A endorreia não é uma doença venérea.
A endorreia é um abuso, não de prazeres, mas de gerúndios - se bem que o prazer, mesmo o mais momentâneo, seja, em si, uma espécie de gerúndio, uma perífrase bem sucedida (que se não veja aqui uma adesão ao ideário barroco, ou ao "rocaille minimal" tão em voga).
Voltemos ao abuso do gerúndio. Refiro-me a frases destas, transcritas do magnífico "Prontuário Ortográfico e guia da língua portuguesa" de Magnus Bergstrom e Neves Reis - "«os jornalistas vêm-se ocupando, ultimamente, de assuntos económicos» ou «os cientistas vêm meditando problemas transcendentes»". Acrescentam os autores: "Estas locuções absolutamente condenáveis - a minha edição é já antiga - ofendem a índole da nossa língua. Para as tornar correctas, basta escrevê-las: - Os jornalistas têm-se ocupado (...) de assuntos económico - Os cientistas modernos estão meditanto problemas transcendentes."
À atenção dos senhores bloguistas e público em geral.
Aproveita-se o ensejo para anunciar que na próxima semana este blog sofrerá intermitências por motivo de deslocação à capital do seu autor.
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