Por acasos vários tenho lido sobre o dia-a-dia na Grã-Bretanha durante a guerra. Aquela gente comemora com orgulho, em memórias e testemunhos, os tempos terríveis. Lembram a união do povo perante o perigo, as acções corajosas, os actos heróicos e, duas linhas abaixo, os pequenos egoísmos, as más vontades - para receber as crianças evacuadas de áreas expostas a bombardeamentos, por exemplo, ou para colaborar em actividades essenciais -, aquilo a que um francês chamaria a "miséria humana" e que eles relatam como vulgares peripécias com que aligeiram os seus textos. Quanto a lamentos não existem, todo o entusiasmo narrativo é posto no contar como se resolveram os problemas ou como conviveram com eles. O tom é de algum desapego, contido, mas é daí que nasce um incrível - por sólido e tocante - sentimentalismo, sem a deliquescência continental.
Gente assim é difícil de vencer.
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