sábado, janeiro 24, 2004

Encontrei um livro de poemas de Pessanha que já nem sabia que tinha.

Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, por que não vos fixais?
Que passais como água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...

Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
- Por que ides sem mim, não me levais?

Sem vós o que são o meus olhos abertos?
- o espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos

Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão causal dos meus dedos incertos
- Estranha sombra em movimentos vãos

Camilo Pessanha

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