sexta-feira, maio 06, 2005

Novenas de Maio

"[...]
A tia Delfina, velhinha tão pura,
Dormia a meu lado
E sempre rezava por minha ventura. . .
E sou desgraçado!
Águas do rio! Águas dos montes!
Cantigas d'água pelos montes,
Que sois como amas a cantar.. .
E eu ia às novenas, em tardes de Maio,
Pedir ao Senhor:
E, ouvindo êsses cantos, tremia em desmaio,
Mudava de côr!
Passam na rua os estudantes
A vadrulhar...
E a Mãe-Madrinha, do tempo da guerra
A mailos Franceses,
Quando ia ao confesso, à ermida da serra,
Levava-me, às vêzes.
Assim como êles era eu dantes!
Meus camaradas! estudantes!
Deixai o Poeta trabalhar.
Santinho como ia, santinho voltava:
Pecados? Nem um!
E a instância do padre dizia (e chorava):
"Não tenho nenhum.
[...]"
"António"
António Nobre

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