Portugal será, em 2020, o país mais pobre da UE, isto dito por por uma daquelas comissões que trabalham com afincos nórdicos e certeiros.
Não me admiro. Caminhamos com afinco para a pobreza, de que, aliás, nunca chegámos a sair (legislações irreais, provincianismo optimista, etc não se traduzem em aumento do PIB). O que verdadeiramente perdemos - tirando os ganhos gerais do avanço do mundo que aqui também de reflectem - foi a noção de que somos pobres: foi a perda dessa lúcida verdade que nos (lhes) fez pensar vir aí a riqueza, nada mais. Em nome desse esquecimento tragicómico enfarpelou-se o país de "homem novo" "de sucesso" e outras possidonices de igual falta de gosto.
Isto tudo, encerra um pedido: sabido que fingir não adianta, voltemos aos hábitos antigos, ao nosso antiquíssimo, genuíno e agradável vagar, à nossa paz, ao nosso tédio de ver o mar de que voltámos. Olhem, quando tiverem de ir ao Porto, ou de lá vierem a Lisboa, evitem a auto-estrada, levem os filhos - eles que faltem à escola - e parem em Alcobaça e na Batalha. Mostrem-lhes os mosteiros, comprem uma lembrança e continuem sem pressas.
Ah! E se a ida ao estrangeiro, digamos, à tão familiar NY, se tornar inevitável, levem farnel e pandeiretas, arranchem à entrada do MOMA ou do MET e verão como se divertem baratinho.
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