Gloomy.
Recebi hoje, pelo correio, a Ilíada e, péssimo hábito, já a folheei. Logo à noite lerei o prefácio, se não sair.
Dei uma volta pelos blogs: estupendos - tanto quanto ingénuos - os "posts" do Joaquinzinhos sobre a burocracia. Eu radicaria a burocracia portuguesa em duas linhas de tradições, ambas nobres: a que se filia na aversão pelo novo e por qualquer forma de desassossego e de perturbação da amenidade quotidiana e a outra, relativa à liturgia do estado português, estado de cerimónia e cerimonioso, conselheiral, bem instalado, e, se não já rico e imperial, demoradamente saudoso dos tempos aúreos em que, à sobremesa, ou mais tarde, pela fresca, despachava pretensões da Índia ou aspirações do Grão-Pará, redigidas por suplicantes (era a fórmula, elegante, filial) acompanhadas por empenhos trasmitidos em visitas que se faziam, retribuiam e comentavam, e constituiam, por si só, uma actividade, uma distracção salutar. A que vem agora essa gente, com pressa e sem modos, que exige, que reclama? Que espere! Também compreendo.
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