quarta-feira, março 21, 2007

Notas depois do café: na Segunda-Feira vi o Dr. Francisco Balsemão no programa «Prós e Contras». A questão que pôs, a saber, em quê era diferente o serviço da RTP do prestado pelas outras estações televisões não teve resposta - nem podia ter! - Notou o antigo primeiro-ministro : como pode ser diferente se tem publicidade e, por isso, necessidade de manter e satisfazer audiências? E, em vista disto, como educar o povo, o desejo confesso do ministro Santos Siva (se se chama Santos Silva...)? Não "se educa o povo" com futebol nem com programas culturais emitidos de madrugada (e remetendo, v.g., um programa com as características do programa do Dr. Saraiva para a 2).
Do outro lado, todos os outros convidados mostravam, a quem quisesse ver, o que é um país estatista e pouco dado a reflectir sobre o poder do estado e a origem da sua legitimidade ou os seus limites. Todos os opositores do Dr. Francisco Balsemão sabem uma coisa: de facto, não necessitam de usar argumentos, de convencerem: a RTP é um utensílio necessário para o governo - principalmente estes, medíocres, que tanto merecemos - e de que nenhum prescindirá; e eles bem sabem que, por isso, não é, de facto, concebível em Portugal que desapareça ou que mude até se transformar num verdadeiro e efectivo serviço público - como, por exemplo, vejo a TV5 ser. Uma verdadeira discussão sobre o assunto é, por enquanto, inimaginável, neste país que incensa Pombal, um cruel ditador que encheu os bolsos à custa do erário público e que projecta o culto pelo estado no Prof. Salazar, um digno sacerdote do mesmo. Por tudo isto, as queixas do Dr. Balsemão são recebidas com a bonomia que guardamos para as excêntricidades mansas e a existência de outras televisões, tolerada em nome do que se passa lá fora, será sempre tratada, no fundo, como uma perturbação e uma ameaça que todos, do Dr. Morais Sarmento ao ministro socialista, se apressam a tentar reduzir.

No fim de tudo, e como ninguém disse nada de novo - o que não é, aliás, o pior dos defeitos - ficou daquilo o ter-se podido ver alguém civilizado na televisão. Muito agradável, de facto, rever o Dr. Balsemão.

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