quinta-feira, julho 08, 2004

Habitual volta de depois de almoço pelos blogs. No Abrupto, o elogio do centro - o que é, afinal, sobre que geometria repousa? - alguns processos de intenção em relação ao possível governo liderado por Santana Lopes, o alerta para a ingenuidade de quem espera políticas liberais. Não é o meu caso, que me limito a esperar, muito ao de leve, menos ferocidade estatista (e não para já...).
O que não compreendo é o apego pelo "centro" - ou pela governação ao dito. Não lhe conheço outra virtude senão a perpetuação, em sossego, - e para sossego de quem governa - da incapacidade de "modernização", de resolver problemas. A obra do "centro" tem consistido em tornar suportável, atráves de uma difusão pardacenta de culpas e responsabilidades, a tensão entre imaginários de primeiro mundo e um quotidiano degradante de país atrasado que JPP se compraz em mostrar - numa reedição de uma calçada de carriche narcotizada por passagens desniveladas e "acessibilidades".
"Eles que resolvam lá o assunto entre eles", diz a sua Luísa outra banda: e resolvem. Ao centro, no centro da impunidade. Direi mesmo que o medo principal "deles" é que mais alguém queira resolver, começando por pedir contas, perguntar "então como é que é?"
Eu, por exemplo, que votei no ilustre bloguista, não faço a mais pequena ideia do que fez no Parlamento europeu. De que comissões fez parte? Por que soluções propugnou nesta e naquela questão? Limitou-se a lamentar a "pobre Europa, esta"?
Quando deu contas aos seus eleitores do que lá fez? Talvez que, se der - e de um modo visível, que o eleitorado, já se sabe, é calaceiro - eu pense noutra coisa antes de ir para férias. Entre as releitura dos contos de Tchekov - faz no dia 15 cem anos que morreu - vagos projectos de visitar a casa de Churchill e quinze dias numa praia ventosa e fria prometo arranjar tempo para examinar o trabalho do meu insigne representante na UE. Não lhe prometo é suor.

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