Breve jornada a Lorbrulgrud
Entrei num café de província. Por entre a cerração do sono divisei, num tabuleiro, entre outras formas disformes e monstras, uma descomunal rodela enviesada, coberta de creme amarelo: era o que, quando eu era pequeno, se chamava pata de veado, um bolo pequeno, que se comia na praia; duas monstruosas semiesferas unidas por um magma amarelo alaranjado e parcialmente fundido era o que eu conhecia sob o nome de bolas de Berlim; uma massa gigantesca, compromisso entre um crustáceo hostil e um folar, revelou-se um "croissant"; uns alguidares de tamanho regular com uma massa preta deduzi que fossem pastéis de nata. Na mesma prateleira, na mesma escala de grandeza e suponho que de metamorfose repousavam outros colossos de pastelaria.
Lembrei-me do perfume das rosas do Principe do Leopardo, transformado num violento odor de lupanar sob os efeitos do sol siciliano e meditei sobre o que teria produzido um efeito similar em relação aos bolos.
A meio das minhas divagações entrou uma cliente, de bata de laboratório, e disse que "ia querer um café e um bolinho".
Apercebi-me das dimensões swiftescas do meu paternalismo, despedi-me, paguei, saí.
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