sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Marguerite Yourcenar interroga-se (em O Tempo, esse grande escultor) sobre como seria o falar do dia-a-dia de outros tempos, o que não chega à literatura, nem quando esta o procura transcrever. Tenta encontrá-lo nas actas das sessões de tortura sofridas por Campanella e outros, incluídas no processo daquele. As palavras que lemos hoje, proferidas sob a dor, levam a crer que os translatos são fiéis - talvez involuntariamente - e a partir delas podemos conjecturar o tom e as palavras do que seriam as conversas quotidianas.
Daqui a anos, os vindouros saberão como falavam entre si na intimidade os próximos do poder político de Portugal, e que palavras da rotina da ignomínia.
Ao contrário dos torturados na sua agonia, a linguagem que usam é profundamente reles e ofensiva.
Que se saiba, ao menos, que esta gente desprezível morreu pela boca. Cada hora que esse tal Prestrelo continua no cargo que ocupa, é uma afronta intolerável ao povo português.

Sem comentários: