O "depois de jantar", outrora um agradável tempo de reverente reflexão, propício à conciliação entre as várias correntes de opinião que se haviam manifestado ao jantar, acabou. Acabou, por ter desaparecido a ceia - pelo menos enquanto instituição quotidiana. E sem ceia (e não se confunda ceia, mesmo a mais modesta, de chá e torradinhas, com o "ir comer alguma coisa", que a mera necessidade de "ir" impossibilita desde logo qualquer comparação) sem ceia, dizia, as digestões hodiernas do jantar não possuem já aquela absoluta serenidade que nascia da junção, num mesmo bem-estar ecléctico, da antecipação com a plenitude.
Embora não tenha vivido, fruto da pouca idade, na época esplendorosa da ceia, conservo memórias que o meu desgosto inventou; e do que verdadeiramente vivi, há o suficiente para lidimamente me lastimar deste ingrato e assimétrico hiato que é hoje o "à noite".
Assim, quando não me apetece ler e não é noite de Big Brother, dou uma olhadela aos blogs.
E o que tinha perdido: desconhecia, de todo em todo, o "affaire" Odette. Para além do algum gosto que me dá ver uma militante comunista vestida de "dama antiga"- o que em si, não é uma contradição, mas uma mera comprovação - acho agradável uma atitude que contraria a mesmice.
Do 1º de Dezembro, pouco há. Mas, numa lista dos 40 conjurados (eram perto de duzentos) que encontrei, um nome geralmente menos citado, em lugar de relevo, levou-me a suspeitar. Fui confirmar: tratava-se, de facto, de um caso de favorecimento pessoal: o citado é um antepassado do bloguista.
Aqui e ali, a questão esquerda/direita, uns salpicos de teoria dos fins das penas, onde velhissimas posições são tratadas como novidades, algum consequencialismo em moral; e leves provocações pessoais que, no desconhecimento em que estou de quem são os intervenientes, me escapam.
Meia-noite.
Talvez uma torradinha. Não há é doce de morango...