impressões" e creio que descerá mais.
Ainda não vi comentários "oficiais", (o eng. socrates está para Troia onde foi ver o bota abaixo das torres da torralta) mas é de crer que esteja já alguém a congeminar um decreto - que na religião oficial portuguesa exerce o papel que as preces ocupam nas outras religiões - para que voltemos a conquistar o lugar perdido. O assunto do decreto pode ser qualquer um, desde que se traduza por uma obrigatoriedade modernaça e levemente proto-fascista ou meramente autoritária que é o que está na moda. Obrigação dos fumadores se apresentarem na delegação de saúde da sua área de residência, por exemplo.
Sempre amável, Lady Charlotte quis notar no seu blog a minha volta de férias provocando a conhecida invasão de senhoras e dandies curiosos. Não deixo de estimar e desta vez mais, já que, ligeiramente tomado de superstição, desejo passar depressa os treze milheiros de visitantes.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Outra vez: locutores de telefonia falavam da Soberana inglesa, da Rainha que teve entre os seus primeiro-ministros Churchill ou Margaret Thatcher como se se tratasse da governante de um país abandalhado, caricato, atrasado e pobretanas. É esta gente, já o observei aqui, que, depois, perde horas a falar, com um ar muito sério, de soares, cavacos e sampaios, os grandes presidentes de santanas, guterres, sócrates e barrosos. Está tudo doido.

terça-feira, setembro 06, 2005

A luz de Setembro, depois da estridência da do pino do Verão - um fulgor a pique que fere os olhos - regressa, amena, suave, o Um murmúrio de luz de Pascoaes.

domingo, setembro 04, 2005

Hoje, o Sol pôs-se antes das oito. Tinha-se levantado já depois das sete. Voltam os dias sensatos.

sábado, setembro 03, 2005

Estava em frente aos meus olhos, no "Ambiente de trabalho", mas não reparava nele. Era um ficheiro de notebook e o seu título "onde vou" chamou-me a atenção, há pouco. Para onde ia eu? Abri o ficheiro e o que lá constava era isto:
"Red Lion
lucid thought
Responsibility is the life-blood of efficiency
School Board was the only alternative
under a United District School Board
who have been rushed into the big
Band was the outcome of"
Fiquei, por minutos, sem saber do que se tratava.... O começo sugeria-me um tenteio literário "Red lion/lucid thought. Uma ode a Churchill? A minha admiração pelo estadista tem limites e limitações que terminam muito antes da poesia. A 3ª linha pareceu-me certa, mas para que a teria eu escrito em inglês, se fora eu a escrever aquilo? Uhm, aquilo não era meu: não sou burro o suficiente para escrever algo que me poderia ser devolvido com graçolas fáceis e certeiras. A questão da escola atormentou-me ainda mais! E, de súbito lembrei-me: "onde vou" é, afinal, onde ia na leitura do "Grain and Chaff from an English Manor" de Arthur H. Savory que fui lendo, no computador, a Primavera passada. Com as frases no ficheiro depois bastava-me recorrer ao localizar para encontrar o sítio onde interrompera a leitura. Era apenas isso.
Pensei que a nossa papelada, que às nossas gavetas físicas onde é de tradição, um dia mais tarde, alguém, arrumando-as, meditar sobre os recônditos da alma de cada um, se vieram acrescentar hoje estas digitais. - «"Red lion, lucid thought?" O que quereria ele com isto? Enfim, este também é para apagar».

(Este último itálico é mesmo assim.)

sexta-feira, setembro 02, 2005

Exercício de desonestidade intelectual delirante e de péssimo gosto, ao modo dos usados pela esquerda: "A incapacidade e ineficiência - se as houve - da cidade de Nova Orleáns e a culture française. Relação necessária?"

quinta-feira, setembro 01, 2005

Li a notícia da candidatura de Kenneth Clarke à liderança do Partido Conservador em Inglaterra e não pude deixar de meditar sobre o facto simples de poder vir a influenciar mais a minha vida - e a nossa - a eleição de Clarke do que aquela outra de Mário Soares, agora tentada.
Ainda a desfazer malas e em arrumações mentais.