Num passeio calmo e alfabético passei pelo Abrupto e li o post sobre o Francis. Só falta a conclusão: não foi apenas a preguiça que os brasileiros importaram de Goa. Daqui levaram eles o cepticismo, cinismo esquizofrénico e provincianismo - que lá brotaram tropicalmente, com violência e desmesura - como é bem visível até nos melhores deles, como Francis, sem dúvida, foi.
"Portugal conta pouco para se falar do Brasil"? Não creio. Tem que se levar em conta o imenso esforço omissivo, bojudo como uma bilha minhota, que atravanca a mente daquela gente de coisas não ditas nem escritas, numa omissão pesada e perversa que tem a exuberância - diria o estigma - de um toucado de Carmen Miranda. E no que vem ao de cima sobre Portugal, nota-se um asco seco e duro (a par com um respeito que atinge o respeitinho reverente por algumas instituições daqui - a Universidade de Coimbra, por exemplo - que se descobre radicar fundo, tal qual a devoção camponese que é) um asco rude e ressentido, dizia, e tão luso, afinal, que apenas faz realçar a verdadeira comicidade da situação: só portugueses depreciam assim Portugal.
Mas "contar pouco" Portugal??? Não, malgré eux-mêmes...
Aqui, em Portugal é que o Brasil conta escandalosamente pouco, império metido entre impérios, entre a Índia, o Oriente todo com que perpetuamento nos incensamos e a África que sonhámos ainda há pouco como futuro.
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