quinta-feira, janeiro 11, 2007

A discussão à volta do aborto, mormente as reinvindicações dos partidários do sim, tem de chocante a exibição de boas - algumas o são - intenções onde elas deixam de contar: na morte. Assemelham-se aos pedidos para que a pena de morte, um escândalo em si, de per se, possa ser mais humana. Ela é sempre humana, a crueldade é humana e se para os cultores da contabilidade do sofrimento há uma diferença, um ganho sobre a guilhotina no ambiente asséptico de uma sala de injecção letal, para mim, incapaz de entender essas pias preocupações e esses ganhos, condenado a ver - verdadeiramente, condenei-me a ver (ao menos que veja isso) - o derramento de sangue na morte mais exangue e lívida, o escândalo mais cruamente se espraia por estes belos dias de Janeiro, bárbaros, atrozes, muito azuis.

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