Os fogos e as vinganças de aldeia, as cartas abertas, as cabalas de polichinelo, o "diz-se diz-se", o claustrofóbico apavorante provincianismo, que indigência, que tragicomédia, que sordidez lorpa!
Até as burlas, até as burlas se praticam a horas certas e com marcação, entre cáries e pivots e conselhos de higiene oral, onde não estará ausente, talvez, a genuína intenção virtuosa, em nome do progresso, do português novo, do sorriso branco e perfeito da Europa.
Que miséria, que miséria...
P.S. Desta gordurosa salada de horrores devo retirar, mesmo para que este blog não seja acusado de pessimista, o casal suspeito de, por vingança, deitar o fogo às fazendas alheias.
Numa altura em que o diálogo no seio das famílias está tão ameaçado, eis um exemplo, mesmo que desastroso, de que a concórdia é possível.
sábado, julho 31, 2004
sexta-feira, julho 30, 2004
Não conheci a Figueira da Foz da imagem - nasci alguns decénios depois - mas a Figueira de que me lembro era a velhice suave dessa que ali vemos. Alguns posteriores arrroubos de modernidade ( o Grande Hotel e a piscina) não lhe tinham desfigurado o carácter de praia de "belle époque", de fim do século XIX.
Nos anos setenta começou o lento homicídio. Resta o cadáver embalsamado, por entre folhos e arrebiques de cimento, de uma tremenda falta de gosto.
Dos bons tempos, ficaram, na esplanada, alguns edifícios e a Casa Havanêsa.
Passar férias na Figueira da Foz tornou-se um árduo e triste exercício de abstracção.
Nos anos setenta começou o lento homicídio. Resta o cadáver embalsamado, por entre folhos e arrebiques de cimento, de uma tremenda falta de gosto.
Dos bons tempos, ficaram, na esplanada, alguns edifícios e a Casa Havanêsa.
Passar férias na Figueira da Foz tornou-se um árduo e triste exercício de abstracção.
quinta-feira, julho 29, 2004
Ninguém fez nada.
Refiro-me aos incêndios.
A incapacidade de lidar com a realidade, de resolver problemas, é total, ou quase.
Há muitos anos que somos vítimas deste populismo por omissão que consiste em não resolver seja o que for que incomode quem quer que seja e se traduza num preço eleitoral a pagar. Que digo? Que se traduza num mero e leve desconforto decisório.
A realidade retribui e, também ela, não muda.
Refiro-me aos incêndios.
A incapacidade de lidar com a realidade, de resolver problemas, é total, ou quase.
Há muitos anos que somos vítimas deste populismo por omissão que consiste em não resolver seja o que for que incomode quem quer que seja e se traduza num preço eleitoral a pagar. Que digo? Que se traduza num mero e leve desconforto decisório.
A realidade retribui e, também ela, não muda.
terça-feira, julho 27, 2004
sábado, julho 24, 2004
Continua o calor (não corre uma aragem) mas enfim... resignemo-nos.
Faz hoje 171 anos que entrou em Lisboa o exército liberal e, com ele, o respectivo regime.
Os resultados não foram, porém, os melhores, como com facilidade se verifica, apesar de governos muito probos, com gente muito grave e sabedora.
N.B. Isto não é uma sureptícia apologia do Governo do Senhor D. Miguel I (que também tinha homens muito probos, severos e sabedores (o Visconde de Santarém, o 2º, uma luminária, un philosophe).
Faz hoje 171 anos que entrou em Lisboa o exército liberal e, com ele, o respectivo regime.
Os resultados não foram, porém, os melhores, como com facilidade se verifica, apesar de governos muito probos, com gente muito grave e sabedora.
N.B. Isto não é uma sureptícia apologia do Governo do Senhor D. Miguel I (que também tinha homens muito probos, severos e sabedores (o Visconde de Santarém, o 2º, uma luminária, un philosophe).
sexta-feira, julho 23, 2004
Muitas vezes começo a escrever e, a meio, percebo que “tenho de ir primeiro por ali e ainda acolá” o que me leva tempo e castigará as minhas pobres falanges e “corto caminho”. Resulta dessa preguiça o ficar o que escrevo uma outra coisa, muito longe do que pretendia dizer aquando acometido da fúria blogante.
Hoje, por exemplo, quereria expressar a minha admiração pelo tom catastrófico, ou a para lá caminhar, usado por comentadores quando de referem ao actual governo e sei que a tarefa demoria. Fico pelo essencial: concedo a legitimidade de alguma inquietação. De resto, porém, parece-me que o governo não será muito pior do que o habitual; e o habitual é mau, ou muito fraquinho, o que condiz, afinal, connosco.
Que uma parte da classe média antiga (grande parte a viver nas cidades maiores do litoral) se esqueça, de vez em quando, do que somos (um pobre país que foi até há bem pouco tempo um pobríssimo país, com índices de terceiro mundo) e se imagine e à paisagem, a viver na média europeia, é coisa de que não tenho culpa alguma.
Nem este governo.
O que nele incomoda mais é, parece-me, o tornar essa doce ilusão do “Portugal moderno e europeu” mais difícil, já que não vem “legitimado” e afiançado para descanso do indígena, nem pela gravitas universitária, nem pelo carácter distante e sombrio do mandarim (necessidade que, em si, atesta o nosso subdesenvolvimento democrático e mental). Pondo as coisas “carrément”: “são gajos como nós” e alguns deles serão piores que nós (outros, melhores, lembraremos menos) gente que conhecemos, que sabemos onde mora, com quem já jantámos, que não nos surpreende que se tenha envolvido em conflitos pela posse de gabinetes, ou qualquer outra infantilidade, aliás simpática. Somos nós, são iguais a nós.
E “nós” somos isto. E por “isto”, pela realidade, tanta gente assustada....
Não se aflijam: há cem anos era pior.
Hoje, por exemplo, quereria expressar a minha admiração pelo tom catastrófico, ou a para lá caminhar, usado por comentadores quando de referem ao actual governo e sei que a tarefa demoria. Fico pelo essencial: concedo a legitimidade de alguma inquietação. De resto, porém, parece-me que o governo não será muito pior do que o habitual; e o habitual é mau, ou muito fraquinho, o que condiz, afinal, connosco.
Que uma parte da classe média antiga (grande parte a viver nas cidades maiores do litoral) se esqueça, de vez em quando, do que somos (um pobre país que foi até há bem pouco tempo um pobríssimo país, com índices de terceiro mundo) e se imagine e à paisagem, a viver na média europeia, é coisa de que não tenho culpa alguma.
Nem este governo.
O que nele incomoda mais é, parece-me, o tornar essa doce ilusão do “Portugal moderno e europeu” mais difícil, já que não vem “legitimado” e afiançado para descanso do indígena, nem pela gravitas universitária, nem pelo carácter distante e sombrio do mandarim (necessidade que, em si, atesta o nosso subdesenvolvimento democrático e mental). Pondo as coisas “carrément”: “são gajos como nós” e alguns deles serão piores que nós (outros, melhores, lembraremos menos) gente que conhecemos, que sabemos onde mora, com quem já jantámos, que não nos surpreende que se tenha envolvido em conflitos pela posse de gabinetes, ou qualquer outra infantilidade, aliás simpática. Somos nós, são iguais a nós.
E “nós” somos isto. E por “isto”, pela realidade, tanta gente assustada....
Não se aflijam: há cem anos era pior.
quinta-feira, julho 22, 2004
Creio que era Vasco Pulido Valente quem se interrogava, outro dia, sobre que Grécia será esta Europa da nova Roma.
À esquerda e à direita os primeiros indícios, as primeiras respostas começam a surgir e não são animadoras. Será que tentaremos ainda ser uma Grécia, ou, como tudo parece apontar, escolhemos o modelo egípcio?
À esquerda e à direita os primeiros indícios, as primeiras respostas começam a surgir e não são animadoras. Será que tentaremos ainda ser uma Grécia, ou, como tudo parece apontar, escolhemos o modelo egípcio?
A situação é esta: estou aborrecido, pior, in a fit of spleen. Spleen de província, pacato.
Por enquanto, há a aragem de noroeste mas, vivendo no medo que ela acabe, não a consigo apreciar. Sou tão português quanto isto: recolho a ansiedade que escorre do futuro e dela faço o alimento do dia de hoje.
Ao menos que o vento continue, pela tarde.
Por enquanto, há a aragem de noroeste mas, vivendo no medo que ela acabe, não a consigo apreciar. Sou tão português quanto isto: recolho a ansiedade que escorre do futuro e dela faço o alimento do dia de hoje.
Ao menos que o vento continue, pela tarde.
quarta-feira, julho 21, 2004
Ou, fugido do calor, vir para aqui,
preparar as leituras de Inverno, meditar num hotel confortável sobre destinos surpreendentes de misses inglesas e, por £ 0,99, comprar um "Leather bookmark printed with the Parsonage,Church and Top Withens. Assorted colours with gold lettering" ou, a £ 5,99 uma "Wooden dipping pen with a gilt nib. Assorted choice of woods" e, seguramente, "a set of four calligraphy nibs to go with the wooden or quill pens" por £ 3,50
De seguida, e enquanto a canícula não abandonasse a península, congeminar três seres que se sentissem felizes com estes recuerdos as christmas gifts. Tarefa difícil: todas elas - são elas - teriam de habitar as redondezas espirituais das "revêries" de velhíssimas professoras de inglês, sítios inóspitos, se não inverosímeis, nos dias que correm.
preparar as leituras de Inverno, meditar num hotel confortável sobre destinos surpreendentes de misses inglesas e, por £ 0,99, comprar um "Leather bookmark printed with the Parsonage,Church and Top Withens. Assorted colours with gold lettering" ou, a £ 5,99 uma "Wooden dipping pen with a gilt nib. Assorted choice of woods" e, seguramente, "a set of four calligraphy nibs to go with the wooden or quill pens" por £ 3,50
De seguida, e enquanto a canícula não abandonasse a península, congeminar três seres que se sentissem felizes com estes recuerdos as christmas gifts. Tarefa difícil: todas elas - são elas - teriam de habitar as redondezas espirituais das "revêries" de velhíssimas professoras de inglês, sítios inóspitos, se não inverosímeis, nos dias que correm.
segunda-feira, julho 19, 2004
Por vezes, tudo se modifica e a bonança, que parecia ameaçada, instala-se. Outras, porém, o caminho até à catastrófe é rectilineo, estupidamente certo e previsível.
Se se confirmarem os saharicos 40º C, sairei daqui.
Estou a pensar em Espinho, bem servida de combóios, mas estou aberto a qualquer fria sugestão.
Se se confirmarem os saharicos 40º C, sairei daqui.
Estou a pensar em Espinho, bem servida de combóios, mas estou aberto a qualquer fria sugestão.
sábado, julho 17, 2004
Escrevia ontem o meu maître à penser, Dr. VPV: "Hoje há um ar de irrealidade no advento de Santana Lopes. Ninguém acredita que está a suceder o que está a suceder. É um sentimento comum em véspera de catástrofe."
Não sinto tal ar de irrealidade, aqui, neste canto da província. E creio que não haverá catástrofe alguma para além daquelas, mesquinhas e mudas, que nos assinalam a passagem do tempo.
O Dr. Santana Lopes chegou ao mandarinato. Mas não era isso previsível e natural? Era. Os trinta anos da democracia portuguesa encarregaram-se de tornar quase uma quase impossibilidade primeiros-ministros que não sejam políticos profissionais. É o que sucede nas outras democracias, mais velhas, e à luz do que nelas é habitual, invulgar e atípica foi a carreira do Prof. Cavaco Silva, não a do actual primeiro-ministro ou do Dr. Sócrates.
É mau que assim seja?
Isso é outro assunto.
Não sinto tal ar de irrealidade, aqui, neste canto da província. E creio que não haverá catástrofe alguma para além daquelas, mesquinhas e mudas, que nos assinalam a passagem do tempo.
O Dr. Santana Lopes chegou ao mandarinato. Mas não era isso previsível e natural? Era. Os trinta anos da democracia portuguesa encarregaram-se de tornar quase uma quase impossibilidade primeiros-ministros que não sejam políticos profissionais. É o que sucede nas outras democracias, mais velhas, e à luz do que nelas é habitual, invulgar e atípica foi a carreira do Prof. Cavaco Silva, não a do actual primeiro-ministro ou do Dr. Sócrates.
É mau que assim seja?
Isso é outro assunto.
sexta-feira, julho 16, 2004
Ouvi há pouco a notícia de que o Dr. Pacheco Pereira não pretendia já ocupar o cargo de embaixador junto da Unesco para que fora nomeado.
Assistia ao ilustre bloguista o direito de o exercer mesmo que não apoiando o novo governo: os embaixadores representam estados, não governos, e é de supor que existam políticas de estado a prosseguir e interesses nacionais a defender.
No entanto, não pode ser embaixador quem se exprime sobre o seu país como o Dr. Pacheco Pereira o fez no Abrupto: decentemente, ninguém pode esperar que alguém que publicamente lamenta o pobre destino do seu país possa representá-lo perante outro estado ou numa organização do cariz da Unesco.
O Dr. Pacheco Pereira, resolveu, por isso, optar por manter-se em Portugal e fazer oposição ao governo do seu partido com o qual não concorda.
Ainda bem, faz cá falta. Que, leal e com franqueza, diga o que acha que deve dizer sobre o seu país. É altura de Portugal começar a compreender, a respeitar o "dissender".
E, embora do acima dito retire eu que a opção não podia, de facto, ser outra, ainda assim está de parabéns por ter tirado as consequências que se impunham, quando há quem faça da inconsequência um modo de estar.
Assistia ao ilustre bloguista o direito de o exercer mesmo que não apoiando o novo governo: os embaixadores representam estados, não governos, e é de supor que existam políticas de estado a prosseguir e interesses nacionais a defender.
No entanto, não pode ser embaixador quem se exprime sobre o seu país como o Dr. Pacheco Pereira o fez no Abrupto: decentemente, ninguém pode esperar que alguém que publicamente lamenta o pobre destino do seu país possa representá-lo perante outro estado ou numa organização do cariz da Unesco.
O Dr. Pacheco Pereira, resolveu, por isso, optar por manter-se em Portugal e fazer oposição ao governo do seu partido com o qual não concorda.
Ainda bem, faz cá falta. Que, leal e com franqueza, diga o que acha que deve dizer sobre o seu país. É altura de Portugal começar a compreender, a respeitar o "dissender".
E, embora do acima dito retire eu que a opção não podia, de facto, ser outra, ainda assim está de parabéns por ter tirado as consequências que se impunham, quando há quem faça da inconsequência um modo de estar.
quinta-feira, julho 15, 2004
"Oh, what has become of my past and where is it? I used to be young, happy, clever, I used to be able to think and frame clever ideas, the present and the future seemed to me full of hope. Why do we almost before we have begun to live, become dull, gray, uninteresting, lazy, apathetic, useless, unhappy? (. . .)"
"The three sisters", Tchekov
"The three sisters", Tchekov
Há 100 anos, morria em Badenweiler, Alemanha,
Anton Tchekov.
Leo Rabeneck, um estudante russo que se hospedara no mesmo hotel, relata os últimos momentos do escritor.
"The doctor began giving him the oxygen. After a few minutes he whispered to me to go downstaires to the hall porter and fetche a bottle of champagne and a glass. Once more I desappeared and returned some time later with the champagne. The doctor filled the glass almost to the brim and offered it to Anton Pavlovich. The later accepted it with pleasure, smiled his attractive smile, said «Its a long time since I last drank champagne» and gallantly drained the glass in one go."
terça-feira, julho 13, 2004
Estes não dispensam a cartola (mas dispensariam o coelho) É isto que se passa no governo do poder judicial. Mesmo descontado o exagero jornalístico, é grave.
É um assunto tão nosso quanto o da composição do governo, ou da assembleia da república.
É um assunto tão nosso quanto o da composição do governo, ou da assembleia da república.
O Almocreve incomoda-se com os coelhos saídos da cartola. Creio que o ilustre bloguista foi vítima de uma ilusão de óptica: eu, pelo menos, não vi cartola nenhuma. Vi os coelhos. Mas não saíram da cartola. Actualmente basta mostrar os coelhos em si. O mistério é, agora, o da transparência absoluta: pertence hoje à transparência o que em séculos passados coube às trevas.
O meu comentário ao texto de Maîstre não se coaduna com a gravidade do assunto. Mantive-o por uma questão de respeito às pessoas que, de vez em quando, lêem este blog e porque o tédio é uma força poderosa, afinal.
No entanto convém esclarecer que Maîstre não é um escritor "pitoresco" e "divertido" pelas suas "enormdidades" (tudo entre aspas, sim). O fundamental da tese de Berlin, explanada em "Joseph de Maîstre and the origins of fascism", é a de que Maîstre não é o último homem da ordem velha, mas o primeiro de uma nova era - a nossa - e que o seu pensamento contém em germe a teorização do totalitarismo tal como veio existir no sec. XX - e que nada nos garante não virá a existir de novo.
Esclarecimento feito
No entanto convém esclarecer que Maîstre não é um escritor "pitoresco" e "divertido" pelas suas "enormdidades" (tudo entre aspas, sim). O fundamental da tese de Berlin, explanada em "Joseph de Maîstre and the origins of fascism", é a de que Maîstre não é o último homem da ordem velha, mas o primeiro de uma nova era - a nossa - e que o seu pensamento contém em germe a teorização do totalitarismo tal como veio existir no sec. XX - e que nada nos garante não virá a existir de novo.
Esclarecimento feito
De Maîstre li pouco: "Les considerations sur la France". Quando resolvi comprar "Les soirées de Saint-Pétersbourg" recuei perante o tamanho da obra - e preço (encontrei uma parte substancial publicada "on line" mas detesto ler no "écran"). Sobre Maîstre li, essencialmente, o que escreveu Berlin.
Ontem encontrei, transcrito por Sir Isaiah, um dos mais sombrios, ferozes e belos textos de Maîstre:
"...Cependant quel être [dans le carnage permanent] exterminera celui qui les extermine tous? Lui. C'est l'homme qui est chargé d'égorger l'homme... Ainsi s'accomplit... la grande loi de la destruction violente des êtres vivants. La terre entière, continuellement imbibée de sang, n'est qu'un autel immense où tout ce qui vit doit être immolé sans fin, sans mesure, sans relâche, jusqu'a consommation des chôses, jusqu'à l'extinction du mal, jusqu'à la mort de la mort"
Um grande texto contra o tédio que, infelizmente, parece ser um desagradável efeito secundário das boas intenções bem sucedidas. Aliás, a única fraqueza do texto é essa: é, também ele, bem intencionado. Sobrevive a essa mácula, contudo, e o terror do homem entregue ao seu tenebroso destino não deixa de estar magnificamente descrito, de provocar, mesmo hoje, algum medo. Diria, um sadio medo.
Ontem encontrei, transcrito por Sir Isaiah, um dos mais sombrios, ferozes e belos textos de Maîstre:
"...Cependant quel être [dans le carnage permanent] exterminera celui qui les extermine tous? Lui. C'est l'homme qui est chargé d'égorger l'homme... Ainsi s'accomplit... la grande loi de la destruction violente des êtres vivants. La terre entière, continuellement imbibée de sang, n'est qu'un autel immense où tout ce qui vit doit être immolé sans fin, sans mesure, sans relâche, jusqu'a consommation des chôses, jusqu'à l'extinction du mal, jusqu'à la mort de la mort"
Um grande texto contra o tédio que, infelizmente, parece ser um desagradável efeito secundário das boas intenções bem sucedidas. Aliás, a única fraqueza do texto é essa: é, também ele, bem intencionado. Sobrevive a essa mácula, contudo, e o terror do homem entregue ao seu tenebroso destino não deixa de estar magnificamente descrito, de provocar, mesmo hoje, algum medo. Diria, um sadio medo.
segunda-feira, julho 12, 2004
Encontro no "Freedom and its Betrayal" de Berlin, a pergunta fundamental da filosofia politica: "Why should anyone obey anyone else?".
Creio que pouca gente pensou, em Portugal, nesta questão: os programas escolares do ensino secundário não a levantam, como apurei num breve inquérito: das respostas de alguns alunos mais aplicados pude perceber que consideravam a questão histórica, resolvida, colocam-na num passado nebuloso. A resposta não dita à pergunta, mas por mim pressentida era a de "por que sim" a par com algumas considerações também elas históricas...
Creio, por isso, que muita gente chegará a cargos importantes (governo, magistratura) sem, verdadeiramente, ter pensado nesta questão central.
E daí progridem, por defeito, de omissão em omissão pensadora.
Creio que pouca gente pensou, em Portugal, nesta questão: os programas escolares do ensino secundário não a levantam, como apurei num breve inquérito: das respostas de alguns alunos mais aplicados pude perceber que consideravam a questão histórica, resolvida, colocam-na num passado nebuloso. A resposta não dita à pergunta, mas por mim pressentida era a de "por que sim" a par com algumas considerações também elas históricas...
Creio, por isso, que muita gente chegará a cargos importantes (governo, magistratura) sem, verdadeiramente, ter pensado nesta questão central.
E daí progridem, por defeito, de omissão em omissão pensadora.
domingo, julho 11, 2004
Na pilha de livros para arrumar, as "Cenas da Vida portuguesa" de Maria Filomena Mónica. Ao pegar no livro, lembro-me de uma afirmação sobre a política salazarista. Vou à procura e encontro-a sem dificuldades, logo no capítulo I, os "Trinta anos que mudaram Portugal". Transcrevo: "Durante as primeiras décadas do seu consulado, Salazar fechou o País ao exterior, tentando moldá-lo de acordo com os seus ideais. A intervenção do Estado na sociedade aumentou de tal forma que alguns estudiosos do período têm dificuldades em aceitar o regime como pertencendo à família capitalista(itálico impensável)."
Conviria não esquecer este forte intervencionismo estatal. Entre este, patriarcal e paternalista, e o preconizado pelos socialismos (que tem como corolário a demonização do "liberalismo", tido como "selvagem" - seria interessante dissecar o uso deste termo), o istmo de liberdade é, ainda hoje, uma estreita língua de terra pouco firme e ameaçada: é que desde Salazar até hoje há fios condutores que permaneceram. Um deles, é um profunda desconfiança pelo povo, que não é, nunca, de fiar. Veja-se, v.g., a lei dos partidos políticos e a tão ilustrativa história do instituto do referendo: dir-se-ia que a emergência política da classe média, operada com o 25 de Abril, apenas democratizou, em Portugal, o profundo cepticismo do ditador.
Talvez, agora, com a "Europa", a influência de modelos de comportamento estrangeiros, veículada pelos "mass media" uma segunda geração comece a sentir curiosidade por algo que em Portugal nunca existiu: um estado pequeno, esquecido das suas glórias imperiais, "moderno" e funcional, sem preocupações escatológicas.
Desde que essa geração prescinda, é claro, de querer que ele, o estado, empregue aquele primo que, coitado, é bom rapaz e precisa mais do que os outros de um emprego, ou que renuncie ao subsídio estatal para pôr em práica aquela ideia que se, tão útil e que, já sabe, neste país, ninguém apoia.
Conviria não esquecer este forte intervencionismo estatal. Entre este, patriarcal e paternalista, e o preconizado pelos socialismos (que tem como corolário a demonização do "liberalismo", tido como "selvagem" - seria interessante dissecar o uso deste termo), o istmo de liberdade é, ainda hoje, uma estreita língua de terra pouco firme e ameaçada: é que desde Salazar até hoje há fios condutores que permaneceram. Um deles, é um profunda desconfiança pelo povo, que não é, nunca, de fiar. Veja-se, v.g., a lei dos partidos políticos e a tão ilustrativa história do instituto do referendo: dir-se-ia que a emergência política da classe média, operada com o 25 de Abril, apenas democratizou, em Portugal, o profundo cepticismo do ditador.
Talvez, agora, com a "Europa", a influência de modelos de comportamento estrangeiros, veículada pelos "mass media" uma segunda geração comece a sentir curiosidade por algo que em Portugal nunca existiu: um estado pequeno, esquecido das suas glórias imperiais, "moderno" e funcional, sem preocupações escatológicas.
Desde que essa geração prescinda, é claro, de querer que ele, o estado, empregue aquele primo que, coitado, é bom rapaz e precisa mais do que os outros de um emprego, ou que renuncie ao subsídio estatal para pôr em práica aquela ideia que se, tão útil e que, já sabe, neste país, ninguém apoia.
sexta-feira, julho 09, 2004
Correio. Os livros encomendados na amazom.co.uk., um deles já lido, os outros que tinha anotado há uns tempos e de que depois me esquecera de encomendar. O já lido é o "Freedom and its betrayal", de Sir Isaiah Berlin. Releio, com alguma gula, o começo do ensaio sobre Hegel: "Off all the ideas that originated during the period which I am discussing, the Hegelian system has perhaps had the greatest influence on contemporary thought. It is a vast mythology wich, like many other mythologies, has great powers of illumination as well as great powers of obscuring whatever it touches".
Dos esquecidos , o "The view from nowhere" de Thomas Nagel. A clareza é quase humilhante para qualquer leitor continental e português em particular:"This book is about a single problem: how to combine the perspective of a particular person inside the world with an objective view of the same world, the person and his viewpoint included".
O "How Proust can change your life" do Alain de Botton, assim mesmo, traduzido em inglês - não é snobismo ou anti francesismo doentio: foi mera distracção - deixa-me esperançado: o capítulo 4 intitula-se: "how to suffer sucessfully"
Dos esquecidos , o "The view from nowhere" de Thomas Nagel. A clareza é quase humilhante para qualquer leitor continental e português em particular:"This book is about a single problem: how to combine the perspective of a particular person inside the world with an objective view of the same world, the person and his viewpoint included".
O "How Proust can change your life" do Alain de Botton, assim mesmo, traduzido em inglês - não é snobismo ou anti francesismo doentio: foi mera distracção - deixa-me esperançado: o capítulo 4 intitula-se: "how to suffer sucessfully"
Que manhã perfeita foi a de hoje! Amena e límpida, passou risonhamente, muito azul e calma.
Quando leio ou oiço falar do "regresso à vidinha", como se da execução de uma pena se tratasse, não deixo de me admirar com o efeito oclusivo das concepções heróicas da vida. Não vêem estas manhãs perfeitas? É a vidinha...
Quando leio ou oiço falar do "regresso à vidinha", como se da execução de uma pena se tratasse, não deixo de me admirar com o efeito oclusivo das concepções heróicas da vida. Não vêem estas manhãs perfeitas? É a vidinha...
quinta-feira, julho 08, 2004
E ele, o iniciado nos mistérios da Pina Colada não gosta apenas do "professor". Lê, no emprego, também, o "blog do doutor".
Habitual volta de depois de almoço pelos blogs. No Abrupto, o elogio do centro - o que é, afinal, sobre que geometria repousa? - alguns processos de intenção em relação ao possível governo liderado por Santana Lopes, o alerta para a ingenuidade de quem espera políticas liberais. Não é o meu caso, que me limito a esperar, muito ao de leve, menos ferocidade estatista (e não para já...).
O que não compreendo é o apego pelo "centro" - ou pela governação ao dito. Não lhe conheço outra virtude senão a perpetuação, em sossego, - e para sossego de quem governa - da incapacidade de "modernização", de resolver problemas. A obra do "centro" tem consistido em tornar suportável, atráves de uma difusão pardacenta de culpas e responsabilidades, a tensão entre imaginários de primeiro mundo e um quotidiano degradante de país atrasado que JPP se compraz em mostrar - numa reedição de uma calçada de carriche narcotizada por passagens desniveladas e "acessibilidades".
"Eles que resolvam lá o assunto entre eles", diz a sua Luísa outra banda: e resolvem. Ao centro, no centro da impunidade. Direi mesmo que o medo principal "deles" é que mais alguém queira resolver, começando por pedir contas, perguntar "então como é que é?"
Eu, por exemplo, que votei no ilustre bloguista, não faço a mais pequena ideia do que fez no Parlamento europeu. De que comissões fez parte? Por que soluções propugnou nesta e naquela questão? Limitou-se a lamentar a "pobre Europa, esta"?
Quando deu contas aos seus eleitores do que lá fez? Talvez que, se der - e de um modo visível, que o eleitorado, já se sabe, é calaceiro - eu pense noutra coisa antes de ir para férias. Entre as releitura dos contos de Tchekov - faz no dia 15 cem anos que morreu - vagos projectos de visitar a casa de Churchill e quinze dias numa praia ventosa e fria prometo arranjar tempo para examinar o trabalho do meu insigne representante na UE. Não lhe prometo é suor.
O que não compreendo é o apego pelo "centro" - ou pela governação ao dito. Não lhe conheço outra virtude senão a perpetuação, em sossego, - e para sossego de quem governa - da incapacidade de "modernização", de resolver problemas. A obra do "centro" tem consistido em tornar suportável, atráves de uma difusão pardacenta de culpas e responsabilidades, a tensão entre imaginários de primeiro mundo e um quotidiano degradante de país atrasado que JPP se compraz em mostrar - numa reedição de uma calçada de carriche narcotizada por passagens desniveladas e "acessibilidades".
"Eles que resolvam lá o assunto entre eles", diz a sua Luísa outra banda: e resolvem. Ao centro, no centro da impunidade. Direi mesmo que o medo principal "deles" é que mais alguém queira resolver, começando por pedir contas, perguntar "então como é que é?"
Eu, por exemplo, que votei no ilustre bloguista, não faço a mais pequena ideia do que fez no Parlamento europeu. De que comissões fez parte? Por que soluções propugnou nesta e naquela questão? Limitou-se a lamentar a "pobre Europa, esta"?
Quando deu contas aos seus eleitores do que lá fez? Talvez que, se der - e de um modo visível, que o eleitorado, já se sabe, é calaceiro - eu pense noutra coisa antes de ir para férias. Entre as releitura dos contos de Tchekov - faz no dia 15 cem anos que morreu - vagos projectos de visitar a casa de Churchill e quinze dias numa praia ventosa e fria prometo arranjar tempo para examinar o trabalho do meu insigne representante na UE. Não lhe prometo é suor.
quarta-feira, julho 07, 2004
A lentidão: agora é o conselho de estado.
Aconselho que se siga tudo saboreando. É a nossa demoracia a funcionar. E não há motivos para que seja mais expedita do que uma qualquer repartição estatal, daquelas onde vivemos as alegrias da nossa modernização.
Leve-se tudo isto com um sorriso: o tempo está fresco e para quem não goste da nortada pela tarde, sempre é um entretém.
Aconselho que se siga tudo saboreando. É a nossa demoracia a funcionar. E não há motivos para que seja mais expedita do que uma qualquer repartição estatal, daquelas onde vivemos as alegrias da nossa modernização.
Leve-se tudo isto com um sorriso: o tempo está fresco e para quem não goste da nortada pela tarde, sempre é um entretém.
terça-feira, julho 06, 2004
Hoje, ouvi, num noticiário, o Prof. Jorge Miranda explicar, com minúcia, que o Presidente tinha aceitado a demissão que o Dr. Durão Barroso lhe apresentara ontem.
Logo antes, ou logo depois, referências à comoção futebolística do Sr. Presidente, que choramingara, de novo.
E, de repente, dei comigo a rir, a rir com gosto, como me riria, creio, se com antecipada bonomia assistisse a uma rábula ensaiada no salão paroquial de qualquer recôndita freguesia.
Passado o ataque de hilaridade, fico, porém, com a sensação que o preço do bilhete é exagerado, mesmo estando imbuído de espírito humanitário, desejando ajudar. Posso estar errado: afinal, ainda não sei para que fins reverte a receita da récita.
Logo antes, ou logo depois, referências à comoção futebolística do Sr. Presidente, que choramingara, de novo.
E, de repente, dei comigo a rir, a rir com gosto, como me riria, creio, se com antecipada bonomia assistisse a uma rábula ensaiada no salão paroquial de qualquer recôndita freguesia.
Passado o ataque de hilaridade, fico, porém, com a sensação que o preço do bilhete é exagerado, mesmo estando imbuído de espírito humanitário, desejando ajudar. Posso estar errado: afinal, ainda não sei para que fins reverte a receita da récita.
segunda-feira, julho 05, 2004
sábado, julho 03, 2004
Ontem, Sophia de Mello Breyner morreu.
"Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade."
"Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade."
sexta-feira, julho 02, 2004
quinta-feira, julho 01, 2004
Fontes bem informadas próximas de Belém afirmam que o Sr. Presidente, para decidir com cabal conhecimento de causa na actual "crise", tenciona ouvir, um por um, todos os portugueses. A notícia ainda não foi tornada pública por não se ter atinado com o método: serão ouvidos por ordem alfabética? Por nº de bilhete de identidade ou de contribuinte? E em ordem ascendente ou descendente? Há ainda quem alvitre que se siga a audição pelos códigos postais, o que permite facilitar a questão logística.
Todos os ouvidos pelo Sr. Presidente terão direito a prestarem declarações à televisão e imprensa escrita.
E se fosse mesmo uma crise?
Todos os ouvidos pelo Sr. Presidente terão direito a prestarem declarações à televisão e imprensa escrita.
E se fosse mesmo uma crise?
Em "Um escritor confessa-se" Aquilino relata uma sua tentativa de evasão da cadeia em que estava detido. Tinha conseguido desaparafusar a velha fechadura do calabouço, mas, já fora da cela, as suas hesitações permitiram que fosse apanhado ainda antes de sair do recinto da esquadra.
O que se segue é o relato de uma conversa do escritor com um dos guardas.
Para completa compreensão do leitor se dirá que os guardas estavam no convencimento de que tudo se devera a um esquecimento - o que, depreendendo-se embora do texto, nunca será de mais vincar.
"-Sempre me pregou uma partida! Olhe que vou ter uma sindicância às costas!
- Não me diga, que me arranca o coração!
- O amigo, quando viu que eu lhe deixei a porta aberta, devia avisar-me. Meteu-se em copas. Não foi bonito, não foi!
- Só dei conta mais tarde, quando o senhor tinha acabado o plantão.
- Mas para que saiu cá para fora? Ganhava alguma coisa com isso? Ainda se ganhasse -e dizendo isto arrastou um olhar circular pelas quatro paredes do pátio (...).
- Apeteceu-me ir tomar ar ao pátio!...
- Pois não devia.A sua obrigação era, mal deu acordo que a porta estava aberta, chamar; se não a mim, ao meu colega, e avisar do descuido. A gente vem habituada lá da terra a nunca fechar as portas. Mas numa cai quem quer cai. Suponha que não havia muros, a cerca do Posto de Desinfecção, e lhe dava o demo para fugir hem?! Era a minha desgraça e sabe-se lá de quantos mais.
- Desculpe, eu ignorava de todos as consequências do meu acto irreflectido. Para outra vez, podem deixar a porta aberta que eu não arredo pé.
Foi-se a abanar a pobre cachola de estúpido, e eu volvi ao passeio(...)."
O que o Aquilino não se parece dar conta é quão demonstrativa é esta conversa da natureza do estado português: a exigência, aos cidadãos, de imperativos categóricos e todas as pragmáticas atenuantes para o estado, entre as quais a nossa conhecida "falta de meios" e as considerações humanitárias perante as ineficiências dos burocratas ou dos titulares dos cargos.
A situação, que já não era nova ao tempo do relato, mantém-se.
O que se segue é o relato de uma conversa do escritor com um dos guardas.
Para completa compreensão do leitor se dirá que os guardas estavam no convencimento de que tudo se devera a um esquecimento - o que, depreendendo-se embora do texto, nunca será de mais vincar.
"-Sempre me pregou uma partida! Olhe que vou ter uma sindicância às costas!
- Não me diga, que me arranca o coração!
- O amigo, quando viu que eu lhe deixei a porta aberta, devia avisar-me. Meteu-se em copas. Não foi bonito, não foi!
- Só dei conta mais tarde, quando o senhor tinha acabado o plantão.
- Mas para que saiu cá para fora? Ganhava alguma coisa com isso? Ainda se ganhasse -e dizendo isto arrastou um olhar circular pelas quatro paredes do pátio (...).
- Apeteceu-me ir tomar ar ao pátio!...
- Pois não devia.A sua obrigação era, mal deu acordo que a porta estava aberta, chamar; se não a mim, ao meu colega, e avisar do descuido. A gente vem habituada lá da terra a nunca fechar as portas. Mas numa cai quem quer cai. Suponha que não havia muros, a cerca do Posto de Desinfecção, e lhe dava o demo para fugir hem?! Era a minha desgraça e sabe-se lá de quantos mais.
- Desculpe, eu ignorava de todos as consequências do meu acto irreflectido. Para outra vez, podem deixar a porta aberta que eu não arredo pé.
Foi-se a abanar a pobre cachola de estúpido, e eu volvi ao passeio(...)."
O que o Aquilino não se parece dar conta é quão demonstrativa é esta conversa da natureza do estado português: a exigência, aos cidadãos, de imperativos categóricos e todas as pragmáticas atenuantes para o estado, entre as quais a nossa conhecida "falta de meios" e as considerações humanitárias perante as ineficiências dos burocratas ou dos titulares dos cargos.
A situação, que já não era nova ao tempo do relato, mantém-se.
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