quarta-feira, dezembro 27, 2006
Fiquei em casa, li e dei uma volta pelos blogs. No Morel encontrei a entrevista com Miguel Esteves Cardoso. Ri-me com a questão da idade: o tom leve com que trata o peso do tempo faz da idade, melhor, da velhice, uma questão inteiramente para gente nova. Ri, mas acho perigoso: não estou interessado em sofrer a competição de hordas de adolescentes nas lamentações próprias da velhice que já quase começo a prezar e ajudam a gente a esquecer-se que coisa medonha é envelhecer, toda ela desvantagens e vexames! Miguel Esteves Cardoso, passado o estado de graça da convalescença da sua doença, perceberá que não está mais sábio, que essa piedosa mentira é, também, uma torpe mentira de gosto duvidoso, do quilate da dos saberes do povo simples. Todas as pessoas com alguma experência nesta coisa dos entas com quem tenho falado me confidenciaram que não se sentem mais sábias, nem mais felizes; pelo contrário, sentem-se mal, com dores de costas, problemas de visão, pouca paciência e frequentes ataques de pânico o que as ajuda a conservarem intactos o péssimo feitio e impecável bom gosto que sempre lhes conheci. É nelas que eu acredito, não no parvenu que, nestas coisas de idade, é Miguel Esteves Cardoso. A baby, digo eu - e sou mais novo.
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