Dizia Proust, grande escritor judaico-gaulês, que o que mais o incomodava, ou surpreendia, nos ateus era o serem muito beatos.
E beatos me parecem os dislates de puro autoritarismo com que o estado francês quer proibir qualquer sinal religioso em locais públicos ou, como já me pareceu ouvir, visíveis de sítios públicos.
Neste laicismo republicano não vejo, porém, o mero desejo, ridículo fosse ele, de assegurar uma estrita neutralidade do estado perante as confissões religiosas. O que vejo é a fundação, ou melhor, a refundação de uma nova religião de estado, o "laicismo francês", coroado pelas suas mariannes de gesso.
Sem graça e chatinha e, por isso, muito francesa, terá um futuro promissor por aquelas bandas: os milhares de mortos abandonados este verão nas morgues para não interromper as férias, parecem-me condizer com ela e garantir-lhe o futuro.
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