Ouvi em dois noticiários Fernando Lopes queixar-se da ministra da cultura: que não deixa, a ministra, de ser muito estimável, mas que de cinema pouco sabe, o cinema não são só imagens, isto é tudo muito paroquial, muito paroquial. Espero que a ministra saiba resistir a esta lamúria - feita num tom de grande deste mundo a quem o abnegado amor à pátria leva a incomodar-se por questões menores - e que não escorregue com algum subsídio da paróquia a favor de tão universal paroquiano - se for esse o caso. Fernando Lopes, a quem não faltarão convites para realizar filmes lá fora, no vasto mundo, que faça o sacrifício - hoje em dia pequeno, dadas a facilidade das viagens e a comodidade das comunicações - e aceite trabalhar lá fora (itália? Suécia? Estados Unidos?). Prometo aplaudir a obra-prima, ir aplaudir o insígne criador em Cannes, Berlim, Veneza, Hollywood, onde o seu talento receberá o prémio merecido. Prometo ver e rever no cinema, comprar o DVD, ler entrevistas, comprar jornais para ler as críticas.
Dinheiro dos meus impostos é que não estou interessado em dar, que há outras obras da paróquia a fazer e enquanto Fernando Lopes tem todo o vasto mundo expectante, nós, paroquianos, não temos outro remédio senão viver aqui, com as obras da paróquia a arrastarem-se por falta de dinheiro.
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