Não sei se não me estarei a repetir, de um modo mais agudo e estridente, neste caso do Chiado e Baixa, mas eu gostava muito da Baixa e do Chiado. Quem não se lembra dos batidos de morango com creme da Ferrari? Um dos gostos de ir a Lisboa prendia-se com aqueles batidos magníficos que, com alguns bolos da Bénard e as panquecas da Caravela compunham a bataria das coisas boas do ir a Lisboa quando eu era pequeno. Também havia direito a escolher um ou dois livros na Bertrand e espiar - actividade por vezes com sucesso - as lojas de brinquedos. Uma delas, na rua Augusta (ou do Ouro?) era a minha preferida, embora a «Kermesse de Paris», no edifício do Avenida Palace, albergasse uma fábrica de armamento não desprezível...
Mais tarde, descobri-me leitor dos olisipógrafos o que faz com que a gente a gente veja em relevo os sítios sobre que leu, e subir o Chiado e passar pelo local onde foi o Marrare ou reconhecer na Casa Havaneza a que Eça frequentara foi um dos meus primeiros - e últimos - prazeres eruditos.
Todos estes sítios, lojas e ruas estavam cheios de gente, uma multidão ociosa e agradável. Parte dessa multidão era de gente que por um motivo ou outro se conhecia e se cumprimentava.
Hoje é o deserto.
Poderei dizer ainda uma vez que gostava mesmo, mesmo do Chiado?
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