sexta-feira, agosto 31, 2007

Voltei há dois ou três dias mas creio que com este tempo vou para a praia outra vez ou a ares para o Minho.
Deixo, por isso, para mais tarde o regresso ao Impensavel e aos meus deveres de blogger.

terça-feira, agosto 21, 2007

Fiquei a tarde no hotel a ler a correspondência entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena, o que faz com que veja as actualidades como encardidas coisas descendentes daquelas outras que já então os afligiam e entre si ingenuamente esperavam que sem geração fossem.
Pobres grandes poetas maiores!
Experiência de novo horário arruinada pela ventania que, dizem, vai continuar. Desânimo. Por mim estou pronto para antecipar a partida e voltar para casa.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Aqui nesta areia onde me acoito durante a canícula não se vai para a praia antes das três da tarde. Não era assim quando eu era pequeno - como tenho dito, embora talvez sem a suficiência que o assunto merece: nessa altura, às nove e meia da manhã já as criadas nos levavam através da frígida bruma. Depois, quando a minha geração cresceu, casou e começou a ter filhos, tudo nesta precisa ordem, as coisas tinham mudado, com dramático destaque para a questão do pessoal doméstico, quase desaparecido. Estremunhados, insones e firmes em não abdicarem do direito aos jantares e idas às discotecas, os pais protestavam: a revolução estalou nas hostes e proclamou-se ser uma selvajaria irem as crianças tão cedo para as areias gélidas e sofreram com isso as manhãs alguma coisa no seu até então inabalável prestígio. O bom tempo à tarde, nestes últimos vinte anos, também ajudou e criou-se, a pouco e pouco, o hábito de não ir a correr para a praia, de tal modo que quem calcorreasse a beira-mar antes das três seria olhado de soslaio, se houvesse quem olhasse. A manhã - aqui o espaço de tempo entre as onze e meia e as duas e um quarto - passou a ser ocupada em encontros preguiçosos de leituras de jornais e pequenas reuniões informais «cá em cima» antes e, para os madrugadores, depois do «brunch» onde se contam casos curiosos e se trocam notícias de outros areais. Em suma, «faz-se, fazia-se tempo» para ir para a praia.
Este ano, porém, a nortada, durante anos ausente, voltou - e com ela um frio de bater o dente: começaram a notar-se alguns olhares cobiçosos à praia serena, azul, calma e ao meio-dia ainda deserta. Não sei - nestas coisas nunca se sabe - de onde partiu o ânimo para a revolta, mas hoje, entre os refugiados na piscina, falava-se já, abertamente e sem temores, em ir cedinho, que as manhãs, tinha dito não sei quem que tinha lá ido (talvez uma daquelas mães com filhos ainda pequenos que lá vão vigiar as babby-sitters) que as manhãs estavam de apetite, a praia óptima, bem ao invés das ventanias furiosas da tarde (as horas de sono em falta serão, segundo algumas sugestões, colmatadas por uma sesta. Tudo isto é novo e bem extraordinário!)
E por isso, meus Caros Leitores, interrompo as minhas férias de Impensavel para lhes dizer que hoje à noite irei pôr o despertador, sendo, por isso, bem posssível que amanhã, às onze e meia, meio-dia, já esteja na praia, coisa que, creio, não me acontece há alguns decénios.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Este é o post nº 1501.

Eu, que andava de olho nos posts para ver quando chegava aos 1500 para comemorar, deixei passar. Felizmente, gastei-o em parabéns.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Já 3 da manhã, mas é que compreendi finalmente uma coisa que ando a ler e por isso fiquei aqui a compreender a noite toda, até agora.
Entretanto, antes de fechar tudo e ir dormir dei-me conta que Miss Pearl faz anos. Quis pôr colchas nas janelas, a festejar, mas depois de ver essas Castelo Branco decidi-me ficar pelas intenções virtuais, embora bordadas a seda e sem reserva central. Sem qualquer reserva.
Muitos parabéns!

terça-feira, agosto 07, 2007

Bom tempo - vento fresco - continua.

Assisto - a propósito do caso da criança inglesa - ao patrioteirismo que a III República fabricou (a que se juntam outros, mais antigos, já tratados por Eça, e que o establishment de agora amorosamente requentou). Alguns dos discursos produzidos a bem da nação são boas e divertidas peças de non-sense campónio: as evidentes falhas da polícia portuguesa em termos de método, organização e meios (a sua excelência é um mito que transitou, com êxito, do anterior regime) parecem ser invencões dos tablóides ingleses acusados de tenebrosos intentos em relação ao nosso abençoado torrãozinho...

quinta-feira, agosto 02, 2007

Orientação jurisprudêncial

Sendo parente, pessoa amiga, ou das nossas relações, ou das da nossa família, o autor presumível de dislate, simples má decisão ou erro, anteponha-se ou posponha-se ao comentário do sucedido a seguinte ou equivalente expressão: «imagino o que lhe terá custado, pressão do ministro. Que maçada!» (ou se o nosso amigo for o ministro, do 1º ministro, se este, por sua vez, não for pessoa amiga; sendo-o, usa-se como agente a gente do partido). Se se tornar líquido que a decisão em causa foi desse parente, pessoa amiga, ou das nossas relações, deve a expressão manifestar a inequívoca certeza de que «há elementos que não conhecemos e que o terão obrigado a agir naquele sentido». Sendo certo que o erro é, sem equívoco, da pessoa amiga ou das nossas relações e que esta insensatamente o reivindica, guarde-se silêncio. Perguntados se não éramos parentes, amigos, ou das relações de autor de desconchavo apreciável, explicar que nos demos sempre mais com o irmão, irmã ou primos.
«Aqui, onde ainda pontifica impante, bárbaro e obscurantista, o culto do deus estado, que partilha o altar das devoções pagãs lusitanas com o sebastianismo ignaro, há-de haver quem, movido pela piedade e amor da verdade, esclareça o público dos desvairios a que levam a superstição e o culto estatais. O país já é, ou será em breve, o mais pobre da Europa e a sua capital, a infortunada Lisboa, uma das mais tristes cidades europeias, onde quasi arruinadas, se prestam a aluir as já raras memórias da formosura antiga; vítima de práticas e superstições que à Razão repugnam, vê agora alevantar-se ante si outra desgraça, esse quinto que a crendice mal orientada lhe quer impor, por não saber atalhar-lhe o mal que a tolhe e que comunga da mesma substância deste remédio beato e tolo que se lhe quer agora dar.»

Produzidos pelas luzes e, mais tarde, pelo insulso positivismo, os panfletos para iluminação do público e libertação das crendices ressurgem em Portugal no início do Séc. XXI. Este refere-se a um expediente, de facto um imposto, que obrigaria os construtores civis a venderem a preço político 20% do que construam na baixa lisboeta.

quarta-feira, agosto 01, 2007

A casa está sossegada, bem longe da agitação - completamente injustificada, aliás - das partidas para a praia de outros tempos.
Em homenagem a esse bulício antigo, já desusado, quase esquecido, fui inspeccionar o estado dos artefactos estivais.