Li esta no Abrupto: «A blogosfera é um lugar de fronteira, o Wild West, onde impera a "lei da selva" e o darwinismo social. Não é um local aprazível para os espíritos amáveis» e pasmei. Achava eu que os blogs eram o resultado uma actividade maioritariamente de adolescentes, donas de casa e alguns desocupados - ou ocupados - compulsivos palradores, como é o meu caso. E creio que assim é um pouco por esse vasto mundo fora. Em Portugal, todavia, a "blogosfera" é, parece, e segundo JPP, um assunto sério. De facto, temos de conceder: em Portugal, tudo oscila entre a pura farsa e o peso das coisas densas e pesadas (somos macambúzios, tememos o riso e temos a gravidade da gente pobre que espera a esmola)e logo essa característica propiciaria que a blogosfera portuguesa fosse um local pouco amável. E mais agrava tal clima de "cousa grave" a presença na blogosfera lusitana de tanta gente do mundo da política, do jornalismo, da cultura, até VPV meu maître à penser! Creio que isto será inédito e não sei a que atribuí-lo senão ao hábito português de cada um ter como profissão uma actividade de que não gosta e que opinar e criticar é a verdadeira vocação nacional - mas pouco exercida nos locais de trabalho: isso faz dos blogs sítios incríveis onde se "desabafa" e se "diz tudo" ("eu disse-lhe tudo" como os aspirantes a adúlteros de outrora)
E que se desabafem de modo caótico coisas sérias, é coisa que não pode agradar a JPP, ser disciplinado que não quer tanto desabafo e estado de alma a estorvar as linhas com que, do alto do abrupto delineia o futuro de Portugal e nos alerta para os perigos presentes. Compreende-se.
Mas, afinal, é esse palrar das gentes comuns grave além de maçador para as grandes almas? Excepto duas ou três pessoas que podem dizer o que pensam veramente em qualquer jornal e as vertem também nos seus blogs, o que se grita nos outros não passa, creio, o tom das controvérsias dos clubes literários das aldeias inglesas...
Tinha acabado de escrever isto e vi a troca de amabilidades entre o Abrupto e o Queijo Limiano, acusado de boateiro. Uhm. estou inclinado a dar razão ao último.
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