sábado, dezembro 06, 2003

Há pouco escrevi um post a propósito de uma reportagem na Sic sobre crimes sexuais nos Açores.
Apaguei-o depois, por ter prometido a mim mesmo que não me deixaria influenciar pelos "shares".
Opto por falar daquilo que a entrevista não fala, mas deixa supor:
que havia, quase à  vista de todo a gente, prostituição homossexual juvenil nos Açores; que havendo prostituição juvenil há actos sexuais de relevo com menores, o que é crime, pelo menos, desde 1998; que é difí­­cil supor-se não haver chegado dela nenhum rumor, nenhuma notícia, mesmo por uma conversa de café - isto em terras pequenas - a nenhum polícia, a nenhum membro do ministério público, a nenhum magistrado que, todos eles estão obrigados, por lei, a agir, tratando-se como se trata, de um crime público.
Causa estranheza.
Isto, por um lado.
Por outro lado, e para reflexão:
O teor das entrevistas das alegadas testemunhas/ví­timas é de molde a que os eventuais infractores nelas se reconheçam e se saibam denunciados. Ninguém parece importar-se que, de sobreaviso, tenham tempo de destruir todos os indí­cios e provas que os incriminem de forma mais efectiva do que a sempre falí­vel prova testemunhal (nesta fase se imporia o segredo de investigação - e não mais tarde, e contra arguidos que, além de presumíveis inocentes, o podem realmente ser, o "segredo de justiça", sobretudo quando entendido, como o tem sido pelos juízes portugueses, em termos que, além de ilegais, por inconstitucionais, atentam contra princí­pios elementares de decência).
Parece que também ninguém se preocupa quanto ao facto de que o contado nas entrevistas, mesmo se verdadeiro, possa, involuntariamente, que seja, lançar suspeições sobre pessoas que nada tenham a ver com o assunto, mas que, por qualquer motivo - sí­tios onde morem, modelos de carros, etc - se possam enquadrar nas descrições.


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