No Blog do Não
Para além das banalidades:
«Mais: o “autonomismo” tem-se reflectido também na compreensão
da vida intra-uterina: sendo desejada a gravidez, fala-se de bebé; caso
contrário, recusa-se a expressão e, no limite e nos primeiros tempos, diz-se que
não passa de um agregado de células. Como se a objectividade do estatuto,
ainda que conflitual na esfera pública, pudesse depender da pura subjectividade.
Estamos, pois, numa “sociedade de vivência(s)”[...], em que o horizonte tradicional
de procura de fundamentantes razões é abandonado, numa “idade de
incerteza”» , pg. 14
e ainda (op. cit., loc. cit):
Como assinala Francesco D’Agostino [...], não raro assiste-se a uma
“redução” de uma questão ética a psicológica, tratando o aborto em termos de
uma “dinâmica auto-referencial” e não numa “dinâmica relacional”[...]. Esta última,
verdadeiramente, capta o essencial do problema: a existência de um outro,
ou seja, do filho, cuja vida se deve respeitar. O eixo é, pois, o da relacionalidade [...]
e o da alteridade, devendo recusar-se o poder fáustico e o império da
vontade, advogados pelo “autonomismo”.
Prof. João Loureiro, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
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