Aqui e aqui fala-se dos tempos passados.
Na imprecisão (desejada?) das descrições reencontro, malgré tout, a praia da minha infância.
Mas não era imensa, ainda. Era grande, com barracas ao pé das escadas e os chapéus - os guarda-sóis - com e sem saia, perto do mar; entre, o caminho, num equilíbrio difícil de segurar baldes com forminhas, ancinhos e pás, bóias e dar a mão à criada, de cinzento claro e branco, como as manhãs a essas horas.
E falta: o homem dos barquilhos, as mulheres dos vários bolos, dos de Ançã e das queijadas de Pereira, as mulheres dos camarões e, deixando os comestíveis, os teatros de robertos, o Catitinha, as tardes no jardim e no Tennis, na piscina - onde se quase gelava em aulas de natação com o Prof Barrué, as matinées infantis no Casino - e as garraiadas - o Pátio das Galinhas, a Caravela, o Bazar 111, a Havaneza, os sorvetes na esplanada - os antigos, antes de deitaram abaixo as casas.
De tudo isto sobrevive incólume apenas a Havaneza.
E não colhe desculparem-se com o dizer que tratavam apenas de ofícios em extinção. Eu trato do ofício do ser criança com competência, espantadas incessantemente mesmo perante o igual e o comezinho, e com medos - de algumas conchinhas, de pulgas da areia, transparentes e minúsculas, do Catitinha, de deixar cair o sorvete na areia.
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