Outono
Ó árvore alta do olhar, a desfolhar:
agora é estar à altura do furor
de excesso de céu que os ramos lhe atravessa.
Cheia de verão, parecia funda e espessa,
fronte quase a nos pensar, familiar.
Do céu agora estrada o interior
se lhe faz. E o céu talvez não nos conheça
Ousado extremo: que nós em voo de ave
nos lancemos no novo aberto espaço
que se nos nega e ao nosso ardente anelo,
pois só lida com mundos. Do nosso ourelo
as ondas-sentimentos relação suave
buscam, e consolam-se no abraço
do ar, como bandeiras, no aberto em flor -
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Mas pra a árvore copada vai saudade e amor
Rainer Maria Rilke, Muzot, fins de Outubro de 1924
trad. Paulo Quintela
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