segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Tinha já julgado perceber alguns sinais, mas agora penso que a coisa se confirma: essa geração nova que para aí anda, semi-iletrada, produto da degradação escolar, com post-graduação feita na leitura digest das revistas on line e que grita o achamento de pelo menos sete génios e sete obras-primas todos os dias ao pequeno-almoço, começa a maçar-se com a presença de alguns intelectuais da geração que está hoje nos 60s e lhes continuam a fazer merecidíssima sombra. Assim, há que começar a achá-los chatos - um crime hediondo para essa gente, criada desde tenríssima idade por entre aforismos de Wilde: Vasco Pulido Valente, por exemplo, não consegue provocar senão o desfastio de cultores da linguagem de taberna e da calinada, que aproveitam, en passant, para comunicar ao mundo que Maria Filomena Mónica está maluca (sic - e outros se têm ocupado de António Barreto e haverá já, talvez, quem se especialize no apoucamento de Vasco Graça Moura).
Que fazer? Passada a indignação por esta grosseria gratuita, aconselho o riso. E se, por acaso, já se deixou contaminar, pegue no currículo de algum dos chatos e malucos e veja o que eles já eram e tinham escrito e feito com os trintas e poucos que estes exigentes críticos têm.

Sobre a resposta que deu Maria Filomena Mónica aos críticos do seu livro, acho que a percebi: num país com esta tristeza intelectual e analfabetismo - o que se traduz, inevitavelmente, na exigência de obras-primas, ela diz o que se pode traduzir por isto: gosto do Cesário e escrevi este livrinho que é um pequeno trabalho. É isso, apenas, nada mais, quase um passatempo. Leiam, se quiserem e apreciem a esta luz.
Isto, porém, não é fácil de entender e a mediocridade estéril é sempre muito exigente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Impensado, acredite em mim quando lhe digo que o tiro foi espectacularmente ao lado: se existe alguém neste hemisfério pronto para recorrer à artilharia pesada quando se trata de defender o VPV dos que lhe querem fazer o velório prematuro, esse alguém o maradona.

Mas também é possível idolatrar o bezerro de ouro sem fechar os olhos ao esporádico balido roufenho, ou não?

impensado disse...

Caro Rogério Casanova: Fico muito honrado - muito a sério - com a sua visita na caixa de comentários.
Tenho smempre muito prazer em ler a sua prosa inteligente - sem erros de português, linguagem de estrebaria ou chalaça de subúrbio; é um bom refrigério para a plebeização e a grosseria que atingiram limites inimagináveis e transformaram este país num problema grave de higiene, como se diria no séc. XIX.
Seu leitor muito atento e muito admirador,
I.