Se não considerasse que a vida humana começa na concepção e que é, em si, um valor absoluto, teria imenso a discutir e a ponderar. Pensando como penso, resta-me aborrecer e votar "não" - aquilo em que acredito não é discutível.
Quem parece que também votaria não - se considerasse a vida humana absoluta - seria o Dr. House. Os estranhos sintomas de um seu paciente, concebido por inseminação artificial, deviam-se, segundo o seu diagnóstico, a algo que lhe aconteceu quando tinha, quando era 12 células: uma delas foi substituída pela de um outro óvulo, de um gémeo seu. O paciente sofria das consequências do quimerismo.
O que nos acontece quando somos 12 células influencia a nossa vida futura... há entre essa dúzia de células que podem e o que somos muitos anos depois um ininterruptus continuum, uma identidade de destino, de singularidade que nenhum dramático obstáculo, nenhum terrível acontecimento perturba (nem sequer o começo do pulsar desse estranho artefacto onde, quisemos pensar, nasciam os nossos afectos).
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