O caminho entre a casa e a escola - mais tarde o liceu, que ficava para os mesmos lados - pela parte antiga da cidadezinha era agradável. De manhã, no Inverno, havia no passeios estreitos braseiras de latão a atear, cobertas de papel de prata. À hora do almoço havia quem, no Verão, assasse sardinhas na rua. No regresso, à tardinha, de novo algumas braseiras a espevitar, os preparativos para o jantar. E idas e vindas da mercearia, do lugar da fruta, conversas de vizinhas.
Hoje, esse caminho é um desolado deserto.
O ermamento não é a consequência inevitável do "passar do tempo", do "progresso". Tem causas precisas: a lei do arrendamento e o seu corolário, o recurso ao empréstimo bancário - mais facilmente concedido para "habitação nova" do que para restauro, o novo riquismo das concepções urbanísticas de preservação de cenários mais do que de estilos de vida, de modos de estar.
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