Estes dias lindos e eu fechado em casa, transformado num iníquo vaso de secreções... Azar.
As constipações e gripes não eram sequer totalmente desagradáveis quando era pequeno, constituíam um bom momento de estudo sobre nós, propiciava os primeiros olhares sobre as entranhas e o nosso mal-estar e os interditos salvíficos geravam mudanças estranhas, o surgir de uma topologia própria: as salas, a casa de jantar adquiriam a natureza e o exotismo de longínquas paragens inacessíveis. Da cozinha e da copa, outro continente, vinham ecos de palavras de uma língua desaprendida e estranha que recaía sobre actos incompreensíveis.
Alguns rituais compensavam-nos dessa distância: o almoço e o jantar na cama, a empregada preferida que vinha contar histórias logo que pudesse, os livros que eram postos na mesinha de cabeceira para nos distraírmos e demais paleolíticas coisas.
Hoje tudo isso é quase já inconcebível.
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