Eu sabia. As rapariguinhas - as de há pouco, ainda teens, ou nos verdes vintes - tinham o ar de quem se ia vingar da vida desagradável, dos tédios do shopping, impondo aqui as coisas lá de fora, as que julgam ser-lhes destinadas. Por outro lado, a interpretação restritíssima da lei e a doce omissão, por parte dos sucessivos governos, de regulamentação sobre a matéria, levou para o sim parte da classe média, que se sentia tutelada e menorizada pela letra e, sobretudo, pela prática dos preceitos legais.
O que estava mal - e estava e não podia continuar como era - podia (e devia) ter sido modificado de outro modo. Como é hábito entre nós, o bom-senso não imperou - como não tinha imperado antes, entre os conservadores - onde me incluo - que quiseram a imobilidade impossível (e supérflua), mesmo que bem intencionada - e,por tudo isto, foi o gosto pelos lances dramáticos, sempre falhos de sensatez, os possidonismos da moda green-gauche, da esquerda-Lisnave-souvenir e a agenda oportunista de um governo medíocre o que ditou o ritmo e a amplitude da mudança.
Não digam é que esta vitória é a entrada no séc. XXI: há 100 anos, já Portugal não condenava ninguém à morte há mais de 50... - fossem quais fossem os veros motivos da abolição, esta estava feita. Em França, na Grã-Bretanha, na Alemanha a pena de morte manteve-se até há vergonhosamente pouco tempo. Nesse capítulo não temos que importar "modernidade" seja de onde for.
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