Ouvi o Isaltino dizer aquilo do outro, do Mendes, e o tom, de uma genuína, antiga e, infelizmente já rara, má-criação portuguesa, de despique de merceeiros em chinelos de ourelo fez-me rir com gosto, como há muito tempo não ria.
Portugal moderno? O Portugal moderno do português de sucesso é isto, do mesmo modo que há perto de 200 anos a modernidade de então assentava mais sobre o Silva Carvalho, o homem imprescindível dado a arranjos de dinheiros, ou sobre a incompetência de Freire, ou no optimismo ingénuo de Silveira que no cosmopolitismo e educação mais vagamante europeia de parte da aristocracia liberal, preterida por D. Pedro IV nos negócios da governação.
Ainda, por razões várias, sofremos dessa fractura, entre a gente que sabe como é, ou o sabe apenas daquele modo, ou seja, que causava engulhos a um gentleman (o cunhado de Eça, o Conde de Resende, era inaproveitável para Governador civil por uma questão de mera decência) e a gente mais civilizada que olha, como se olhasse de fora, num olhar de estrangeirada tristeza, a miséria nacional, o reino ignóbil do necessário.
A questão reside, parece-me, na questão mesma do carácter do necessário, mas a questão, por espinhosa, tem sido evitada, com algum egoísmo, diga-se, pelos indígenas mais europeizados.
Portugal moderno? O Portugal moderno do português de sucesso é isto, do mesmo modo que há perto de 200 anos a modernidade de então assentava mais sobre o Silva Carvalho, o homem imprescindível dado a arranjos de dinheiros, ou sobre a incompetência de Freire, ou no optimismo ingénuo de Silveira que no cosmopolitismo e educação mais vagamante europeia de parte da aristocracia liberal, preterida por D. Pedro IV nos negócios da governação.
Ainda, por razões várias, sofremos dessa fractura, entre a gente que sabe como é, ou o sabe apenas daquele modo, ou seja, que causava engulhos a um gentleman (o cunhado de Eça, o Conde de Resende, era inaproveitável para Governador civil por uma questão de mera decência) e a gente mais civilizada que olha, como se olhasse de fora, num olhar de estrangeirada tristeza, a miséria nacional, o reino ignóbil do necessário.
A questão reside, parece-me, na questão mesma do carácter do necessário, mas a questão, por espinhosa, tem sido evitada, com algum egoísmo, diga-se, pelos indígenas mais europeizados.
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