"Se o menino fosse ajuizadinho..." imagino que, se o fosse, as bençãos do céu desceriam sobre mim, a coroar de prazeres inefáveis os usufruidos aqui na terra e de que o gozo de pessoal doméstico adequado não era o menor. Mas nunca fui ajuizadinho nem conheço realmente bem alguém que o seja na minha roda de amigos. Os mais próximos de merecerem o epíteto desenvolveram com a idade comportamentos estranhos, tiques, birras e monomanias quase assustadoras que exibem sem rebuço: peregrinações a pé anuais a lugares santos, leitura compulsiva de má literatura, boas intenções, francesismo, eis algumas delas. E, por isso, nunca cheguei bem a saber, senão por difuso contraste, o que era o menino atilado que a antiga empregada lastimava eu não fosse. Há pouco, porém, vi um: é o nosso primeiro-ministro. Atilado, bem-comportado. Fiquei convicto. Mas surge a dúvida: de que serve ser atilado, aos quarenta anos, idade em que as empregadas velhas desapareceram ou, a existirem, sejamos francos e crus, delas já não necessitamos para obtermos o bolo de canela a caminho da praia? Agora que já não são necessárias para nos assegurarem um lugar razoável na pole position das corridas de triciclos nas matinées infantis do Casino?
Para quê, então, aquela exibição tão veemente de virtude? Por meia dúzia de votos? Pfff....
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