quarta-feira, junho 08, 2005

Detesto calor. Madrugada e manhã agitadas, com uma petite innondation. A casa foi tomada por uma horda de canalizadores e pedreiros. Refugiei-me numa sala e de lá faço pequenas saídas para soletrar algumas palavras de incentivo que, penso, se devem dizer nestas ocasiões: "então, está díficil?", e uns tímidos e meditativos "muito bem, muito bem". A minha empregada? Não sabem ainda se será possível evitar dois dias sem água - fria, da quente já fui desapossado. Valha o calor para alguma coisa. No ar, pela janela - voltada a Norte - que tenho semiaberta chega o aroma de pimentos assados. Será para acompanhar sardinhas? Lembro-me que a minha cozinha está quase desfeita, vou almoçar fora? A minha empregada? Detesto calor. Sexta-feira tenho empregada? Não sei se ela vem, há feriados que ela despreza, outros, quase desconhecidos, que preza, nunca sei. Insulta jocosamente os pedreiros e canalizadores, mero jogo, "ai o que vocês fizeram, que sujam tudo, então isto era preciso?" Ou não ouve a resposta ou se empenha em escutar uma explicação técnica. Acaba é por não se interessar suficientemente pelo meu bem-estar, não vem aqui dizer-me se posso almoçar em casa, não queria sair, detesto calor, sei que pretextará que não me ouviu chamar. Há gente que vive dentro de obras, anos a fio, amigos meus, creio que são dependentes da poeira e do movimento. Que tudo isto acaba por distrair, este movimento de gente e coisas.

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