Lembro-me, muito vagamente já, da morte de Paulo VI, um Papa que admirava e via sozinho, perto da morte, frágil, numa dolorosa incerteza sobre o destino da Igreja e do mundo. A sua morte, esperada, foi, no entanto, pelo menos para mim, jovem desatento, uma surpresa. E surpresa e choque para todos foi a morte do seu sucessor, João Paulo I.
Admirador de Paulo VI, no que nele me parecia o sofrimento na dúvida e da solidão, no desgosto, no desgosto mesmo pela sorte de amigos próximos como Aldo Moro, admirador de tal Papa, senti como quase "grosseiras" as certezas e convicções de João Paulo II. Mas hoje, ao lamentar a sua falta de saúde, não o faço por meramente me ter habituado ao novo "estilo", por força do hábito adquirido pela longa duração do pontificado, mas pela radicalidade austera das certezas que nos veio lembrar, a nós católicos - e ao mundo - devemos ter e que nos ensinou como a filhos e que esperou de nós como irmãos e iguais, sempre iguais: o acidental da condição humana (a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença...) em nada nos exime, não é o que nos define: mesmo no extremo limite da sua persistência não somos nunca apenas isso, a nossa responsabilidadade perante Deus e os outros homens mantêm-se intacta - sempre.
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