Na Sic Notícias, um comentador - reconheci-o, depois, como sendo Duarte Lima, deputado - achava que o país perde tempo a discutir coisas sem importância, tais as relacionadas com o caso do "Eng." Sócrates (como ele dizia).
Ora vejamos:
Há coisas muitíssimo mais importantes, de facto, e por isso, em qualquer país europeu que, em política, viva acima do, como dizer?, pueril realismo fantástico, o percurso académico - e de vida em geral - de um possível primeiro-ministro é investigado à lupa, a uma forte lente, antes que se apresente a eleições (às vezes, a eleições dentro do seu próprio partido, como é sabido de todos). Se chegar a ser incumbido de qualquer cargo político importante, qualquer discrepância está, há muito, investigada e esclarecida - ou ele ou ela nem pensará, sequer, em candidatar-se (a coisa é de tal modo que, actualmente, o que lá por fora se discute é, como também se sabe, a demasia de tais investigações e o grau de perfeição normalizada e politicamente correcta exigida ao político, mas adiante).
Aqui, porém, nada disso se faz. E no caso, o Sr. Sousa, por motivos que não compreendo, tem ajudado pouco a dissipar, com a prontidão e brevidade que seriam de esperar, as arreliadoras discrepâncias surgidas. Eu não tomaria a coisa como ilegítima curiosidade popular: não havendo aquela modernidade esquadrinhadora lá de fora, aqui tudo tem de ser bem visto depois. E quando em documentos entregues ao Parlamento surgem inexactidões e quando... e quando... - e têm sido tantas as curiosidades - é preciso verificar. E verificar bem, já que é lícito que qualquer um de nós pense, em tese, que quem se preocupa com coisa tão mesquinha e infantil qual seja, por exemplo, a exibição abusiva de um título, não seja a pessoa indicada para ser o primeiro-ministro de um país, ademais em tempos de crise*.
* A questão das qualidades humanas - e o carácter - têm sido tratados com certa ligeireza, denotando, afinal, como impera uma visão tecnocrática da política, como se os problemas que se deparam a um govermante possuam soluções imutáveis, alcançáveis por uma técnica, produzindo, por isso, os resultados desejados seja quem for que tome as medidas necessárias. Pode ser assim, em parte, no que se refere à economia (embora grande parte dos factos económicos seja sempre inesperado, inexplicável ou ambos), mas a política não é economia, é parte da... Ética.
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