domingo, janeiro 22, 2006

Ontem comecei a ler as Memorias da Maria Filomena Mónica que acabei há pouco, já depois de ter ido votar - reservo a minha abstenção monárquica para uma possível 2ª volta. O livro, tendo embora alguns dos defeitos que lhe vi apontados (algumas transcrições dos diários são demasiado longas, por exemplo, e aqui e ali há alguma pose narrativa mais irritante), lê-se bem. Falta sense of humour, talvez, e alguns episódios pitorescos que contentassem o voyeurismo vigente - que não deixa de ter matéria para se alimentar, aliás - mas mesmo como está, lê-se bem, repito, e as reacções exageradas que suscitou parecem-me um pouco provincianas. Dado a autora se ter doutorado numa universidade com prestígio mundial, não será de excluir alguma lusitana inveja como motivadora das indignações mais exaltadas.
Tinha acabado de pousar o livro quando telefonou uma amiga minha em missão de policiamento ortodoxo lembrando-me as malfeitorias a que ficaríamos sujeitos se, com a minhas liberdades poéticas, contribuísse para eleger um mau presidente da república. Desiludida com a minha resposta ("o mal está feito") decidiu que eu fora vítima de más companhias. Ri, desmenti e considerei a opção, das más companhias e minha, muito natural, sendo a dela a desnaturada.

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