segunda-feira, junho 06, 2005

Dei por encerrado, por medo de ser apodado de miserabilista. A questão do miserabilismo português é que, ao lado do que tão justamente criticado enquanto atitude da classe média, há miséria real, gente a viver miseravelmente com meia dúzia de tostões. E ao lado dessa, muita mais a viver muito mal nesta "terra museu em que se vive ainda,/ com porcos pela rua, em casas celtiberas" (Sena). Tudo isso complica muito o achar sensato e "normal" que por meia dúzia de anos se tenha pensões vitalícias que um alemão não desdenharia, acumuláveis com outras benesses desta gigantesca "Casa da India" em que se tornou parte do país e onde, à porta, espera ainda muita gente - se bem que já sem o garrido e o pitoresco de outrora no vestir e no gritar por qualquer coisinha - as migalhas europeias do bolo que lá dentro alguns repartem. São mais do que soíam, os que lá estão dentro, é verdade, mas ainda são poucos.

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