Comecei a ler a notícia, naquele apressado e desatento ler matinal, e julguei que se tratava de um excêntrico francês (espécie rara, a excentricidade francesa deve ser previamente licenciadada e homologada por uma qualquer autoridade, seja ela um comité anarca-libertário, ou uma senhora da moda). Mas a notícia em si, ou melhor o seu começo, levava-me a crer ser obra de um excêntrico: tratava-se de uma acção (civil? penal?)contra o exército britânico. Pensei, de imediato, que se tratava de alguma queixa mirabolante e divertida relacionada com estragos provocados por aquele exército quando desembarcou em França, a 6 de Junho de 1944, nas praias da Normandia, e que o queixoso fosse um esteta do arame farpado, um saudosista da colaboração ou do anti-semitismo. Preparava-me para gozar a situação quando o corpo da notícia me desiludiu: a queixa do francês dizia respeito ao Iraque e aos alegados maus tratos infligidos pelo exército britânico aos iraquianos.
Manhã estragada: eu, que gosto de uma boa partida e mesmo de alguma desfaçatez quando cometida com panache, desanimei perante tanta falta de vergonha na cara, da antiga e mais rude, sem sprit ou sombra de panache, por esta boutade de capitulacionista em que parece abundar a nova França.
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